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O petróleo, a gasolina e nós

De início, afirmo que não entendo nada, nem patavina, nem bulhufas e nem xongas de política de petróleo e nada derivado ou relativo a isso. Mas, sei que a gasolina não está barata. Aliás, nos anos 60 e início dos anos 70, antes da crise mundial de petróleo, o combustível era bem mais em conta, se comparado com o salário-mínimo daquela época. Na verdade era vendida em centavos. Mas, também, naquele tempo, o preço dos automóveis era absurdamente caro e era muito mais difícil adquirir um veículo, se comparado às condições que temos atualmente, apesar dos juros absurdos. Porém, era outra época e as condicionantes eram outras, assim como a conjuntura era bem diferente. Aliás, a nossa História registra, desde sempre, momentos políticos distintos e cada qual, à sua maneira, nos trouxe benefícios e lágrimas. Na época de Getúlio Vargas, criou-se o slogan “O petróleo é nosso”, frase, na verdade, de autoria do professor Otacílio Raínho. E tudo isso se deveu à descoberta do precioso ouro negro na Bahia. Porém, o primeiro poço de petróleo foi perfurado em 1897, no município de Bofete (SP), pelo fazendeiro Eugênio Ferreira de Camargo. E, apesar de inúmeras brigas de políticos, finalmente a nossa PETROBRAS foi criada em 1953. No entanto, a criação da mesma ocorreu 89 anos após a primeira concessão para exploração de petróleo no Brasil. Lembrando que encontrar petróleo em boa quantidade é diferente de explorar um poço ou oferecer concessão. Enfim, depois de várias escaramuças envolvendo nomes notáveis, como Monteiro Lobato, Gen Juarez Távora, Getúlio Vargas e outros medalhões, finalmente o povo brasileiro teria o orgulho de possuir uma empresa genuinamente nacional para explorar petróleo. Sim, temos orgulho sim e isso se elevou muito mais ainda com as descobertas do pré-sal, neste século XXI. Ok! Então, hoje, dominamos a tecnologia de exploração em águas profundas, comercializamos o produto no mundo todo e fazemos parte do “clube de possuidores de reservas grandes de petróleo”. Então, tá ! Mas, tudo isso não entra na cabeça da população de modo a explicar, e convencer, o preço dos combustíveis pagos nas bombas. Sei que é difícil explicar. Quer dizer, é difícil querer tentar explicar. Tanto é que eu mesmo já conversei com muitos figurões dos nossos governos e da nossa PETROBRAS e ninguém, mas ninguém mesmo, me convenceu, apesar de eu já saber das influências do mercado internacional e do nosso nome mundo afora. Que lindo! Mas, afinal de quem é a culpa? Será que foi tanta corrupção nos últimos quase 70 anos, que levou, quase, à falência a nossa Empresa? Seria tragicômico falir uma empresa de petróleo, custeada e criada pelos nossos impostos. Ou a culpa é da carga tributária federal e estadual? Sei que nenhum Poder Executivo quer abrir mão de receitas, mesmo que sejam imorais, apesar de serem legais. Ah, então a culpa é dos donos de postos de combustíveis, que, apesar da concorrência, todos mantém os preços na bomba quase igual. Esses farão qualquer coisa, exceto reduzir os preços, eternamente. E a ideia de lucro, onde fica? E os custos deles? Isso eu conheço e não é fácil. Na verdade, tem que ter coragem para negociar combustíveis no Brasil. Então, de quem é a culpa? Eu não sei mesmo. E não vou me esconder na explicação de que a culpa é do “mercado” e, também, jamais iria adotar uma frase estúpida que ouvi um dia desses: “calma, só aumentou o combustível e nada mais.” Enfim, já que nós, simples mortais, não identificamos o verdadeiro culpado, vamos criticar todos os envolvidos. Isso não vai resolver absolutamente nada, mas alivia a nossa raiva e a vida segue !

Carlos Alberto da Silva

Coronel do Exército, na Reserva, professor universitário, graduado em Administração e mestre em Ciências Militares
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