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Necessariamente Ficha Limpa

Moisés, há cerca de três mil anos, trouxe do alto de uma Montanha uma mensagem divina com certos princípios que seu povo deveria observar para sobreviver. Eram regras muito mais morais que propriamente governamentais, visando um convívio humano salutar e construtivo. Entre esses princípios estava o de “não roubar”.
Nossa justiça perdoa em grande parte os que roubam para saciarem sua fome, pois são considerados crimes que envolvem certas necessidades essenciais. Às vezes a subtração é uma estratégia de sobrevivência, quando se luta desesperadamente por isso, em tempos de desemprego. Há ainda quem o faça por extrema dependência de drogas, por exemplo. Porém, há também motivações menos vitais, como a induzida pelas tentações da sociedade de consumo e sua publicidade alienante. Ou ainda o desejo de viver melhor do que se vive, ao lado de tamanho luxo e ostentação.
Em 1964, um golpe militar implantou em nosso país um regime de exceção, que dizia ter como objetivos acabar com a subversão e com a corrupção. Com o primeiro desses objetivos o que se pretendia, a mando dos privilegiados de nossa sociedade e dos interesses externos que conhecemos, era bloquear as propaladas reformas que a esquerda daquele tempo estava tentando implantar, rumo a uma sociedade de caráter mais socialista, pensemos assim.
O segundo objetivo – acabar com a corrupção – não era senão um pretexto para levar mais pessoas às celas ocultas dos quartéis, já que é comum dizer que ela, a corrupção, só progrediu em sua perversa ação entre nós.
Desta forma, podemos pensar que se o aumento do roubo leva a um sentimento de insegurança, o aumento da corrupção –ou do conhecimento dela- leva a um sentimento de indignação, porque ela tem vários outros agravantes.
Um deles é de que os que usurpam recursos públicos não estão do lado de fora, mas dentro do cofre que é de todos nós.
Por serem exatamente os encarregados da sua guarda e administração, nos fazem sentir que a subtração do dinheiro nacional só vai parar quando o cofre se esvaziar, ou o pais quebrar atolado em dívidas lastreadas em títulos governamentais inseguros, digamos.
Entretanto, a chamada Lei da Ficha Limpa, de iniciativa popular, movimentou enorme parcela de nossa população em prol de uma moralização na política nacional.
Isto posto, o novel ato legislativo apenas reforça nossa preocupação em atingir uma melhor qualidade dos nossos representantes parlamentares e executivos. A probidade dos homens exercentes de cargos públicos deve de todas as formas ser requerida a fim de evitarmos sangrias no erário.
Os Tribunais Eleitorais, agora as vésperas de nova eleição para renovação do quadro nas Assembléias Legislativas, na Câmara Federal, no Senado da República e no topo das administrações estaduais e federal tem envidado esforços magnos para fazer cumprir os ditames da nova lei.
O controle, nesse e em muitos outros casos, necessariamente deve ser prévio, antes da chegada dos lobos ao pote de ouro. Sem dúvida o poder judiciário fará sua parte requerendo daqueles que se submetem à vontade popular toda a comprovação de sua ilibada vida particular para fins de se fizerem dignos representantes daqueles seus representados.
Grande foi a sabedoria e a paciência divina ao passar a Moisés regras de condutas há milhares de anos, nossa paciência com os corruptos e dilaceradores da bolsa pública tem chegado cada vez mais ao limite do tolerável.
Não deixemos pois passar a oportunidade de elegermos cidadãos dispostos a mudar a atual percepção moral de nossos quadro político. Avancemos para o que é novo e comprovadamente limpo e comprometido com o futuro do Estado do Amazonas, em particular, e do Brasil, de forma geral.
Até a próxima.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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