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O bom negócio das canetas

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Elas fazem parte do nosso dia a dia, mas você não lhes dá muita atenção: as canetas, surgidas a partir da necessidade do ser humano de deixar a sua marca. Começaram com pequenos pincéis utilizados pelos chineses há mais de três mil anos e evoluíram para as atuais canetas com a milimétrica bolinha de aço na ponta, responsável por espalhar a tinta, inventada pelo húngaro Lásló Biró, em 1938, e que se mantém até hoje, quase 80 anos depois.

Quem sabe bem sobre a importância de uma caneta é o pernambucano Rivaldo Bandeira. Desde 1956 Rivaldo conserta e troca cargas de canetas, e garante que de lá até os dias de hoje o segmento não sofreu muita mudança. Rivaldo nasceu em Recife, há 83 anos, e aprendeu a trabalhar com canetas ainda na capital pernambucana. “Comecei com meu irmão, fazendo gravações em metais e consertando canetas. Em 1956 vim para Manaus e aqui, montei meu próprio negócio: uma mesinha na calçada onde continuei com os mesmos serviços de Recife”, recordou.

Com pouco tempo, o empreendimento de Rivaldo começou a evoluir. “Eu trabalhava na frente do Carioca Bar, do português Armando, ali na rua Marquês de Santa Cruz, e um dia ele disse para eu ocupar uma das quatro portas de seu estabelecimento, com a minha mesinha para o lado de dentro, já com o nome de O Médico das Canetas. Com mais algum tempo pude alugar uma portinhola, que foi minha primeira loja”, disse.

“Quando comecei, as canetas descartáveis estavam surgindo”, falou. A primeira caneta descartável, foi a Bic, lançada em 1950, pelo francês Marcel Bich, mas isso não afetou os negócios de Rivaldo.
“No começo a média de peças que eu consertava, ou trocava a carga, num dia era de 100. Hoje gira em torno de 50, o que ainda é um número bom”, assegurou. “As canetas atuais evoluíram em beleza e acabamento, mas diminuíram em qualidade. Antigamente elas eram fabricadas para durar a vida toda, mas o capitalismo não quer isso e, as atuais, quando não dão defeito, principalmente na mola que impulsiona o mecanismo da ponta, têm pouca tinta. Essas belas canetas, distribuídas fartamente como cortesia, vêm com pouca tinta para acabarem e serem rapidamente substituídas”, entregou.

Rivaldo recorda das grandes marcas com as quais começou a trabalhar: a alemã Pelikan, cuja peça de se prender ao bolso era o bico dessa ave; as americanas Parker, Sheaffer e Cross, e a mais famosa de todas, a alemã Mont Blanc, que acabou por se tornar um sinônimo de escrita requintada. “Todas essas marcas estão aí, a pleno vapor, mas sendo fabricadas na China. Até o ano passado, a China não produzia canetas de qualidade, mas se tornou política de Estado fazer isso. Exatamente a bolinha de aço da ponta das canetas era o x do problema, tudo porque o aço produzido no país oriental não é de boa qualidade. Há cinco anos, no entanto, a empresa estatal de ferro e aço Taiyuan Iron and Steel Co. pesquisa a melhora desse metal e anunciou recentemente já haver descoberto a solução do problema. Com isso a China deixará de importar aço de qualidade de outros países, e isso terá um caráter simbólico, já que o país produz mais da metade do aço do planeta. “O que eu acho interessante é que a China está conseguindo produzir canetas de qualidade e por um preço baixo. Eu já comprovei isso. Uma das peças da Cross rachava facilmente, o que não está mais acontecendo depois que passaram a vir daquele país”, afirmou. “Certa vez fiz um grande pedido da Cross e quando fui ver o material estava escrito ‘Made in China’. Fiquei decepcionado, mas pouco tempo depois constatei que o material deles é de muito boa qualidade”, falou.

Outra coisa que as pessoas não sabem é que as belas canetas que circulam hoje, aos montes, sendo dadas de cortesia, não devem ser descartadas quando a tinta acaba. Por apenas R$ 1,50, em algumas marcas até R$ 1, a carga, Rivaldo coloca a caneta para escrever novamente. “E tenho carga para todas as marcas que você imaginar. Atualmente eu trabalho com umas 50 marcas, desde as mais sofisticadas até aquelas fabricadas exclusivamente para ser dadas de cortesia”, adiantou. Há uns dez anos a loja de Rivaldo mudou de nome para Cia. das Canetas, na rua Floriano Peixoto, 259, no Centro Comercial Capibaribe. Informações: (92) 4101-1142.

Caneta também faz parte do mercado de luxo e são itens para colecionadores milionários

As dez mais
As canetas mais caras do mundo fazem parte do mercado de luxo, e esse tipo de objeto é sinônimo de obsessão para os ricos, de acordo com preços altíssimos pagos pelas canetas de luxo. Como é fabricado manualmente a um número limitado, boa parte dessas canetas encontra-se nas mãos dos colecionadores milionários. Confira:
Caran d’Ache 1010 Limited Edition
É a caneta tinteiro produzida para homenagear a indústria relojoeira da Suíça. Os materiais de luxo usados na mesma são prata e ouro, e custam US$ 19 mil.

Four Seasons Fountain
A caneta Four Seasons Limited Edition do mercado de luxo teve lançamento em comemoração às quatro estações do ano. A coloração verde tem relação com a primavera, já a vermelha com o verão, marrom para outono e cor cinza para inverno. A ponta contém ouro de 18 quilates. A produção total foi de somente 33 unidades, e o preço é US$ 36 mil.

Titanic – DNA Fountain
Titanic -DNA Fountain foi criada por Jean-Pierre e Lepine Benjamin, em colaboração a Romain Jerome e Yvan Arpa CEO; são somente 88 peças artesanais, para homenagear o navio Titanic. Para a pena foram usados melhores materiais, como palladium, ouro e aço inox. A caneta Romain Jerome Titanic -DNA tem na decoração mistura de materiais recuperados do navio especial afundado, com aço dos estaleiros Harland & Wolff, local da construção do Titanic. Não há especificidade em relação ao preço, mas não há dúvidas que o valor passaria os muitos milhares de dólares.

Caran d’Ache ‘ 1010 – Fountain Pen
Produzida com ouro de 18 quilates e ainda cravejada com rubis e diamantes, são somente 10 unidades criadas, com preço de US$174 mil.

Boheme Papillon
A fabricação dessa caneta contou com ouro branco e amarelo, ornamentada ainda com mais de 1.400 safiras cintilantes e diamantes, envolvendo a caneta de forma suave com três níveis. A edição é limitada e o desenho é em homenagem à borboleta, especial criatura na natureza. Custa US$ 230.410.

Príncipe Rainier 3º
A produção foi de somente 81 canetas Príncipe Rainier 3º, com ouro branco 18 K e enfeites de rubis e diamantes, para composição dessa caneta tinteiro. A mesma ostenta 996 diamantes lapidados com facetas, e ainda 92 rubis pelo exterior, e o funcionamento interior é visível. O preço: US$ 256.010.

La Modernista Diamonds Pen
Caran d’Ache produziu La Modernista Diamonds Pen para homenagear o arquiteto Antonio Gaudi. Em leilão, a caneta tinteiro foi vendida pelo preço de US$ 265 mil. O bico da mesma contém ouro 18 quilates e é revestida com 5.072 diamantes Wesselton de 20 quilates, e ainda 96 rubis, com 32 quilates.

Caran d’Ache Pen Gotica
É a terceira canetas mais cara do mundo. Custa US$ 406.453. Celebra a arte gótica e a arquitetura, produzida com prata. São seis faces decoradas com janelas góticas, rosas e ainda flores-de-lis. 892 diamantes totalizam 7,10 quilates, além das 72 esmeraldas, mais 72 rubis.

Mystery Masterpiece
Os fabricantes da Mystery Masterpiece são grifes de luxo, Van Cleef & Arpels e Montblanc. Esse item de luxo é feito de ouro branco, adornado com safiras, esmeraldas, rubis e ainda diamantes grandes. São 840 diamantes, sendo mais de 20 quilates de pedras preciosas. Preço: US$ 730 mil.

Mont Blanc Boheme Royal
O primeiro lugar dentre as 10 canetas mais caras do mundo vai para a Mont Blanc Boheme Royal, com bico de ouro 18K e ainda 1.430 diamantes lapidados. Já o detalhe da logo da Mont Blanc é produzido com diamantes, mais 19 anéis de ouro branco. A caneta é cravejada com diamantes e custa US$ 1.500.000.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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