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O mérito é de todos

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A cultura grega foi a que alcançou o maior desenvolvimento intelectual na antiguidade, tanto que seus reflexos chegaram até os dias atuais. A religião grega possuía uma curiosa particularidade: não havia sacerdote e as pessoas não se preocupavam com a salvação da alma. O politeísmo era uma fonte de amplificação da compreensão das coisas do mundo. Por isso os gregos eram tão avançados. Cada deus carregava em si uma lição moral ou interpretação dos fenômenos da natureza e da vida. Tal paganismo suscita a ideia de que o mundo divino era povoado por uma equipe de deuses – cada um com sua função e simbolismo. A expansão da grande religião monoteísta consolidou a figura da entidade detentora da única verdade. E como as divindades são reflexos dos anseios humanos, essa unicidade cognitiva teve como consequência o fechamento dos centros nervosos e criativos, levando a humanidade aos porões do obscurantismo. O efeito imediato desse pensamento restritivo foi materializado na figura do herói salvador – um arquétipo que se incrustou no inconsciente coletivo, resultando na supervalorização do líder e na neutralização do trabalho dos liderados.

Os registros históricos estão repletos de exemplos da força transformadora dos grandes líderes; homens visionários que protagonizaram revoluções grandiosas, sendo que, lamentavelmente, os historiadores costumam ignorar aqueles que operacionalizaram tais ideias revolucionárias. É bom lembrar que o líder e seus liderados são indissociáveis quando atuam em conjunto, assim como oxigênio e hidrogênio formam a molécula da água. Se os dois forem separados, o propósito deixa de existir. É preciso engajamento.

A figura do líder carrega uma aura que atrai para si os holofotes, deixando os demais na sombra. Por esse motivo é que todos querem ser chefes, visto ser esse o único meio de uma pessoa ter as suas qualidades reconhecidas. Essa mentalidade estreita pode comprometer drasticamente o desempenho de uma equipe, já que, em vez de se concentrarem no objetivo comum, as pessoas se empenham na missão de ocupar o cargo principal. O chefe, por sua vez, concentra suas forças na construção de trincheiras para defender seu potentado. Essas e outras atitudes rocambolescas acabam por consumir a valiosa energia que deveria ser aplicada na boa condução das responsabilidades que a equipe abraçou.

Cada membro da equipe é uma fonte inesgotável de possibilidades, sendo que o alinhamento de forças pode levar a um impressionante ganho de produtividade. Daí, que o líder deve então catalisar as habilidades dos seus liderados numa espécie de alquimia sinérgica a fim de potencializar o desempenho do grupo. Quando a ideia do compartilhamento dos méritos for difundida e as pessoas acreditarem que terão seu lugar no pódio, elas concentrarão suas mais potentes energias nas incumbências do seu cargo, assim como fizeram os gigantes guerreiros do lendário Leônidas na Batalha das Termópilas. No caso específico desse fato histórico, o grupo se destacou mais do que seu comandante. Tanto, que o filme que os homenageou chama-se 300. Esse é um edificante exemplo de propósito moral. Na contramão desse modelo de liderança compartilhada, diversos outros feitos históricos são marcados apenas pela figura do protagonista.

A geração atual de trabalhadores perdeu o senso de idolatria a figuras revestidas de autoridade divina. Talvez porque os jovens de hoje são mais pragmáticos e voltados para seus próprios interesses. Aquele personagem bobalhão está cada vez mais escasso, dando assim espaço para outras pessoas que trabalham empregadas, mas com o foco lá na frente (projetos pessoais). Por essas e outras é que os líderes antenados com os ventos das mudanças procuram desenvolver meios de compartilhar os méritos com suas equipes de trabalho. É preciso honestidade e diálogo franco para catalisar o potencial criativo dos seus liderados. Caso contrário, as pessoas se juntam em torno de propósitos contrários à da organização patronal, formando um enclave que logo se desprende da sua matriz. Curta e siga @doutorimposto

*Reginaldo de Oliveira é consultor empresarial, palestrante, professor do ensino superior e especialista em capacitação profissional nas áreas de ICMS Básico e ICMS Substituição Tributária.

Reginaldo Oliveira

é consultor empresarial, palestrante, professor do ensino superior e especialista em capacitação profissional nas áreas de ICMS Básico e ICMS Substituição Tributária
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