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‘O CBA parece uma ferrari presa na garagem’ diz Algacir Polsin

O superintendente da Suframa, Algacir Polsin, faz um balanço positivo ao completar um ano à frente da autarquia, promovendo maior sinergia com todos os atores envolvidos para alavancar as atividades da ZFM e ainda em toda a área de abrangência do projeto de desenvolvimento econômico mais bem-sucedido do País.

Ele ressalta que conhece a fundo as necessidades de uma região continental. E agora busca implementar medidas para desmistificar a visão do mundo e também dos próprios brasileiros sobre os impactos da exploração dos recursos naturais da rica biodiversidade regional.

“Desenvolvemos estratégias para implementação de projetos que preservem o meio ambiente e permitam espraiar a riqueza não só para Manaus, como também às populações que vivem nos municípios do interior”, ressalta Polsin.

Ele destaca, ainda, a reorganização do CBA (Centro de Bioecologia da Amazônia)  para servir como elo de interação com as cadeias produtivas, principalmente na área de bioeconomia, possibilitando um novo viés econômico.

O superintendente vislumbra dias melhores para a bioindústria regional. “A Amazônia não terá concorrência. As matérias-primas da Amazônia só existem aqui, não têm similar no mundo”, afirma.

Segundo Algacir Polsin, falta ainda a definição de personalidade jurídica do CBA, uma questão que se arrasta há longos anos,  para criar as condições necessárias e potenciais, dinamizando a bioeconomia.

Atualmente, o CBA reúne 27 cientistas, agregando a produção de alguns itens derivados de insumos florestais. Recursos das empresas da Zona Franca destinados para PD&I poderão dar mais fôlego a uma atividade com grandes potencialidades, aposta Polsin.

Em 12 meses de gestão do superintendente, o CAS (Conselho de Administração da Suframa) realizou seis reuniões, aprovando 146 projetos, sendo 47 de implantação, representando 47 empresas novas que chegam à ZFM, isso em meio à pandemia.

Os novos investimentos são da ordem de R$ 8,3 bilhões para os próximos três anos, com expectativa de faturamento adicional de R$ 10 bilhões e uma geração de mais de 8 mil empregos em três anos na região.

O superintendente falou com exclusividade ao Jornal do Commercio.

Jornal do Commercio – O sr. esperava fazer tantas realizações em apenas um ano de gestão à frente da Suframa?

Algacir Polsin – Quando assumi a Suframa, coloquei uma série de intenções logo na posse. Praticamente, a maioria delas se tornou realidade.

A gente trabalha com um grupo coeso, dedicado, facilita muito o trabalho. Os trabalhadores de carreira e os comissionados têm feito um trabalho fantástico, permitindo fazermos as entregas que são necessárias à população, pra nossa região.

JC – Como estão as obras de recuperação das vias no Distrito Industrial, uma demanda tão  cobrada, principalmente em relação ao paisagismo, embelezamento….?

Algacir Polsin – Essa novela sobre a pavimentação retomamos as obras com a gestão anterior da prefeitura. As empresas trabalharam intensamente, mas não conseguiram terminar no final do ano.

Na virada do ano, tivemos um novo governo, mas houve uma paralisação com o pico da pandemia o período das chuvas, uma parada de quatro meses.

Agora, as obras foram retomadas. Estamos com a expectativa de finalizar toda a pavimentação em quatro meses e também a parte de sinalização horizontal.

Depois disso,  teremos condições de dar continuidade ao paisagismo que começou no ano passado, dando outras melhorias para que possamos realmente entregar um Distrito Industrial totalmente revitalizado para a população de Manaus e às empresas, da forma como elas merecem.

JC – O sr. falou do alcance de metas para a Suframa aglutinar mais sinergia, funcionando com agência fomentadora do desenvolvimento econômico. Acredita que no período de 12 meses foi possível chegar a esses objetivos?

Algacir Polsin – Temos trabalhado constantemente nisso.  Se não fosse a pandemia, teríamos avançado mais ainda, com melhores condições.

Temos feito inúmeras reuniões presenciais e por videoconferências. As reuniões virtuais são muito positivas, é uma forma de compensarmos o problema da pandemia, mas não é a mesma coisa.

O cafezinho é onde a gente resolve alguns problemas. Temos feito essas integrações com diversos atores, com todos os entes federais do Estado do Amazonas, com universidades, centros universitários, Sebrae…

Tem sido constante essa meta. É fundamental para a criação de sinergia.

JC – Já conseguimos dar um novo patamar ao CBA para proporcionar mais oportunidades às cadeias produtivas, com a diversificação das atividades e o aproveitamento das potencialidades regionais?

Algacir Polsin – O CBA parece uma Ferrari, bonita, brilhosa, com o motor roncando, mas não se consegue abrir o portão para tirar da garagem.

Ainda estamos nessa condição, mas o CBA não está parado. Está com todas suas instalações em manutenção, também funcionando todos os seus laboratórios.

Temos 27 cientistas trabalhando lá, vários produtos acontecendo, mas ainda está muito aquém da capacidade do CBA.

Estamos ainda aguardando a definição da personalidade jurídica. Quando ele realmente vai ter CNPJ e poder ser esse elo de ligação efetivo, vai poder receber recursos para pesquisas, desenvolvimento e inovação. Vai potencializar ainda mais a sua capacidade.

JC – A definição de uma personalidade jurídica para o CBA vem se arrastando há anos. O que está emperrando, qual o status hoje para regularizar essa configuração?

Algacir Polsin – Estamos indo na direção na fundação pública de direito privado. Tem uma série de benefícios, uma forma híbrida pública e privada.

Então, observamos junto ao Ministério da Economia que haveria uma demanda de recursos públicos que não estão disponíveis nesse momento.

Estamos saindo dessa situação e enveredando pra outro tipo de organização. Há vários atores envolvidos na busca da melhor solução.

Posso afirmar que a busca pela melhor solução é constante. E vamos atingir esse objetivo de uma forma ou de outra. Temos que confiar, continuar fortalecendo a bioeconomia que é um vetor econômico extremamente importante pra nossa região, com o qual não temos com quem competir.

Os produtores naturais da Amazônia só tem  aqui. Temos que conseguir tirar riqueza disso. E a forma é jogando esses produtos para a bioindústria.

E o CBA será num futuro breve a grande ferramenta pra potencializar a bioeconomia.

JC –A Amacro é uma coisa recente….?

Algacir Polsin – Boa lembrança. A Amacro não é uma coisa recente. É uma iniciativa dos três Estados que deram origem ao acrômio – Amazonas, Acre e Rondônia.

Lá, na sua origem, tinha uma vertente do agronegócio. Nos  apresentaram a proposta, nos convidaram pra participar. Passamos a coordenar essas ações, trouxemos a Sudam e o Banco da Amazônia pra participar dessa coordenação.

E mudamos o enfoque da Amacro. Entendemos como uma região que tem 32 municípios, onde vimos o avanço sobre a floresta. Queremos fazer um cordão de proteção das florestas.

JC – Como está a regularização fundiária das terras da Suframa….?

Algacir Polsin – A Suframa tem um terreno de 600 mil hectares, são pelo menos 600 quilômetros em vicinais. Temos alguns empreendimentos produtivos, pretendemos aumentar  o leque de produção.

Procuramos sempre vincular os novos empreendimentos à bioeconomia. Mas temos problemas de ocupação – pessoas que ocuparam a área de forma legal e outras não.

Algumas já têm direito de regularizar a situação pela data de ocupação, até 2008. E outras que ocuparam irregularmente e não têm  amparo legal.

Estamos regularizando as que já têm direito. Vamos iniciar a desapropriação para os casos  irregulares. É uma forma de desincentivar ocupações ilegais.

JC – O sr. falou de muitas realizações em um ano à frente da Suframa.  Qual destacaria como a principal, a que dá mais orgulho?

Algacir Polsin – É difícil particularizar. A Suframa tem a vertente fiscal, a vertente de projetos industriais e agropecuários, o desenvolvimento regional, pesquisa e desenvolvimento, inovação.

Vemos com muito bons olhos a vertente do desenvolvimento regional porque estamos buscando espraiar a riqueza. Essa vejo com foco muito importante.

Vejo com um viés muito positivo essa parte dos projetos. No período da minha  gestão, tivemos seis reuniões ordinárias do CAS. Foram aprovados 146 projetos sendo 47 de implantação, são 47 empresas novas chegando ao Amazonas. Isso em meio à pandemia.

Tivemos investimentos totais de R$ 8,3 bilhões para os próximos três anos com expectativa de faturamento adicional de R$ 10 bilhões, geração de mais de 8 mil empregos em três anos.

Outra coisa importante é que a Suframa não parou durante a pandemia. Trabalhamos em forma de  rodízio. Não paramos em nenhuma área de nossa atuação.

JC – A retirada do projeto da LG da pauta do CAS suscitou muita discussão. Mas a proposta acabou retornando posteriormente em melhores condições. Pode nos detalhar essa polêmica?

Algacir Polsin – Há uma preocupação do governo, da Suframa, pra geração de empregos, principalmente agora com a indústria 4.0, a inteligência artificial, que poderá reduzir o número da oferta de trabalho.

Temos que fazer uma radiografia sobre o que pode acontecer com essa inovação.

Queremos ter uma radiografia perfeita da situação. Essa revolução industrial preocupa. Vamos sistematizar uma série de medidas.

No momento em que observamos que os empregos estão caindo, então algo tem que ser feito. Tudo isso tem que ser mapeado.

O fruto dessa preocupação com a geração de empregos e renda foi que motivou a retirada do projeto da LG da pauta do CAS, pra fazer ser submetido a mais  análises.

A LG planeja implantar um projeto da ordem de R$ 40 milhões no Amazonas. Com as reformulações, o projeto foi aprovado.

JC – Até que ponto a Suframa contribui para ajudar e melhorar a vida das pessoas…..?

Algacir Polsin – A Suframa está inserida, faz parte da vida da população muito mais do que se imagina. O dia a dia de todos está envolvido com a Suframa.

A Universidade do Estado do Amazonas, desde o seu primeiro tijolo, veio através da Suframa. Qualquer empresa dentro da Amazonia Ocidental tem essa participação.

Até uma diarista recebe benefícios de uma pessoa que trabalha no Distrito. O modelo ZFM é uma forma de atrair investimentos pra desenvolver a região, desenvolver as potencialidades regionais, espraiar a riqueza.

Se não fosse isso, não haveria esse desenvolvimento, a floresta estaria desmatada. A outra coisa é uma visão otimista.

Sou otimista por natureza. A cada reunião do CAS vemos mais investimentos. O polo superando seus índices anteriores. Vemos grandes possibilidades com a bioeconomia. Temos que aproveitar essa janela de oportunidades

JC – Sabemos da importância do polo de Manaus para a preservação das florestas. Mas parece que ainda não conseguimos vender esse selo verde, fomentando a defesa do meio ambiente. Como o sr. avalia essa questão?

Algacir Polsin – O domínio da narrativa é uma coisa que temos que melhorar, começa internacionalmente. O mundo tem visto como cuidamos da Amazônia.

E não tem sido uma coisa boa porque não conseguimos dominar a narrativa. Temos uma população vivendo aqui. Temos que desenvolver essa região, tirar riquezas, conservando a floresta.

E o mundo está distorcendo essa análise. Temos que mostrar melhor o que é o modelo da ZFM. E a própria população daqui não sabe direito. Fora do Amazonas, muita  gente ainda vai se lembrar da ZFM na época em que se comprava videocassete.

Temos trabalhado nesse sentido para desmitificar essa visão. Mostrando a realidade aos congressistas, principalmente com a reforma tributária que vem aí.

Foto/Destaque: Divulgação

Marcelo Peres

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