Por Luana Gomes
Processo produtivo, oficializado na semana passada, sinaliza melhores perspectivas de investimentos para o parque fabril
Depois da publicação do PPB (Processo Produtivo Básico) para a produção de cicloelétricos (ciclomotorizado elétrico), motocicletas e motonetas elétricas no PIM (Polo Industrial de Manaus), a Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus) já vê perspectivas positivas para a atração de novos investimentos no setor.
Prova disso é que a Kasinsk, fabricante de modelos de scooteres elétricos na unidade fabril de Manaus, já pensa na possibilidade de ampliar sua produção. Segundo a assessoria da indústria, desta linha de veículos movidos à energia elétrica, a motoneta era o único produto permitido para fabricação. Agora, com a mudança no processo produtivo, a Kasinsk já inicia os estudos para lançar outros de seus produtos na capital.
Embora a Fieam (Federação da Indústria do Estado do Amazonas), por meio de assessoria, afirme que o segmento de duas rodas ainda não tem estudos definidos sobre o assunto, o presidente da Aficam (Associação das Indústrias e Empresas de Serviços do Polo), Cristóvão Marques, declara que a medida é comemorada pelos componentistas da região. Segundo ele, a divulgação do PPB é um passo para impedir a entrada de componentes chineses. “Já melhora”, enfatizou.
Representatividade pequena
Contudo, o dirigente pondera que as empresas que produzem estes itens não representam nem 10% do setor de motocicletas em geral. Por este motivo, ele lembra que o maior recurso para prevenir a entrada de importados na região é a publicação do PPB de duas rodas, cuja aprovação depende do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).
De acordo com dados do Ministério, nos cinco meses iniciais de 2011, a importação de outras partes e acessórios para motocicletas teve uma elevação de 91,28% em comparação a igual período do ano anterior, com um montante de US$ 176.98 milhões frente a US$ 92.53 milhões.
Apesar dos números, o coordenador geral de acompanhamento de projetos industriais da Superintendência, Gustavo Igrejas, argumenta que 75% dos materiais utilizados pelas indústrias da ZFM (Zona Franca de Manaus) são nacionalizados, dos quais 45% são regionais. Igrejas comenta que o processo produtivo é apenas um mecanismo para segurar este costume que, segundo ele, é característico das empresas de duas rodas do Estado.
PPB dos tablets preocupa a Zona Franca
Depois da MP (Medida provisória) 534, é a vez do PPB dos tablets atormentar a Zona Franca. Isto porque, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, declarou que o governo vai estender a política de conteúdo nacional para os telefones e televisores, o que pode dar premissa para conceder os mesmos benefícios fiscais dados ao dispositivo.
O presidente da Aficam avalia que a ideia do ministro é se candidatar a prefeito de São Paulo e, consequentemente, acabar com a ZFM. “O consumidor das indústrias do Polo está fora de Manaus. Se não tiver isenção, nem incentivos, não há em interesse em investir na região”, protestou o dirigente.
Insumos nacionais
Já o vice-presidente da Fieam e presidente do Sinaees/AM (Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Estado do Amazonas), Wilson Périco, esclarece que a tentativa do ministro não é estender o PPB dos tablets a outros produtos, mas oferecer o mesmo tratamento com base na utilização de insumos nacionais. “Começando com 20% para o primeiro ano, até atingir 80% desses insumos no terceiro. E, para isso, o governo federal garantiria uma redução de 31% dos tributos federais”, analisou.
Entretanto, ele considera que a questão preocupante é “se as empresas instaladas em Manaus já gozam deste benefício, como o governo fará isso sem reduzir as vantagens comparativas que temos hoje?”, questionou.
Périco assegura que as entidades de classe já estão se mobilizando nesse sentido, porém, mais uma vez, é necessário mobilizar a bancada federal amazonense para garantir que a medida não venha ferir os direitos do modelo ZFM.
