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Novo decreto traz alento, mas ainda é restrito demais

O novo decreto do governo estadual (nº 43.596) para funcionamento de comércio e serviços foi comemorado por segmentos como os de beleza e fitness, mas ainda está aquém do esperado por bares e restaurantes. Conforme os empresários, o nó está na manutenção do toque de recolher de 21h às 6h, que limita o retorno de atividades com vocação noturna e, paradoxalmente, contribui para gerar aglomerações em horários reduzidos. Todos concordam, contudo, que o cliente está mais cauteloso e que as vendas ainda estão fracas.

Entre as mudanças do novo decreto está a permissão para que flutuantes registrados como restaurantes (pelo CNAE), funcionem de segunda a sábado, das 9h às 16h, com limite de 50% da ocupação e proibição de apresentações artísticas ao vivo. As academias e similares podem funcionar de segunda a sábado, de 6h às 20h, sendo permitidas somente aulas individuais e vedadas as aulas coletivas, com ocupação restrita a 50% da capacidade do estabelecimento.

Salões de beleza, barbearias, clínicas de estética e similares têm permissão para funcionar de segunda a sábado, das 10h às 20h (para estabelecimentos em shopping centers e similares) e de 9h às 18h (estabelecimentos localizados na rua), com ocupação máxima de 50% da capacidade. Fica facultado também o funcionamento das escolas da rede privada do nível Infantil e creches e também do Ensino Fundamental 1 e 2, desde que não excedam 50% de ocupação das suas salas.

Para o comércio em geral, não houve mudanças. Conforme já antecipado pelo Decreto nº 43.564, os shopping continuam abrindo das 10h às 20h, com capacidade limitada de 50% de público e ocupação máxima de 70% de seus estacionamentos. Os demais estabelecimentos seguem nas modalidades delivery e drive-thru, respectivamente, das 8h às 20h e das 10h às 20h. Praças de alimentação funcionam com as mesmas condições do setor de restaurantes.

Todas as atividades autorizadas devem obedecer aos protocolos sanitários estabelecidos pela FVS-AM (Fundação de Vigilância em Saúde), sob pena de aplicação das sanções definidas nas normas em vigor, inclusive com a possibilidade de fechamento imediato do estabelecimento, em caso de descumprimento. O novo decreto vai vigorar de 22 de março a 4 de abril.

Indagado sobre o decreto, o presidente da FCDL-AM (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado do Amazonas), Ezra Azury, demonstrou maior preocupação em relação à fraqueza das vendas dos estabelecimentos já em operação. “Não tem muito o que dizer, mudou muito pouco para o comércio. O movimento nas lojas continua fraco e vai ser necessário uma boa injeção de confiança no consumidor”, desabafou.

Retorno limitado

Proprietário do Salomé Bar e do All Night Pub, além de um flutuante, Rodrigo Silva, informa que os negócios já apresentam queda de 30% no trimestre e de 50% em março, nos respectivos comparativos anuais. O empresário também avalia que as mudanças foram tímidas. “Estamos constatando que ainda não vale a pena abrir. Quase 50% da receita do flutuante vem do domingo. Sábado representa um bom faturamento, mas o horário das 16h limita o retorno. Tem que chamar os funcionários de volta para trabalhar e, se for apenas um dia da semana, fica difícil. Até porque essa época do ano tem muita chuva”, explicou.

De acordo com o empresário, as duas semanas anteriores ainda foram difíceis para o grupo, já que o horário limita o retorno para o bar, gerando um faturamento “muito abaixo do esperado”. Rodrigo Silva acrescenta que foi possível trazer alguns dos funcionários que estavam afastados de volta à ativa, mas salienta que ainda não foi possível fazer isso para todo os 70% de seu contingente que estava com contratos suspensos . “Estava com a esperança de que [o governo] fosse estender o horário, para poder abrir aos domingos, e chamar todos de volta. Mas, infelizmente, isso não aconteceu”, lamentou.

“Cliente cauteloso”

Para a presidente do Sindicato dos Salões de Barbeiros, Cabeleireiros, Institutos de Beleza e Similares de Manaus, Antônia Moura de Souza, a flexibilização oficializada no decreto, é uma “grande vitória” para seu setor, especialmente no que se refere aos estabelecimentos localizados nos centros de compras. Segundo a dirigente, os meses de paralisação da atividade custaram o fechamento definitivo de 8% das empresas do segmento e a fusão de outras 20%, que passaram a priorizar atendimento a domicílio. 

“Antes, as lojas não estavam conseguindo acompanhar os shoppings, porque tinham de fechar às 16h. Felizmente, o governo entendeu que poderíamos atender dentro de todos os protocolos, inclusive nos serviços em que o cliente tem de tirar a máscara, e atendeu nosso pleito. Os meses fechados causaram muitas perdas, principalmente entre os que tinham pontos alugados, mas esperamos que as coisas continuem melhorando. Por enquanto, trabalhamos até abaixo dos 50% permitidos, porque o cliente está muito cauteloso e exigente quanto às sessões marcadas”, ponderou. 

Aulas coletivas

Na mesma linha, a sócia-proprietária da Amazônia Fit, Patricia Areb, considera que a extensão do horário “ajudou um pouco”, ao permitir que as academias voltassem a respirar, ainda que por aparelhos. “São as aulas coletivas que pagam as despesas e até evitam aglomerações. Com aulas individuais, acaba se formando uma fila de alunos em máquinas e outras atividades para aquecimento. Temos verdadeiros picos entre as 18h e 20h. E também tem a questão dos profissionais, porque muitos só trabalham e são pagos por hora/aula”, listou.

De acordo com a empresária, as duas semanas anteriores foram difíceis também para o segmento e sua empresa. Patricia Areb diz que as empresas estão voltando “aos poucos” e que o volume de negócios está “devagar”, com queda de 50% a 60% sobre o mesmo período de 2020. O desempenho contribui para que apenas 7 dos 12 colaboradores da empresa tenham conseguido retornar ao trabalho. 

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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