As fusões e aquisições de empresas brasileiras alcançaram US$ 34,7 bilhões em negócios este ano até agora, segundo dados compilados pela Bloomberg. É quase quatro vezes o volume de operações em 2020. Ao mesmo tempo, as emissões de ações por empresas brasileiras saltaram 83%, para R$ 69,6 bilhões (US$ 13,6 bilhões).
A busca de investidores por aplicações mais rentáveis em meio aos juros baixos renovou o interesse por ações negociadas em Bolsa. Capitalizadas, as empresas vão às compras de rivais que viram sua receita afetada pela pandemia persistente no país.
“Muitas empresas estão com o caixa cheio depois de ofertas de ações e estão aproveitando a oportunidade para fazer movimentos de consolidaçao”, explica Alexandre Bertoldi, sócio do escritório Pinheiro Neto Advogados.
O Pinheiro Neto é o segundo no ranking de assessores jurídicos em fusões e aquisições no Brasil e trabalhou junto com a Hapvida na sua fusão de US$ 10,6 bilhões com a Notre Dame Intermédica, a maior transação deste ano.
A Intermédica, que levantou R$ 16,9 bilhões em cinco ofertas públicas de ações desde 2018, de acordo com dados compilados pela Bloomberg, anunciou que concordou em comprar por R$ 1 bilhão um concorrente menor, o Centro Clínico Gaúcho, um provedor de planos de assistência médica e odontológica.
A Hapvida levantou cerca de R$ 8,5 bilhões em três ofertas de ações no mesmo período.
A provedora de serviços de educação Afya, que abriu o capital na Nasdaq em 2019 e fez uma oferta de ações posterior, levantou US$ 642 milhões nas duas transações.
A Afya anunciou em maio a compra da faculdade Unigranrio por um valor de R$ 700 milhões. Ela adquiriu outras quatro empresas este ano, incluindo uma de tecnologia de saúde e uma rede de drogarias.
“O mercado de ações em expansão está alimentando diversos negócios de fusões e aquisições e estamos trabalhando muito”, afirma João Ricardo de Azevedo Ribeiro, sócio sênior do Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados, que ficou em primeiro lugar entre os assessores jurídicos em fusões e aquisições.
Outras empresas brasileiras estão tentando vender unidades para investidores estrangeiros.
A Stepan, sediada em Northfield, Illinois, nos Estados Unidos, e o fundo de private equity Advent International estão entre as companhias negociando para comprar a unidade química do conglomerado brasileiro Ultrapar Participações, a Oxiteno, em um negócio que pessoas a par do assunto disseram que poderia ser avaliado em cerca de US$ 1 bilhão.
No entanto, esse tipo de negociação é hoje uma exceção.
“As transações ‘cross-border’ têm sido raras, pois os investidores internacionais não são os principais compradores”, disse Marcos Gonçalves, chefe de fusões e aquisições da XP. As informações são de O Globo.
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