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NOTAS & OPORTUNIDADES – A reciclagem na construção civil em Manaus

É de conhecimento amplo que a cidade de Manaus passa por uma transformação em sua infraestrutura global, especificamente a viária, incluindo-se nesse caso estradas de acesso e ruas internas urbanas, e também por conta de novas edificações comerciais, residenciais, hoteleiras e institucionais.

Não se pode deixar à margem as inúmeras obras do Parque Industrial, tanto de construção, como de reforma e ampliação de fábricas e até mesmo de portos particulares que atenderão a navios de grande calado para o transporte de matéria-prima e de produtos acabados dali advindos.

Essas mesmas instalações portuárias possuem grandes pátios de armazenamento e movimentação de containners.
Tudo isso é reflexo dos intensos investimentos nacionais e estrangeiros na atividade econômica do país que se coloca em posição privilegiada frente a outras nações emergentes e de grandes potências consolidadas.

Entretanto, a enorme quantidade de resíduos sólidos da construção civil – tecnicamente chamados de RCD (Resíduos de Construção e Demolição) – gerada em cidades de diversos portes, tem sido fonte de inquietação em todo o mundo por conta de questões ambientais, econômicas e até mesmo sociais.

Dessa forma, a reciclagem dos resíduos de construção torna-se uma medida relevante a fim de minimizar impactos ambientais e de incentivar a busca por alternativas sobre sua reutilização.

A Resolução 307

Um dado importante foi apresentado pelo Conama, que culminou na publicação da Resolução 307/2002 onde se estimou que dos resíduos sólidos depositados de maneira irregular, cerca de 50% a 70% referem-se a resíduos de construção.

Ressalte-se que a citada resolução afirma que os geradores de resíduos da construção civil devem ser responsáveis pelos resíduos das atividades de construção, reforma, reparos e demolições de estruturas e estradas, bem como por aqueles resultantes de remoção de vegetação e escavação de solo.

É de relevância máxima a consideração da Resolução 307/2002, onde se afirma a viabilidade técnica e econômica de produção e uso de materiais provenientes da reciclagem de resíduo de construção civil.

Uma das possíveis aplicações é nas áreas planejadas para estacionamento e circulação de veículos, caso da obra da nova unidade da USP (Universidade de São Paulo) na zona leste de São Paulo. Proposta pelo DET (Departamento de Engenharia de Transporte) da Poli-USP, a ideia do “pavimento ecológico” contou com produtos fornecidos por empresas recicladoras credenciadas junto à Prefeitura de São Paulo.

Nesse sentido, e antevendo um futuro onde o aproveitamento econômico da escassez de matéria-prima e sua substituição por produtos que tragam consigo um componente ambientalmente correto, tal como os reciclados, poderão ajudar a incrementar a produtividade da construção civil em um sentido mais dinâmico e moderno.
Na Amazônia, uma região de bioma diferenciado e bastante sensível, temos a degradação de grandes áreas para prospecção de areia e de seixo, por exemplo, agregados utilizados na fabricação de concreto, dentre outras utilidades. Há ainda as áreas de empréstimo de material, utilizadas onde os cortes não são suficientes em volume ou qualidade para a realização de aterro de um leito estradal.

Por conta disso, a reutilização de toneladas de resíduos advindos de construção de edificações, demolição de prédios ou estradas trará a oportunidade de levantarmos uma opção à exploração de grandes glebas nativas.
É por todos conhecida a insuficiência de suporte, na maioria das vezes, do material utilizado na construção de base, sub-base e reforço de subleito em pavimentos de nossa região. Entretanto, estudos acadêmicos devem apresentar alternativas que melhorem a vida útil e a capacidade carga de pavimentos, iniciando-se por um pavimento sujeito a capacidade reduzida de tráfego.

Segundo fontes da Prefeitura de Belo Horizonte os agregados reciclados vem sendo utilizados naquela cidade desde 1996 na execução de revestimento primário, reforço de subleito, sub-base e base de pavimentos. A capital mineira possui três Estações de Reciclagem de Entulho.
A capital amazonense ainda não possui uma única usina de reciclagem implantada nem a Prefeitura um programa de gerenciamento de resíduos de construção civil que sejam capazes de atender os ditames da Resolução 307/2002.

O tema mostra-se, portanto, pertinente ao atual estado de discussão mundial sobre o meio ambiente, onde há uma elevada preocupação com a emissão de gases e a geração de resíduos.

Por conseguinte, a engenharia e a construção civil podem dar uma importante contribuição nesse esforço que se trava, ampliando as possibilidades técnicas de deposição e reutilização de resíduos e outros materiais, bem como, mostrando novos procedimentos construtivos em substituição às matérias-primas convencionais.

­Esta co­luna é pu­bli­cada às sextas-fei­ras e sábados e é
ela­bo­rada ­sob a coor­de­na­ção do engenheiro civil, formado pela Ufam (Universidade Federal do Amazonas) e analista tributário da Receita Federal do Brasil desde 2001, Luiz Eduardo Oliveira de Araújo.
[email protected]

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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