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Novo round com Paulo Guedes para apagar incêndio sobre ZFM

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Prevista para esta terça (23), a reunião da bancada amazonense do Congresso com Paulo Guedes foi remarcada para esta quarta (24), às 17h30, no gabinete do ministro da Economia. Os detalhes da pauta ainda não haviam acertados até o fechamento desta reportagem.

Solicitado pelo ministro, o encontro ocorre uma semana depois de suas bombásticas declarações em um programa jornalístico da Globonews. Na ocasião, Guedes disse que a Zona Franca “fica do jeito que ela é” e emendou, diante dos jornalistas atônitos, que o governo não vai “ferrar o Brasil para manter vantagens para Manaus”.

O ato falho repercutiu mal no meio político amazonense, de alto a baixo. Tanto a CMM (Câmara Municipal de Manaus), quanto a Aleam (Assembleia Legislativa do Amazonas) assinaram, ontem, moções de repúdio à fala de que o “O Brasil não pode pagar pela Zona Franca de Manaus”.

No Congresso, a repercussão foi ainda mais forte. Sobraram discursos inflamados e ameaças de rebelião da bancada do Estado. Justamente quando o governo federal – com Paulo Guedes à frente – busca, no varejo e voto a voto, o apoio do Legislativo ao projeto da Reforma da Previdência.

Presidente da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado, Omar Aziz (PSD-AM) lembrou, na quinta (18), em uma entrevista concedida a uma rádio local, que o Amazonas pode ter poucos senadores (três) e deputados (oito), mas conta com a presidência de importantes comissões no Congresso para fazer a diferença em questões importantes para o Planalto.

Por via das dúvidas, no mesmo dia o ministro chegou a ligar para o senador para se retratar. Pediu também que ele fosse seu porta-voz para reverter a repercussão negativa no Amazonas. Em resposta, Omar disse que só aceitaria uma retratação pública dele, diante de toda a bancada amazonense, prevista inicialmente para ontem.

Indagado sobre o porquê da mudança da data da reunião, o senador disse ao Jornal do Commercio que o encontro era estritamente do interesse do ministro, que enviou um assessor para acertar os detalhes com ele. “Estamos negociando o que vai ser dito, porque não podemos perder tempo falando e ouvindo bobagens. A fala do ministro deixou um mal estar para o Amazonas. Estamos muito preocupados com a Zona Franca de Manaus”, declarou.

Prazo de validade

Vice presidente da CAE, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) disse que não estava a par dos detalhes sobre a reunião, mas destacou que “fez sua parte” na tarde desta terça (23), em seu discurso no Senado. Na ocasião, destacou que, enquanto a ZFM existe há 52 anos e o patrimônio da Amazônia continua sem preço, ministros têm prazo de validade, pois “vêm e vão”.

“Ao contrário do que muitos pensam, a Amazônia não está em liquidação. Se eu fosse levar em consideração esses argumentos, iria acreditar que o problema fiscal do Brasil seria fruto da política de desenvolvimento regional, do modelo Zona Franca. Como provam os números, é falso, muito falso”, exclamou.

Plínio Valério questionou ainda por que, “de repente”, o ministro da Economia chegou à conclusão de que problema tributário do Brasil é a ZFM. “Não é. Já estamos lá há 50 anos. Por que essa descoberta só agora?”, reforçou.

Força e preconceito

Procurado pelo Jornal do Commercio, o deputado federal e membro titular da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), Marcelo Ramos (PR-AM), disse considerar difícil que o ministro abra mão de suas convicções, mas destacou que a força da bancada em espaços estratégicos na Câmara e no Senado deve contribuir reprimir seu “preconceito com o nosso modelo”.

“As bases do pensamento econômico do ministro Paulo Guedes são: fim de subsídios e abertura do mercado para importações. Essas suas duas premissas são hostis ao modelo ZFM”, alertou o deputado, em meio à votação do parecer da Reforma da Previdência.

“Fora do Brasil”

Um dos primeiros parlamentares a reagir à fala do ministro, o deputado federal Sidney Leite (PSD) usou a tribuna da Câmara, nesta terça (23), para defender e destacar a importância da ZFM para a Amazônia e para o Brasil, e reforçar seu repúdio às declarações de Guedes.

Leite afiançou que a bancada federal do Estado está unida em preservar o modelo, que gera mais de 70 mil empregos diretos, permite que Manaus seja a oitava economia brasileira, e que o Estado preserve mais de 97% de sua cobertura vegetal.

“É importante que o ministro entenda que gerar desenvolvimento não se faz do dia para a noite. Precisamos de infraestrutura, investimentos em biotecnologia. Se essas empresas deixarem o Polo, elas não sairão apenas de Manaus, mas do Brasil. Por isso, faço um apelo que ele reflita e conheça a realidade da ZFM”, arrematou.

 

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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