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Negociações não repõem a inflação

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Cerca de 300 unidades de negociação de reajustes salariais de empresas privadas e estatais foram analisadas em todo Brasil. No Amazonas, 55,6% das nove unidades de negociação avaliadas pelo SAS (Sistema de Acompanhamento de Salários) e pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), não conseguiram repor a inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no primeiro semestre deste ano. Mesmo com os resultados do balanço não sendo muito animadores, houve uma pequena melhora em relação ao mesmo período do ano passado, quando a recessão dificultou as negociações, explica o supervisor técnico do Dieese no Amazonas, Inaldo Seixas. “Com a mudança da atual conjuntura econômica já está havendo um melhor comportamento na negociação”, disse.

Apenas 11,1% conquistaram aumentos reais, ou seja, reajustes acima do INPC, outros 33,3% do painel analisado obtiveram apenas reajustes iguais à inflação. Na maioria dos casos, as negociações ficaram na faixa de até 1% abaixo da inflação. Segundo o balanço, no primeiro semestre, os meses de março e maio são os períodos que mostram todas as negociações com reajustes abaixo do INPC. No mês de janeiro, observou-se uma dimensão de 60% de reajustes inferiores à inflação e de 40% deles obtiveram reposição igual ao índice.

Em fevereiro, os resultados das negociações apresentaram uma grande melhora e um aumento de reajustes que conseguiram repor a inflação, atingindo o percentual de 50%. Segundo dados, os reajustes que superaram a inflação também atingiram os 50%.

Seixas destacou o apoio coletivo dos sindicatos que, segundo ele, contribuíram bastante para os avanços das negociações principalmente na busca dos interesses dos trabalhadores. “A participação dos sindicatos foi fundamental devido a todo o apoio coletivo que eles fizeram, principalmente no que diz respeito a pressionar os empresário para a realização dos reajustes”, contou.

Ligeiro aumento
A pesquisa mostra um ligeiro aumento dos reajustes acima da inflação em 2017 na comparação ao ano anterior. O percentual de reajustes acima da inflação que mantinha predominância estável até 2014 teve queda a partir de 2015 e completamente ausente em 2016, motivado pela crise econômica e gradual aumento dos índices inflacionários.

Os reajustes necessários para repor as perdas salariais foram aumentando e tornando cada vez mais difícil a negociação de reajustes acima da inflação.

“Houve uma pequena melhora em relação ao ano passado e a diminuição da inflação é um fator importante para realizar todo o processo, isso porque é muito difícil negociar com a inflação muito alta onde os números encontram-se com dígitos muito elevados”, destacou o supervisor.

Taxas negativas predominam no Amazonas
A variação real média das negociações no Amazonas começa uma escala descendente, tornando-se a maioria negativa a partir de março de 2015. Mas, apesar de índices de inflação muito baixos, a variação real média nos meses do primeiro semestre de 2017 foram predominantemente de taxas negativas.
No primeiro semestre de 2017, 100% dos reajustes salariais analisados foram pagos de forma integral, diferentemente do ano anterior onde somente 50% dos reajustes foram pagos de uma única vez e se igualando ao mesmo patamar observado nos anos de 2012, 2014 e 2015.

No que se refere à autorização de abonos salariais e ao pagamento escalonado de reajuste (pagamento diferenciado de reajuste segundo faixas salariais definidas), nesta análise será feita a comparação entre os acordos realizados nos anos de 2012 a 2017 pelas mesmas nove unidades de negociação consideradas no presente balanço semestral.

O que se observa no primeiro semestre de 2017 é a manutenção da mesma proporção de negociações com reajuste escalonado ocorridos nos três últimos anos. Entre 2013 e 2017, pouco mais de 11,1% das nove unidades de negociação pagaram reajustes de forma gradual. Em 2012, esse percentual era o dobro, 22,2%. Em 2016, e em 2017 não foram observados pagamento de abonos salariais.

Das seis unidades de negociação da indústria amazonense, 50% dos reajustes analisados resultaram em perdas salariais reais, 33,3% conseguiram repor à variação do INPC e 16,7% conseguiram aumentos reais nos seus salários. O comércio, não teve unidade de negociação no primeiro semestre, as negociações deste setor são feitas no segundo semestre do ano. O setor de serviços apresentou um resultado pior que a indústria onde os reajustes sem reposição do INPC, alcançaram o patamar de 66,7%, e 33,3% somente conseguiram repor a inflação.

De acordo com os dados do balanço, o segmento da indústria destacou-se com um reajuste superior à inflação. Nos serviços, somente o segmento de segurança e vigilância se destacou, obtendo reajuste com reposição das perdas inflacionárias.

A análise dos reajustes segundo o tipo de instrumento coletivo mostra que não houve reajustes em forma de acordos coletivos (documentos resultantes da negociação por empresas). Quanto às convenções coletivas (documentos resultantes da negociação por categoria) apresentaram percentuais maiores de negociações com reajuste abaixo da variação do INPC, 55,6% contra 33,3% que conseguiram repor a perdas derivadas do aumento de preços medido pelo índice de inflação e apenas 11,1% acima da inflação.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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