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Nova matriz econômica deve vir para para fortalecer a ZFM

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Criada nos anos 1960, a ZFM (Zona Franca de Manaus) consolidou sua atuação no Amazonas e é considerada, hoje, o projeto de desenvolvimento econômico mais bem-sucedido do Brasil. São mais de 50 anos fabricando eletroletrônicos e produtos os mais diversificados, que envolvem tecnologia de primeiro mundo e contribuindo para a geração de renda e novos empregos. Não só tirou o Estado da extrema dependência de recursos federais para sua sobrevivência, como também se tornou um dos maiores contribuintes aos cofres do Tesouro nacional – algo em torno de R$ 10 bilhões anuais, segundo projeções de especialistas.

Pensar em substituir o modelo ZFM por uma nova matriz econômica é algo que nem se cogita entre expertises e estudiosos do projeto. Seria como uma catástrofe que se refletiria em toda a vida econômica do Amazonas e dos outros Estados circunvizinhos que formam  a Amazônia Ocidental. Voltaria à estaca zero. Assim como foi após a derrocada do ciclo da borracha. “Não vejo em 15 ou 20 anos, algo que possa substituir esse modelo que possibilitou o desenvolvimento de um Estado, hoje referência em tecnologia e benefícios sociais. Se vier outra matriz econômica será para somar e fortalecer, jamais para substituí-lo”, avalia o presidente do Cieam (Centro da Indústria do Esgtado do Amazonas), Wilson Perico.

Ele defende, porém, uma maior independência das decisões de Brasília, o que seria uma forma de atrair novos investimentos. E avalia que os entraves burocráticos e ainda questões ambientais ainda desmotivam potenciais empresários, que poderiam gerar mais renda e empregos para a população.  “Infelizmente, continuamos reféns dessas ações governamentais, mas vislumbro que o projeto ZFM caminha para um maior fortalecimento nos próximos anos”, acrescenta o executivo. “Devemos repensar o País tirando um pouco do peso da responsabilidade do Estado”.

Potencialidades passam pela mineração, turismo e agronegócios

Segundo Perico, as novas matrizes econômicas viriam pelo ecoturismo, mineração, setor de petróleo e gás, piscicultura. “São grandes potenciais com grandes possibilidades de alavancar ainda mais a economia do Amazonas, levando também riqueza para os municípios do interior”, afirma.  Para o vice-presidente do Sinaees (Sindicato da Indústria de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares de Manaus), Celso Piacentini, torna-se difícil estabelecer hoje ações de longo prazo para a ZFM por falta de uma política mais consolidada e efetiva. “A gestão de um governo dura quatro anos. Outro assume o poder e acaba mudando tudo o que havia sido projetado na admistração anterior”, avalia o executivo. “Assim, como então podemos fortalecer ainda mais um modelo que precisa se reinventar a cada dia com o avanço da tecnologia de ponta e diante de um mercado tão competitivo como o de hoje?”, questiona ele.   

De acordo com Piacentini, o Amazonas tem muitas potencialidades que poderiam somar ao modelo Zona Franca, mas o Estado ressente-se ainda da falta de um mecanismo de planejamento de longo prazo. “Esse sistema tem que ter autoridade para cobrar, independente ou não da troca de governos, sem interferência política. Deve ser voltado para os interesses estritamente do Estado, sem privilegiar quaisquer segmentos produtivos”, acrescenta. O economista Ailson Resende afirma que grandes jazidas de minérios de silvinita, utilizada largamente como fertilizante pelo empresas do agronegócio, já estão mapeadas no Amazonas e prontas para exploração. “As pesquisas do mineral já foram realizadas. Agora, precisa ver se o Estado tem interesse em explorar”, diz o economista. “Por ora, nada pode substituir o PIM, mas devemos criar novos nichos para fortalecer ainda mais o modelo e criar maiores oportunidades de renda e empregos”, acrescenta.  

Projeção de bilhões de reais 

A Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas) estima que a exploração de jazidas de minérios deverá fomentar uma nova matriz econômica no interior, gerando mais possibilidades de empregos e renda para a população dos municípios, geralmente sem opções para dinamizar suas economias e sempre dependentes do governo central.  No ano passado, ainda na gestão do então governador Amazonino Mendes (PSL), especialistas projetavam bilhões de reais em pelo menos 30 anos de exploração da jazida de potássio-silvinita, que se estende do município de Autazes até a cidade de Parintins, em uma área de 400 quilômetros. Empresários e políticos defendem a exploração da jazida por entenderem que abrir mão dessas riquezas  promove a evasão de receitas ao favorecer a ação de contrabandistas. O potencial do minério é grande. Hoje, a silvinita responde por 96% das importações brasileiras de fertilizantes e também pode contribuir com as indústrias de medicamentos.   Segundo especialistas, existem hoje estudos para a exploração desses minérios no Amazonas, mas ainda falta uma política governamental que possibilite a captação de investimentos interessados nas jazidas. E essa iniciativa deve partir também do governo estadual e de Brasília.

São grandes potenciais minerais

São Gabriel da Cachoeira, a mais de 800 quilômetros de Manaus, é outro município com bom potencial de minérios, pois abriga grandes depósitos de nióbio, abrindo possiblidades para produção de aços de alta resistência usados na fabricação de automóveis e tubulações de gás. Além do gás na bacia de Urucu, no município de Coari, no Alto Rio Solimões, outras jazidas de petróleo também foram encontradas em florestas que circundam municípios do interior do Amazonas.   Para especialistas, o petróleo e gás explorados na bacia de Urucu há mais de 30 anos são uma demonstração de que a atividade petrolífera pode ser  bem-sucedida no Amazonas, a exemplo das regiões Sul e Sudeste do País. Distante 108 quilômetros de Manaus, o município de Presidente Figueiredo (na região metropolitana da capital) é outro que tem grandes jazidas de cassiterita, usada em soldas de carros e revestimentos para enlatados em conserva. “São grandes possibilidades de investimentos que podem gerar mais empregos e renda”, avalia o presidente em exercício da Fieam, Nelson Azevedo. Também situado na região metropolitana de Manaus, o município de Iranduba tem argila em abundância, usada pela indústria cerâmica e na produção de telhas e tijolos. E o Estado possui ainda o potencial pesqueiro, com peixes tão abundantes que chegam a deteriorar nas épocas de piracemas por falta de frigoríficos, infelizmente, relegados a segundo plano por governos que se sucedem nas administrações do Amazonas.

 

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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