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Novembro laranja foca nos cuidados com ouvidos

Novembro laranja foca nos cuidados com ouvidos

Quase não se fala desse problema, mas quem o tem, sabe muito bem o infortúnio que significa, e um infortúnio que permanece 24 horas por dia: o zumbido no ouvido. Para chamar a atenção dessa situação, há 14 anos, a Apidiz (Associação de Pesquisa Interdisciplinar e Divulgação do Zumbido) criou a Campanha Nacional de Alerta ao Zumbido denominada, em 2014, de Novembro Laranja. Segundo pesquisas, a cada ano o problema está acometendo mais pessoas. A campanha alerta para a importância do diagnóstico e tratamento precoce. Para saber um pouco mais sobre o assunto, o Jornal do Commercio entrevistou o fonoaudiólogo Ewerton Guimas, diretor clínico da Fonomed Manaus, e ele relatou detalhes curiosos sobre o zumbido, que nem sempre é zumbido.

Jornal do Commercio: O que provoca o zumbido no ouvido? É uma doença?

Ewerton Guimas: O zumbido no ouvido é um sintoma de algo que não está funcionando bem no corpo e normalmente há alguma doença ou disfunção em atuação. Para exemplificar, podem ser questões mais simples, como colesterol alto, até mais complexas, como síndromes e perdas auditivas. Então o zumbido em si não é uma doença e sim um sintoma.

JC: É verdade que pode haver uma infinidade de sons (e não só zumbido) ouvidos pelas pessoas? Todos têm a mesma causa?

EG: O zumbido pode se manifestar em diversos tipos de sons. Na minha clínica já cuidei de casos em que o paciente ouvia barulho de ‘motor de popa’. Esses casos são mais raros. Os sons mais comuns são similares ao barulho de apito, chiado de TV e o característico canto da cigarra. As causas são diversificadas sendo necessária uma equipe multiprofissional para realização do diagnóstico. É preciso fazer exames auditivos, de imagem e laboratoriais para identificar a causa do zumbido.

JC: Esses sons têm cura? Como é o tratamento?

EG: A partir do diagnóstico é possível identificar se o zumbido é temporário ou permanente. Geralmente o zumbido temporário é tratado com medicamentos, atividades físicas e algumas restrições alimentares. Quando o zumbido é permanente, recomenda-se o uso do aparelho auditivo associado a outros tratamentos, como psicoterapia, acompanhamento nutricional (quando há necessidade de restrição alimentar) e terapias alternativas como acupuntura. Indicamos sempre que o paciente busque profissionais qualificados para o diagnóstico e tratamento do zumbido.

JC: É verdade que o zumbido no ouvido é um problema que vem crescendo entre as pessoas, inclusive em pessoas jovens?

EG: Aproximadamente de 25 a 28 milhões de pessoas no Brasil ouvem zumbido, que é mais comum na terceira idade, mas vem se tornando frequente entre os jovens devido à exposição excessiva aos aparelhos de áudio. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde) cerca de 1,1 bilhão de adolescentes e jovens estão em risco devido o uso inseguro de dispositivos de áudio em níveis prejudiciais.

JC: Além dos fones de ouvido, o barulho incessante das grandes cidades também pode provocar esse problema?

EG: Sim. Além do uso excessivo de fones de ouvido, a exposição ao som em níveis prejudiciais em bares, eventos e boates pode causar problemas auditivos. Os níveis inseguros podem ser de 85 decibéis por oito horas ou 100 decibéis por 15 minutos. É importante ter hábitos para conservação auditiva como, por exemplo, usar protetores auditivos em caso de exposição sonora a níveis prejudiciais, limitar o uso de fones de ouvido ou usá-los em níveis seguros (abaixo de 85 decibéis).

JC: Que outros problemas de ouvido são mais comuns nas pessoas?

EG: A presbiacusia, perda auditiva pelo envelhecimento das células do ouvido é comum em idosos. Nos trabalhadores expostos a sons elevados sem a devida proteção também é comum a perda auditiva ocupacional.

JC: A higienização do ouvido pode ser feita com cotonetes?

EG: A higienização deve ser feita após o banho, com uma toalha, na parte externa do ouvido. A cera é expelida naturalmente. Não recomendamos o uso de hastes flexíveis (cotonetes) que empurram a cera de volta ao canal auditivo. Para se ter uma saúde auditiva, repito o que foi falado anteriormente: uso de protetores em caso de exposição sonora a níveis prejudiciais, e limitar o uso de fones de ouvido ou usá-los em níveis seguros.

JC: O que fazer para ter uma audição perfeita e como saber se ela está perfeita?

EG: A única maneira para saber se sua saúde auditiva está adequada é fazendo exames regularmente, mas também fazê-los se você deixar de escutar o que outras pessoas à sua volta, estão escutando.

JC: Quando se fica muito velho é certo que a surdez virá?

EG: Não, isso não é verdadeiro. A surdez não é um destino de todos os idosos. A perda auditiva na velhice depende de vários fatores como, por exemplo, histórico familiar, doenças e cuidados com a audição.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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