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O país que não aprende

Se depender dos esforços oficiais parece que vamos, cada vez mais, nos encaminhar para o fim do ensino com alguma qualidade no banco das escolas oficiais.
Existe um paradoxo: enquanto as escolas públicas de primeiro e segundo graus são extremamente fracas, as escolas superiores oficiais são as mais procuradas. Basta verificarmos os resultados dos vestibulares e a composição daqueles que chegam lá e são aprovados.

O pior de tudo é querer reparar o mal com outro mal e criar as tais “quotas”, como se isso fosse resolver o pro blema maior que é a falta de aprendizado em cada uma das fases do ensino; como se na faculdade os “buracos” de ensino fossem resolvido instantaneamente após a admissão na faculdade.

Até quando vamos dar “quotas” e “bolsa família” para resolvermos problemas básicos de educação, que seria resolvido se houvesse uma política séria de ensino. Onde estão os cursos profissionalizantes e o foco na qualificação das pessoas para poderem enfrentar o mercado de trabalho e se sustentar sem favores do Estado?

É tarefa do Estado ofere cer as mesmas oportunida des para todos aqueles que querem aprender, traba lhar e viver com dignidade. É o mínimo que se espera. Quantos outros assuntos tão menos importantes tomam o tempo e energia dos políticos e governantes, sem falar dos investimentos e a qualidade dos mesmos, que ficam comprometidos com o custo da máquina e politicagem dentro dos governos.
Parece até que se pretende perpetuar este estado de coisa e definitivamente continuarmos na “rabeira” do mundo, assistindo o sucesso dos outros, como meninos assistindo o desfile dos “bons”. Será que é isto que nosso povo merece? Será que é assim que nossos políticos querem continuar a serem vistos pelo mundo?

Ao olharmos a remune ração dos professores das escolas públicas e mesmo em tantas particulares que se guem o exemplo do Estado já poderemos saber como será a sociedade de amanhã e como serão os profissionais do futuro. Como exigir que professor mal remunerado continue estudando e se atualizando com as novas práticas do ensino? Como reter em sala de aula alunos que vão ouvir uma aula de um professor desatualizado? Não nos surpreende o fato de termos desempregados de um lado e empresas buscando profissionais de outro. Os desempregados não se encaixam nos empregos ofe recidos e o pior: vão conti nuar procurando emprego sem encontrar, pois não estão qualificados. Falta ensino de base, os alunos saem das escolas de primeiro e segundo graus mal sabendo ler e escrever. Se o futuro se faz com educação do povo então o nosso futuro esta definitivamente ameaçado.
Não vejo inventivo ao educador, pelo contrário vejo o descaso com este profissional que é quem pode realmente produzir a tão sonhada transformação de nossa sociedade, tornando-a mais justa. A máquina oficial de ensino é altamente burocrática, custa caro e é ineficiente, além de não possuir uma política definida de longo prazo.

Não elegemos nada para nos especializarmos. Entra governo, saí governo e o discurso é o mesmo, porém, na prática nada se faz. É um desmando só. Uma total falta de continuidade, um despreparo total das autoridades envolvidas. Vejo que sobra boa intenção e falta pragmatismo e política de longo prazo com garantia de continuidade.

Sobram políticos e faltam educadores de verdade, gente comprometida com o desenvolvimento efetivo do país através das pessoas. Continuamos a nos portar como um país subdesenvolvido onde a educação do povo não é levada a sério pelas autoridades.

As poucas exceções que ainda temos estão restritas ao esforço individual de alguns “abnegados” professores que tratam sua profissão como sacerdócio e fazem a diferença além de carregarem em seus ombros a difícil tarefa de ensinar e formar pessoas, transformando filtro em esponja. Quando o gigante vai acordar para o potencial que tem em sua gente?

Antonio Carlos Lopes é contador e sócio-diretor das empresas Asscont Assessoria Contábil e Auditoria.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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