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Nova dinâmica para dragagem no Rio Madeira gera resultado

Nova dinâmica para dragagem gera resultado

O programa de dragagem permanente do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) que retomou os serviços no rio Madeira para a estiagem 2020, deverá trazer mais benefício para a navegação com reflexos positivos no desempenho do transporte fluvial. Isso porque diferentemente dos outros anos, que detinham uma dragagem contínua, o desassoreamento vai trabalhar em pontos específicos considerados mais críticos que começam em Porto Velho até o município de Manicoré. 

A dragagem de canais realizada ao longo desses três anos não era favorável, ou seja, em pouco tempo ia assoreando o que não trazia eficiência para a navegação. Explica o  conselheiro do Sindarma (Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas) e empresário do setor de navegação, Dodó Carvalho. “Era perda de tempo ficar dragando canal. É melhor que faça nos locais pontuais do que passar quase um mês retirando resíduos de determinado canal. A janela do Madeira é muito curta, então se tem um problema em 60 dias, quando chega final de outubro começa encher. Isso vai ser a solução do Madeira, considerando que é muito difícil aplicar nele o que é feito nos outros rios porque é um rio muito sedimentado e de muita correnteza”.

A mudança da modalidade de dragar pontos foi um pedido do setor junto ao Dnit que entendeu a necessidade e acatou a solicitação. Essa dragagem pontual vai acontecer só onde efetivamente tiver os torrões, que  impedem a passagem, com isso vai dragar mais rápido e só onde for necessário. “Dragou uma passagem de 40 metros, segue para outra. Neste ponto não vai mais assorear porque a correnteza não vai permitir”, explicou.

A inviabilização das atividades de dragagem do rio Madeira  sempre foi questionada pelo setor como um dos fatores que  limitam o desempenho do transporte fluvial na região e preocupa, principalmente com a chegada do período de vazante. Com o baixo nível das águas, as empresas de navegação são obrigadas a reduzir a capacidade de cargas transportadas das embarcações para continuar navegando. Além disso, as dificuldades de navegação quase que dobraram o tempo de viagem de Manaus (AM) a Porto Velho (RO).  “É o primeiro ano que vamos apostar nesse tipo de dragagem, tudo isso para que tivesse eficiência atendendo a necessidade da navegação”. 

Segundo o representante do setor, são 22 pontos considerados os mais críticos que vai de Porto Velho a Manicoré. “Têm anos que ficam mais evidentes quando a vazante é muito acentuada e têm anos que não precisa fazer nenhuma intervenção. Mas este ano, pelo que a gente tem observado em relação ao nível da água, provavelmente teremos uma vazante bem intensa. O período mais complicado é entre a segunda quinzena de agosto e outubro. É uma fase bem arriscada para o Madeira”. 

Ele comemora a iniciativa do órgão porque o Madeira é um rio importante para a região e parte da carga que consumimos em Manaus desce por ele e precisa ser ordenado.

A redução do nível do rio impacta no número de mercadorias transportadas,  um exemplo é o escoamento de grãos que cai na ordem de 50% da sua capacidade em função do calado. Já a carga de combustível sofre uma redução de 30% e isso encarece o frete porque aumenta o tempo de viagem em consequência de não conseguir navegar a noite.

Os prejuízos também refletem no valor dos fretes em torno de 15% ou nas despesas das empresas em razão da baixa produtividade. Como é mais longo o tempo de viagem acaba que a rotatividade é menor e com capacidade de carga menor.  Uma balsa de mil toneladas, por exemplo, vai navegar 750 a 800 toneladas e isso realmente repercute no custo da viagem, então acresce um custo na ordem de 15% até 20% dependendo do comboio. 

Segundo o Dnit, a dragagem ocorre com três dragas de sucção e recalque, divididas em duas frentes de serviço: foram alocadas duas dragas no passo Curicacas e uma draga no passo Miriti. Estes equipamentos são posicionados conforme orientação técnica do Dnit no eixo de um canal definido por meio de uma batimetria prévia do local, para identificar os locais com volumes de sedimento depositado na forma de bancos de areia. Após estes passos críticos, outros locais devem ser dragados, conforme mapeamento e indicação dos navegadores, com previsão de conclusão dos serviços em outubro, quando o período de baixa do rio se encerra.

Por dentro

De acordo com o Sindarma, anualmente, são transportados 12 milhões de toneladas pela Hidrovia do Madeira. Por ela, passam os maiores comboios da navegação interior, chegando a 40 mil toneladas de grãos. Na seca, cada comboio consegue transportar 7 mil toneladas.

O rio Madeira é um dos principais corredores logísticos do país e integra o Arco Norte – região que compreende os Estados de Rondônia, Amazonas, Amapá, Pará e segue até o Maranhão. Pela hidrovia do Madeira, ocorre o escoamento da produção agrícola, principalmente soja e milho de Mato Grosso e Rondônia, e insumos como combustíveis e fertilizantes, com destino a Porto Velho e Manaus, além de alimentos e produtos produzidos na Zona Franca de Manaus.

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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