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Novo decreto traz otimismo para academias

A nova flexibilização para o funcionamento de academias fitness no Amazonas, definida pelo Comitê Intersetorial de Enfrentamento à Covid-19 e formalizada por decreto do governo estadual, animou o segmento, que ainda vive uma crise econômica sem precedentes. Empresários ouvidos pela reportagem do Jornal do Commercio avaliam que a tendência é de crescimento gradual do movimento, apesar do medo de uma eventual terceira onda inibir o retorno potencial de parte significativa da clientela fixa dos estabelecimentos.  

Desde segunda (3), academias e esportes de todas as modalidades podem operar de 6h a 22h, de segunda a sábado, e agora com aulas coletivas – desde que estas sejam realizadas somente em ambientes abertos. A limitação a 50% da capacidade dos estabelecimentos permanece, assim como a observação a todos os protocolos de distanciamento social e prevenção à covid-19. As mudanças valem até 17 de maio, quando o Comitê deve fazer uma nova revisão das regras, mediante os números locais da pandemia.

Academias zelam pelos protocolos de distanciamento e prevenção à covid-19
Foto: Ney Fábio

Proprietário de uma academia de fitness que leva seu nome, e que já conta com oito anos de atuação, o personal trainer Marcelo Belota conta que as novas condições de funcionamento estão permitindo o retorno do atendimento presencial em seu estabelecimento, a partir desta quarta (5), após mais de quatro meses de portas fechadas. Até então, o empresário, que também é criador do programa Manaus + Saudável (que incluiu competição e exercícios), estava conseguindo manter os negócios com treinamentos e aulas online.

Como o rendimento equivale a pouco mais de 50% das aulas presenciais, o empresário se viu obrigado vender patrimônio – um carro e alguns aparelhos de ginástica duplicados da academia – e queimar poupança para pagar o aluguel e demais dívidas, e “não fechar as portas de vez”. Com as dificuldades, também não está sendo possível recontratar os três funcionários que a empresa perdeu, mas o Belota se diz otimista quanto aos próximos dias. 

“Já era tempo de liberarem as aulas coletivas. Esse é um ramo econômico que rende pouco, além de ter custos elevados com aluguel e pessoal. Neste primeiro momento, eu, minha esposa e minha filha vamos nos desdobrar para atender todo mundo. Ainda tem gente com medo de voltar, mas muitos ainda preferem as aulas presenciais. Acredito também que teremos uma melhora no processo de vacinação, permitindo um retorno pleno do mercado”, ponderou.

“Respeito às restrições”

O sócio proprietário da T-Fitness, Anderson Gomes Martins, diz que os ajustes do último decreto foram o que melhor aconteceu para o setor neste ano, graças ao retorno do horário normal e à possibilidade de oferecer aulas coletivas. “Com isso poderemos recuperar os alunos noturnos que, devido ao horário restrito, estavam deixando de vir. E oferta de aulas coletivas contribui para aumentar o mix, já que nem todos gostam de musculação”, acrescentou.

O empresário informa que a empresa demorou para voltar a funcionar, em razão dos “horários inadequados” estabelecidos pelo governo estadual, e por julgar que a relação entre o custo e o benefício “reduzido” não compensava. A reabertura ocorreu apenas no dia 8 de março. “O horário de maior procura dos é a noite e isso acabaria gerando prejuízos. Mas, a academia não deixou de gerar custos fixos. Sem capital entrando, tivemos de procurar crédito para sanar os custos, até que tudo voltasse ao normal”, lembrou, ressaltando que a operação foi ainda mais difícil em um período sem a opção do Pronampe. 

Martins informa que o movimento está 40% abaixo do patamar do mesmo mês de 2019 e que o cadastro ativo da academia conta com 85 alunos, 49,13% a menos do que o registro de dois anos atrás (173). O sócio proprietário da T-Fitness observa ainda que 31,76% da clientela (27 alunos) manteve os pagamentos, manifestando intenção de voltar, mas ainda não o fez por medo de uma terceira onda. 

“A empresa já está se restabelecendo e, como empresário, acho que as coisas vão melhorar, por todos o cuidados que estamos tendo. Como cidadão, tenho medo, porque não está havendo respeito nos demais ambientes. Minha expectativa é que as pessoas respeitem as restrições para que tudo não seja fechado novamente. Espero que possamos seguir em frente, para sairmos dessa crise, visto que o profissional não teve nenhum suporte financeiro do governo em tempos de restrição total”, asseverou.

Movimento e confiança

Sócio-proprietário da Amazônia Fit, Ederson Santos da Silva, também considerou que as mudanças foram positivas. Segundo o empresário, ainda que graduais, as flexibilizações já vêm trazendo retorno do público.O estabelecimento trabalhou com 30% de sua capacidade total, em março, mas conseguiu encostar nos 40%, em abril. “Está bem mais movimentado. O horário estendeu e as pessoas estão mais confiantes. Está tudo dentro dos conformes”, resumiu.

Indagado se a situação financeira da empresa teria apresentado alguma melhora, Ederson Silva disse que esta segue “ruim” e “dentro do esperado”, mas acrescentou que “melhorou pouca coisa”. Até o fim de abril, a academia trabalhava com oito estagiários e quatro profissionais, que ainda não puderam ser efetivados. Em um ano, o cadastro de clientes ativos tombou 72%, de 750 para 210. 

Embora tenha mencionado anteriormente que parte da clientela não voltou por receio da pandemia – medo difundido especialmente entre alunos idosos, acima do peso e com problemas de saúde –, o empresário prefere agora focar no otimismo e aponta que este também é responsável pelo maior retorno da clientela. “Essa melhora acontece pela confiança de que não está tendo a terceira onda. Temos a fé como esperança”, afiançou.

“Mesmos protocolos”

O presidente do CREF-8/AM-AC-RO-RR (Conselho Regional de Educação Física da 8ª Região), Jean Carlo Azevedo da Silva, comemorou a medida, mas lembrou que o setor ainda enfrenta dificuldades e busca meios de compensar os prejuízos impostos por duas paralizações. O dirigente frisou ainda que as empresas aguardam a liberação das aulas coletivas também em ambientes fechados, uma vez que estas “seguem os mesmos protocolos”.

“Aos poucos vamos ampliando o funcionamento e comprovando que as medidas de segurança são eficientes e que as academias são ambientes seguros. Por fim, quero reforçar a recomendação para a prática de exercício e, tão importante quanto, orientação de um profissional de Educação Física. É importante estar ativo fisicamente para o aumento da imunidade e combate ao coronavírus”, finalizou. 

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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