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Nunca convivemos com tanto sentimento de insegurança

O crime organizado continua mantendo suas atrocidades em Manaus, matando sumariamente seus rivais nas barbas da polícia, que se mostra impotente para frear a violência. Ontem, foi morto o filho de um traficante famoso, que expandiu o seu reinado a partir do bairro da Compensa, zona oeste da cidade. Ele foi torturado e ainda decapitado, algo que choca e espalha o terror.

Incrível como as facções criminosas se expandem, mantendo suas próprias regras e eliminando quem não se adapta às suas exigências. O tribunal do crime age livremente. Mata em plena rua, invadindo até casas para eliminar seus eventuais desafetos. E a população assiste a tudo com muito medo. O sentimento de insegurança já é muito grande.

Claro, o desenvolvimento econômico vem seguido de mazelas sociais. Nem todos têm a mesma chance de ascender social e economicamente. O capitalismo é selvagem. A desigualdade abre precedentes para milhões de jovens serem cooptados como soldados do crime. Nessa briga marcada por tantas barbáries, eles acabam morrendo precocemente, em tenra idade.

É assim nos grandes centros urbanos. Eles (os criminosos) mantêm um poder paralelo que desafia os órgãos instituídos. Chegam a realizar atentados, numa demonstração de que também são poderosos, deixando um rastro de sangue e famílias enlutadas.

Até quando vamos conviver com situações de tanto terror, sem que os direitos humanos sejam respeitados? Hoje, os aparatos de segurança reúnem equipamentos de últimas geração. Porém, nem com todas essas novas ferramentas tecnológicas somos capazes de frear a violência.

O problema está na base familiar. Jovens são marginalizados por um sistema injusto. A educação, capaz de transformar vidas, não cumpre o seu papel por falta de mais condições, uma contrapartida que deveria ser prioridade nos programas governamentais. É uma demanda que permanece invisível.

Os desajustes estão em todas as esferas do poder – municipal, estadual e federal. A corrupção também é uma agravante. Milhões de recursos são desviados, acabando nas contas de gestores corruptos, prejudicando a população. Eles estarão de volta nas próximas eleições com a promessa de proporcionar mais benefícios, que são apenas retóricas eivadas de muita demagogia.

O eleitor precisa estar vigilante. O voto é a maior arma para mudar um país sangrado pela corrupção que atinge todos os setores. Bolsonaro prometeu extirpar um mal que coloca o Brasil no topo do ranking de países mais corruptos do mundo. Porém, seus discursos caem por terra. Há episódios sobre esquemas que incriminam o seu governo com a participação até de ministros.

O suposto balcão de negócios montado no Ministério da Educação pode ser um golpe de misericórdia contra a sua pretensão de continuar comandando o País por mais quatro anos. O governo Lula também foi marcado por muita corrupção. No entanto, o petista se beneficia de um Bolsonaro claudicante, desnorteado. E tem muitas chances de ser turbinado de novo para a Presidência da República.

Perfil

Reeleição enfrenta mais turbulências

Às vésperas das eleições, Bolsonaro está sob fogo cruzado. O mais recente episódio envolvendo a prisão de Milton Ribeiro respinga no Centrão, cujos líderes indicam a maioria dos diretores do FNDE, por onde escoam supostamente os recursos desviados para prefeituras parceiras, segundo o esquema investigado pela PF e pelo Ministério Público Federal. A Justiça mandou soltar o ex-ministro da Educação por entender que ele não faz mais parte do staff do Planalto. Porém, o caso afeta diretamente as estratégias pela reeleição. A crise se acirra. Em tese, o sonho do chefe da nação de continuar comandando o Brasil fica mais distante, avaliam analistas políticos.

Agora, a campanha bolsonarista enfrenta maior turbulência num momento em que, até então, a preocupação era com a crise da Petrobras, a alta dos combustíveis e, para agravar o quadro, o reajuste em até 64% da cobrança extra na conta de luz anunciado pela Aneel. Segundo integrantes da cúpula pró-Bolsonaro, ficam mais fragilizados os discursos garantindo que no atual governo não existiria corrupção. Antes, o presidente colocaria até “a cara no fogo” por Milton Ribeiro. Mas suas escolhas sempre culminam com um tiro no próprio pé. O ex-ministro só veio mesmo para conspirar contra o seu principal projeto.

Interferência?

Ontem, a PF divulgou nota anunciando a abertura de um procedimento interno para apurar “boatos de possível interferência” na operação que levou à prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. Ele foi solto na tarde dessa quinta-feira (23) por ordem do desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Na nota, a Polícia Federal não esclarece o que seria a “possível interferência”. O caso complica ainda mais a vida de Bolsonaro, que tentará a reeleição no pleito deste ano.

Lula

Em entrevista a uma rádio local, Lula defendeu a demarcação de terras indígenas, o asfaltamento da BR-319 e a manutenção dos incentivos fiscais da ZFM. Ele também criticou Bolsonaro por adoção de medidas “irresponsáveis” na proteção da Amazônia. O petista disse que pretende vir a Manaus em julho ou agosto para realizar atos de campanha. E revelou que seu arco de aliança no Amazonas ainda está em construção, mas já tem alguns favoritos, como o senador Omar Aziz. A disputa deve fervilhar.

Transporte

Por quase unanimidade, os vereadores aprovaram, ontem, o projeto de lei que integra o transporte alternativo e executivo ao sistema público. A proposta mantém o cargo de cobrador que, na outra matéria, transferia a função para o próprio motorista. Parlamentares entenderam que extinguir cargos num momento de recuperação da economia só agravaria a questão do desemprego, impactando negativamente no cenário social. Serão preservados 3 mil postos de trabalho. Louvável a mobilização.

Prisão

A Polícia Federal prendeu o quarto suspeito do assassinato de Dom Phillips e de Bruno Pereira no Vale do Javari, em Atalaia do Norte (AM), caso que (infelizmente) colocou o Brasil sob os holofotes da mídia internacional, gerando muita comoção e repúdio junto a lideranças mundiais. Gabriel Pereira foi preso em São Paulo. Ele disse que apenas pilotou o barco, onde estavam os matadores do jornalista britânico e do indigenista. A PF se debruça em reunir mais dados. Muitas evidências precisam ser esclarecidas.

Investigações

Peritos da PF voltaram a Atalaia do Norte, a cidade mais próxima da terra indígena Vale do Javari, para uma nova fase das investigações sobre as mortes de Bruno Pereira e de Dom Phillips. Nessa nova fase, o objetivo é a análise de contradições nos depoimentos já prestados, a coleta de mais provas e a tentativa de identificação de eventuais mandantes. Especula-se que narcotraficantes, garimpeiros e madeireiros ilegais encomendaram o crime. É possível. A floresta esconde muitas atrocidades.

Operação

O tráfico de drogas sofre mais uma derrota. Ontem, a Polícia Civil do Amazonas apreendeu uma tonelada de cocaína, com 100% de pureza, avaliada em R$ 17 milhões. A carga era transportada pela AM-070, na região do município de Careiro Castanho (distante 88 quilômetros de Manaus). Pelo alto teor de pureza, cada quilo do entorpecente pode ser transformado em até quatro quilos a mais da droga, segundo o delegado operacional do Denarc, Antônio Rondon, que coordenou a operação.

Recuo

Supermercados não serão mais obrigados a informar a validade de itens em promoção no Amazonas. É o que prevê a nova lei promulgada pelo governo do Estado. A medida anterior previa multa a estabelecimentos que não cumprissem a determinação. O projeto que revogou a obrigatoriedade é do deputado estadual Delegado Péricles (PL), bolsonarista de carteirinha. O parlamentar argumenta que a decisão devolve mais liberdade ao consumidor. “A legislação antiga se mostrava inócua”, disse. Será?

Bilhetagem

Mais tensão no transporte em Manaus. O Ministério Público do Amazonas abriu um procedimento administrativo para investigar falhas no sistema de bilhetagem do Sinetram. A determinação é da promotora Sheyla Andrade dos Santos e foi publicada no Diário Oficial do MP de ontem.Desde a semana passada, as operações apresentam, falhas tanto no procedimento de recarga como na hora de passar o cartão nas catracas dos ônibus. Aliás, o setor sempre foi tenso. Difícil conciliar interesses entre a categoria.

FRASES

“Equipes estão atuando há meses”.

Gustavo Sampaio, presidente da Amazonastur, ao anunciar o “melhor festival de Parintins”.

“CPI não será instalada com facilidade”.

Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, sobre investigações no MEC.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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