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Nova era digital é um desafio para os próximos anos

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Proposta mais moderna da mairoria dos candidatos a prefeito de Manaus, o conceito de uma cidade criativa e sustentável, que utilize a tecnologia em seu processo de planejamento e maior participação
dos cidadãos, foi um dos trunfos para garantir votos dos mais jovens e ‘antenados’. As propostas também agradaram aos desenvolvedores que viram a chance de enfim incluírem a tecnologia em
políticas públicas, dando maior alcance à vocação amazonense para a inovação. O conceito de ‘smart city’ proposto pelos candidatos para as camadas mais populares têm como foco trânsito e transporte coletivo e a marcação de consultas via mobile, entre outras. A implantação efetiva dessas ideias passa por alguns entraves, dizem especialistas. Mesmo com poucas informações sobre as propostas, o software
engennier Kirmayr Tomaz crê que há chances de implantação de alguns dos projetos. “Serviços que podem ser acessados por um PC ou smartphone têm grande chance de dar certo, por exemplo, o agendamento de consultas e exames. Sobre o acompanhamento de horário e localização do transporte coletivo, não sei se vai haver recursos para fazer esse projeto. Para fazer essa monitoração precisaria instalar dispositivos com GPS e internet. Precisa quebrar a resistência do empresário em investir”, afirma o desenvolvedor.

Manaus tem mão de obra capacitada

De acordo com Tomaz, conseguir instalar essa rede de servidores em Manaus é sim um pontapé
importante, mas que pede manutenção constante e de preferência com mão de obra local, que já está
bem capacitada. “Uma ‘smart city’ precisa de muito planejamento, precisa contratar várias equipes
para fazer uma parte do projeto e depois disso continuar mantendo este e criando melhorias. Se o
eleito contratar pessoas de fora para fazer isso, além de gastar um dinheiro de outro mundo, corre-se
o risco do projeto ser descartado pela falta de manutenção e melhorias”, comenta. Para o desenvolvedor, o envolvimento da prefeitura com a ‘smart city’ dever ser duradouro, não apenas para um só mandato.
“Sem a manutenção adequada isso dura no máximo quatro anos, até tudo ficar defasado. O envolvimento deve pensar em um grande investimento. Contratar uma equipe em Manaus nesse nível de capacitação vai ser outro custo grande, isso falando só em pessoal”, disse.

É possível

Fazendo uma analogia com a construção civil, o administrador e desenvolvedor de TI, Moisés Branco, afirma ser possível implantar as propostas, desde que se tenha uma boa fundação. “Assim como para se erguer um prédio se precisa de fundação, é o mesmo para a ‘smart city. Uma delas, e uma das mais importantes, por sinal foi a aquisição de um servidor robusto realizada pela atual gestão municipal”, conta. Com serviços à população, Branco vê mais possibilidades de dar certo, pela simplicidade e por poupar recursos humanos que podem ser remanejados a outras funções. “É possível sim, e até simples,
ter o horário e localização dos ônibus em tempo real. É possível também oferecer à população serviço
de agendamento de consulta via internet. Na educação, mais do que fazer matrícula todo ano, o passo futuro é ter matrícula automática, pois o sistema já vai saber a demanda e a oferta e faz a organização. A sociedade tem comodidade e os servidores são alocados a outros serviços que precisam de análise humana”, conta. Para a área de saúde, o conceito de ‘smart city’ oferece inúmeras vantagens. “Um ganho imenso seria a adoção de um prontuário eletrônico e em qualquer consultório da prefeitura, qualquer médico teria acesso ao histórico de saúde e cartões de vacinas do paciente. Isso é um ganho no tratamento. Falam muito de vínculo entre médico e paciente, mas na realidade o vínculo tem que ser com o serviço. Independente de qual médico está lá, o paciente/cidadão tem que ser tratado com qualidade”, explica. Para o administrador, além dos serviços à população, a ‘smart city’ vai facilitar a gestão interna. “Para isso deve ser implantado um ERP (Enterprise Resource Planning, ou Planejamento de recurso corporativo, em português) para automatizar e integrar processos e dados de todas as secretarias. O prefeito e os demais gestores poderiam, por exemplo, ter informações contábeis, de recursos humanos, da produtividade dos funcionários de todos os departamentos e assim tomar uma decisão mais assertiva”, afirma Branco. Já existe uma integração em andamento (de bases georreferenciais) que segundo Branco pode ser expandida para outras áreas. “Para a secretaria de saúde saber quais são as ruas de Manaus, alguém tinha que ir ao Implurb (Instituto Municipal de Planejamento
Urbano) pessoalmente e conseguir esses dados. Mas se alguma nova rua surgir, se algum nome mudar, essa base fica desatualizada e no outro mês tem que ir buscar de novo. Com a integração, todas as secretarias têm acesso às informações mais atuais umas das outras e isso ajuda a economizar tempo e no desenvolvimento de trabalhos de maior qualidade”, ressalta.

Custos reduzidos com o tempo

Para Branco, uma ‘smart city’ demanda altos custos, mas o que tem assustado a população é a falta de dados concretos sobre a implantação. “É necessário gastar o dinheiro do contribuinte em investimentos na instalação de fiação de fibra óptica, torres, etc. E o pior é que inicialmente é um investimento que ninguém vê, talvez por isso que os políticos têm tanta resistência a fazer essas melhorias, mas quando os serviços são entregues à população o ganho, inclusive político, é muito grande”, resume. Mais uma vez, o administrador usa como exemplo a área de saúde pública. “A secretaria de saúde mensalmente entrega medicamentos nas unidades de saúde e, da mesma forma, as outras secretarias tem seus departamentos de logística que fazem entregas em suas unidades. Não deve ser difícil de ter caminhões de várias secretarias fazendo entregas no mesmo bairro. Se isso fosse transformado em dados e os dados em informações poderiam otimizar essas entregas para que uma secretaria ajudasse a outra.
Isso economizaria em tempo e em custo”, conclui.

Conexão e rede devem ser avaliada

Para Kirmayr Tomaz, apesar das dificuldades de conexão, Manaus tem uma boa internet, pelo menos
em um ponto. “Ela vem de um backbone (‘espinha dorsal’, a rede principal pela qual os dados de todos os clientes da internet passam) da RNP (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa), passa por um POP (Point of Presence) na Ufam e segue para a Prodam que divide esse enlace. Sobre a intranet de Manaus, é necessário se fazer um estudo, pois dependendo da carga de dados que passem pelo canal isso pode prejudicar a velocidade da conexão. Uma dica para quem assumir a prefeitura em 2017”, finaliza.
Segundo Moisés Branco, para cobrir a cidade com Wi-Fi, garantindo maior alcance, vai depender de
investimentos e envolvimento. “Sempre fazem primeiro nas praças e locais públicos e geralmente o
serviço não tem qualidade. Tem também experiências de Wi-Fi em ônibus em outras cidades. Muitos deles dependem de uma parceria público/privada aí vai da prefeitura saber fazer essa articulação para ter o serviço com melhor qualidade”, conclui.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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