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O que é a Indústria 4.0 e seu significado para a ZFM

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Fábricas inteligentes, internet das coisas, sistemas ciberfísicos controlando as estruturas existentes, mapeamento instantâneo das Biopropriedades da floresta. A floresta em pé é o ambiente ideal do megalaboratório propiciado pela ambiência da Amazônia 4.0. E as empresas do Polo Industrial de Manaus já embarcaram nessa vibe. Mais do que nunca a academia vai se abraçar na economia no universo florestal amazônico. Os primeiros cursos de mestrado e doutorado são da UFAM e  UEA na Amazônia. A medida, inédita no país, faz parte da Agenda Brasileira para a Indústria 4.0, coordenada pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Assim, reuniram-se em parceria, as universidades Federal e Estadual do Amazonas e a Universidade do Porto. O propósito é claro e simples: qualificar mão de obra para desenvolver e consolidar a 4ª Revolução Industrial na Região Amazônica Ocidental. Este é o primeiro programa de mestrado e doutorado do Brasil que abordará o tema "Indústria 4.0" como linha de pesquisa. O empresário e professor da Ufam, Augusto Rocha, integra esse movimento e diz, em artigo publicado em SP, no Diário do Comércio e Indústria – DCI, porque Manaus sai na frente dessa iniciativa. Amazônia 4.0 resulta da criação de um ambiente de inovação que vai assentar no banco de germoplasma amazônico os pilares de uma nova economia. Resta-nos desenvolver uma cadeia de valor dos ativos biológicos e biomiméticos atrelada preferencialmente ao PIM, surfando em novos negócios através dos acervos, coleções e investigações – com olho no mercado – das instituições regionais de pesquisa e inovação. Com essa mimese, que copia e recria a evolução biológica e nanobiológica de que falavam os evolucionistas ingleses no Século XIX, as soluções de que o mundo precisa vão empurrar a pesquisa para os dermocosméticos, o alimento funcional e a fitoterapia integral, sem os sucedâneos maléficos da medicina atual. Trata-se de um modelo intensivo de recursos naturais, que privilegia a sustentabilidade e sofisticada cadeia de valor. O climatologista Carlos Nobre ilustra o debate com a cadeia produtiva do açaí, que se restringia ao circuito amazônico até os anos 90. Hoje é uma febre global que gera para a economia da Amazônia uma receita de R$1,5 bilhão. A postos!!!

Manaus: rota para a Indústria 4.0

Augusto César Barreto Rocha

Escribas transcreviam livros e quando encontraram as prensas do Gutenberg talvez tenham ficado incrédulos e seguido a sua vida, mas aquela tecnologia acabou com o ofício deles. Com a Indústria 4.0, parte das fábricas nacionais podem estar na mesma situação. Este é um grande problema, porque a indústria de transformação contribui com R$ 1,2 trilhão para a economia brasileira, empregando 6,8 milhões de trabalhadores e o valor adicionado industrial é 54% maior do que na agricultura e 70% maior do que nos serviços, segundo a CNI. No Estado do Amazonas, o número é ainda maior, dada a concentração e produtos da Zona Franca de Manaus, segundo estudos recentes da FGV.

Bons presságios

Agora há fortes (e bons!) presságios de uma abordagem liberal na gestão pública. Isso está na mente dos gestores, mas ainda não faz parte da execução do Estado, como se vê na implantação do Bloco K (SPED), com um controle intrometido sobre os empreendedores, possibilitando dissecar para onde vai cada insumo em um produto e qual o lucro em cada venda. Ótimo para estatizar companhias por lucros excessivos, ação tipicamente autoritária.

Encruzilhada da Indústria

Há ainda outros métodos de controle que limitam a liberdade, como os Processos Produtivos Básico (PPBs), que regulam setores em detalhes minuciosos. Desenvolver a Indústria 4.0 neste contexto é o desafio do momento, pois sem ela não haverá indústria nenhuma. Na Europa, há uma preocupação crescente sobre como proteger a indústria. Em estudo de Hendrik S. Birkel e outros pesquisadores da região, publicado em janeiro, foi concebida estrutura para conter alguns riscos associados a Indústria 4.0 (Development of a Risk Framework for Industry 4.0 in theContext of Sustainability for Established Manufacturers).

Manaus é o point

Precisamos tomar medidas para assegurar a preservação da indústria nacional, esmagada ao longo dos últimos anos. Não será bom repetir os erros da Era Collor, para que o país não volte a ser unicamente agrícola, pois o PIB industrial de 11,8% se assemelha aos níveis de 1950. A base para a Indústria 4.0 Nacional está em Manaus. São apenas 3.302 indústrias, ou 0,64% do parque nacional, segundo o MCTI. Toda a produção é fortemente regulada e pode se beneficiar da liberação das amarras de PPBs e outras travas. Mesmo com a maturidade a ser investigada, cerca de 63% da produção da região é do setor eletroeletrônico, informática e duas rodas (TVs, celulares, motocicletas etc., segundo a Suframa).

Nova rota da prosperidade

Assim, precisaremos encontrar um método para mitigar os riscos e potencializar as oportunidades. Como assegurar a continuação desta indústria? Não dá para ter PPB, Bloco K e Liberalismo simultaneamente. É necessário criar uma rota de prosperidade para as manufaturas já estabelecidas. Onde há indústria, devem existir cuidados, com liberalidade, irmã da competitividade. Entretanto, não podemos nos tornar escribas sem papel.

*Augusto é doutor em Engenharia de Transportes, Prof. da Universidade Federal do Amazonas. Diretor Adjunto da FIEAM e Coordenador da Comissão de Logística da FIEAM/CIEAM.

*Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected]

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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