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‘Nós da linha de frente’ traz alento a quem enfrenta a pandemia

‘Nós da linha de frente’ traz alento a quem enfrenta a pandemia

‘Nós da linha de frente’, esse é o nome do projeto idealizado por professores da UEA com o objetivo de oferecer serviços psicológicos e multiprofissionais gratuitos aos profissionais de saúde, da linha de frente, seus familiares e até para o pessoal da imprensa. Até o momento, mais de 100 pessoas estão envolvidas na ação, entre estudantes e profissionais formados.

“O projeto é uma ação que surgiu a partir do Projeto de Extensão da Universidade do Estado do Amazonas. A primeira versão dele se deu no primeiro pico da pandemia, em Manaus, no ano passado, e tinha o objetivo de oferecer um espaço de troca entre os profissionais de saúde da linha de frente. Começou com uma reunião entre profissionais de vários Estados do país. Hoje o projeto está tomando proporções gigantescas”, explicou Márcio Santos, professor da UEA, e um dos coordenadores da ação.

Márcio Santos: ação ajuda profissionais de saúde e também da imprensa

A ideia inicial do ‘Nós da linha de frente’ foi da professora Munique Therense. De uma reunião entre trocas de experiências, outros coletivos se juntaram ao incipiente projeto, que se expandiu rapidamente.

Todos os serviços oferecidos são online, por uma plataforma digital (WhatsApp, Meet ou Zoom). Entre os vários coletivos, o ‘Escuta Compassiva’, grupo de psicólogos voluntários que se propõe a escutar a população amazonense nesta crise atual da pandemia; o ‘Conexão Afetiva’, de São Paulo, que oferece plantão psicológico para profissionais da linha de frente; o ‘Time Humanidades’, da UFRJ, que também oferece uma rede de conversa para profissionais da linha de frente; o ‘Epsico’, espaço de atendimento psicológico da UEA, que está oferecendo um conjunto de serviços, dentre eles, a escuta aos profissionais da imprensa e para população em geral.

Familiares e imprensa

À medida que o ‘Nós da linha de frente’ vai se tornando amplamente conhecido, vão surgindo novos pedidos de ajuda nesse momento difícil para a população do mundo, mas ainda mais para os profissionais da linha de frente.

“Até o momento não sabemos ao certo o número de atendimentos, pois cada coletivo tem atendido grupos específicos, com fisioterapeutas e fonoaudiólogos, além dos psicólogos”, disse.

“Lidar com inúmeras perdas tem deixado os profissionais em estado de angústia. Os espaços servem para se pensar sobre esses momentos em que se deparam com muitas mortes. Nós, profissionais, de uma forma geral não estamos preparados para ver esse caos que tem acontecido em nossa cidade, daí precisarmos ter um momento para trocas de experiência e suporte. Ao dar suporte a esses profissionais, eles se sentem mais aliviados por verificarem que não estão sozinhos nessa jornada e que tem um grupo de pessoas que se importa com o esforço deles no cotidiano de seus trabalhos. Ter um espaço de escuta e acolhimento nesse momento é indispensável a esses homens e mulheres”, completou.

Os familiares dos profissionais da saúde também têm um espaço de escuta no ‘Nós da linha de frente’, pois vivem o cotidiano dos profissionais da saúde, que muitas vezes chegam em casa com um alto nível de exaustão. Outra situação, muitas vezes, é a falta de contato desses profissionais com seus familiares por conta do contágio. Isso os deixa isolados, o que pode acarretar uma disfunção na família.

“Também dedicamos uma atenção para os profissionais da imprensa, que fazem a cobertura do momento caótico, vendo o sofrimento da população brigando por atendimento, perdendo seus entes queridos. Tem sido difícil, com certeza, para muitos jornalistas que estão na linha de frente. Percebemos isso a partir de uma matéria que falou sobre o assunto, então o ‘Nós da linha de frente’ decidiu oferecer um espaço de escuta e troca ao pessoal da imprensa”, destacou. E até os ‘coveiros’ recebem um olhar com o atendimento denominado ‘Operadores de Campo’.

Impressos para sempre

O “Nós da Linha de Frente” está atuando com os seguintes segmentos: atenção psicológica e redes de conversas virtuais, ambos para profissionais da linha de frente; grupo de ajuda mútua entre profissionais da saúde; grupo de ajuda mútua entre fisioterapeutas; além de palestras com a paliativista dra. Ana Cláudia Quintana Arantes (Casa do Cuidar).

“Sobre se essa situação de estresse fortalecerá, ou debilitará, quem está na linha de frente, só posso dizer que toda experiência nos fortalece, mesmo que seja negativa. Não sei se deixará sequelas porque cada sujeito reage de uma forma diferente, mas com certeza serão momentos impressos nas ações desses profissionais para toda a vida”, revelou.

Para obter acesso aos serviços, basta acessar o link https://linktr.ee/nosdalinhadefrente e escolher qual necessidade precisa no momento. Alguns serviços têm atendimento de segunda a sábado, das 8h às 22h. Os grupos de WhatsApp funcionam com horário mais flexível. Mais informações podem ser obtidas através do e-mail: [email protected]

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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