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“O Pix é voltado para todos”, diz professor Diego Monteiro

“O Pix é voltado para todos” diz professor Diego Monteiro

O Pix foi criado pelo Banco Central, e lançado em 5 de outubro passado, para ser um meio de pagamento bastante amplo. Qualquer pagamento ou transferência feita por TED, cartão ou boleto bancário pode ser feita com o Pix, simplesmente no smartphone. É gratuito para a pessoa física pagadora e pode ser usado a qualquer hora do dia, inclusive finais de semana e feriados. O pagamento pode ser realizado a partir de uma conta corrente, conta poupança ou conta de pagamento pré-paga. As transferências ocorrem diretamente da conta do usuário pagador para a conta do usuário recebedor, sem a necessidade de intermediários. O Jornal do Commercio entrevistou Diego Monteiro, professor do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Tereza e gerente financeiro da Fametro, que ainda deu mais informações sobre esse novo sistema de transação comercial. 

Jornal do Commercio: Quais facilidades o Pix trouxe para o brasileiro, e para qual brasileiro? 

Diego Monteiro: O novo sistema oferece muitas facilidades, pois é notável a agilidade nas transações financeiras, que precisam de apenas segundos até que o dinheiro caia na conta de quem recebe. Isso deverá evitar a angústia de não saber quando o dinheiro cai na conta. Outra facilidade é a segurança para quem escolher o Pix como forma de pagamento. As transações terão as mesmas medidas que o DOC ou o TED e o fato de serem mais rápidas, ágeis e disponíveis 24 horas não trazem nenhum tipo de fragilidade na transação. O Pix é voltado para todos, porém aquele brasileiro que já tem familiaridade com compras, pagamento de contas, e outros tipos de serviços realizados na Internet está gostando muito, mas devemos tomar muito cuidado, pois em qualquer tipo de transação existem pessoas que querem aplicar golpes. Ficar atento é uma questão de sobrevivência na era digital.

JC: Então o Pix representa o fim do boleto bancário, com isso haverá uma queda imensa no consumo de papel, o que é bom para a natureza, mas não para os fabricantes de papel.

DM: O meio digital já vem sendo, sem dúvida, o maior meio para pagamentos e transações financeiras. De fato, nos últimos anos, o boleto físico, impresso, vem deixando de existir. Com as plataformas que possibilitam pegar os códigos de barra de forma digital, não temos necessidade da impressão dos boletos, porém para os mais conservadores, guardar aquele comprovante na pasta, dentro da gaveta, em casa, vai ser uma quebra de paradigmas, pois com o novo sistema Pix, as adaptações devem ser feitas por todas as esferas. Pelo lado do empresário devem ser vistas as facilidades que os clientes têm para pagamento, a mesma questão que os fabricantes de filmes para máquina fotográfica passaram quando as máquinas fotográficas digitais chegaram. É necessário se reinventar.

JC: Os bancos ganham, ou perdem, com o Pix? 

DM: Os bancos tradicionais atualmente têm uma boa receita com as tarifas cobradas por DOC e TED. Em um primeiro momento, tudo isso vai resultar em perda de receita para os bancos. Segundo a agência americana de classificação de risco Moody’s, as instituições financeiras devem sofrer queda de 8% no faturamento vindo de tarifas. Por outro lado, as transações devem aumentar de forma contínua e equilibrar os cofres dos bancos.

JC: De que forma o Pix está impulsionando, e deve impulsionar ainda mais, as compras online? 

DM: Toda e qualquer novidade deve ser divulgada e, retirados os benefícios, para ser bem aceita pelos clientes. Esse deve ser o principal argumento. Pelo fato de o sistema ter menos custo para o recebimento dos pagamentos, a tendência é que empresas do varejo online repassem essa diminuição para os seus clientes, de forma a aumentar as vendas pela Internet. Esse aumento será natural. O novo sistema, além de ser mais seguro, traz outra vantagem, segundo o Instituto para Desenvolvimento do Varejo: é a diminuição de fraudes, já que a plataforma identifica o pagamento instantaneamente, evitando o envio de produtos antes do recebimento, como é no e-commerce para pagamentos com cartão de crédito. Isso vai atrair aqueles clientes que não sentiam segurança em fazer compras pela Internet.

JC: Como ficam os cartões de crédito? Perderão vez? 

DM: De forma geral o Pix não tem a mesma funcionalidade do cartão de crédito uma vez que o cartão é utilizado por grande parte dos brasileiros para alongar um pagamento ou uma dívida. No caso do Pix ele deve, com o tempo e aceitação da população, sim, diminuir o uso do cartão de débito, uma vez que suas funções são similares, e o cartão de crédito ainda deve reinar nos bolsos dos brasileiros por um bom tempo.

JC: O Pix veio acabar com as filas nos bancos e lotéricas?

DM: Acreditando que as formas digitais sempre ajudam na diminuição de filas em qualquer ambiente, o Pix veio para aumentar as ferramentas de transações financeiras via Internet, porém acredito ser muito difícil às filas acabarem nos bancos e loterias, uma vez que o brasileiro mais conservador tem a cultura de fazer seus jogos de sorte nas loterias e pagar aquelas contas de energia e água no fim do mês nos bancos. Dificilmente isso vai acabar nos próximos anos.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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