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My Manhattan Jazz entrega música em delivery em Manaus

Pedir pizzas por delivery, refeições, medicamentos e tudo o que se possa precisar em casa se tornou uma necessidade com a pandemia, agora pedir uma banda de jazz, para executar Ray Charles, Frank Sinatra, Billie Holiday ou Ella Fitzgerald em sua casa é uma novidade, em Manaus. Pois é o que o jazzista Humberto Amorim está fazendo, junto com a sua banda, e as solicitações não pararam, desde que ele começou divulgar o serviço do ‘Jazz Delivery’ há um mês. Na primeira semana já teve um cliente e a agenda da ‘My Manhattan Jazz’ está ficando lotada. O nome original da banda de Humberto é ‘All That Jazz’, com cinco músicos, mas como o decreto do governo estadual proíbe apresentações com mais de três músicos, esse número é obedecido pela ‘My Manhattan Jazz’, com um pianista, um contrabaixista acústico, e um baterista, mais Humberto cantando.

“Tive essa ideia porque cansei de ver artistas, mas principalmente meus músicos, sem terem de onde tirar seu sustento. Alguns deles vivem somente de suas apresentações, que não estão acontecendo”, lamentou.

Desde que restaurantes e adegas tiveram que fechar suas portas, por conta da pandemia, a ‘All That Jazz’ perdeu seus principais palcos.

“Agora reabriram, mas estes espaços só podem ter 50% de seus lugares ocupados por clientes. Não tem como pagar o cachê dos artistas, depois, mesmo que entre algum dinheiro, são poucos os clientes. O dinheiro do cachê não compensa”, disse.

Choro de emoção

Há algum tempo, com o conhecimento que desfruta em Manaus, Humberto Amorim vem recolhendo cestas básicas com amigos empresários e distribuindo entre radialistas, jornalistas, músicos, e até venezuelanos, que encontra nas ruas da cidade. Com isso, já angariou mais de 800 cestas. Realizou duas lives no ‘Porão do Alemão’, somente para receber cestas, que chegaram aos montes.

“Existem artistas que moram em locais, onde as pessoas também estão sem trabalhar, e sem dinheiro, e eles ainda dividem as cestas que recebem, com estas pessoas”, revelou.

O sucesso da ideia de Humberto foi tanto, que os seus músicos voltaram a tirar belos sons de seus instrumentos musicais, há muito em silêncio, como nos bons tempos.

“Após a nossa primeira apresentação delivery um dos músicos chorou quando recebeu o seu cachê. Fazia muito tempo que ele estava sem dinheiro, vivendo de favores e doações. Com o dinheiro do cachê dava para ele comprar ao menos quatro cestas básicas”, comemorou.

Para atender ao máximo possível de músicos, Humberto está trabalhando com dez deles, fazendo rodízio nas apresentações, que seguem todos os protocolos de segurança contra a covid.

O grupo chega à casa do cliente e fica num canto previamente acertado, afastado de seus moradores e convidados. Os músicos ficam distantes um do outro, usando máscaras, com exceção do sax. A platéia também não pode ter mais de dez pessoas.

“Geralmente não levamos sax, mas procuramos atender aos pedidos dos clientes e um deles, recentemente, quis um sax”, disse.

Inicialmente o projeto do ‘Jazz Delivery’ previa apresentações apenas nas noites de sexta e sábado, mas um casal, cujo aniversário de um era na quarta-feira, e do outro no domingo, pediu que as apresentações fossem nesses dois dias, então o grupo nem pensou em recusar. Agora estão abertos a solicitações para qualquer dia da semana e, dependendo do horário, se todos estiverem disponíveis, também para qualquer horário.

Dignidade de volta     

A performance da ‘My Manhattan Jazz’ demora entre 1h5 e 2h e o repertório , além dos jazzistas citados no início, conta com músicas de Tony Bennett, Tom Jobim, Sarah Vaughan, e mesmo Elvis Presley e The Beatles. Mas o cliente pode dar sugestões, inclusive, ‘viajar’ com a apresentação do grupo.

“O próximo cliente, onde vamos tocar, pediu total anonimato. Foi um emissário, que nos contratou. Durante a apresentação nós vamos ficar por detrás de uma cortina enquanto eles jantam. A última meia hora do show deverá ser com músicas dançantes, pois eles querem dançar. Também nossos celulares serão recolhidos para não documentarmos nada. Estamos aqui para atender aos desejos de casais apaixonados”, falou.

Humberto Amorim revelou estar muito satisfeito com o sucesso do ‘Jazz Delivery’, que tem sido além do que ele imaginava. Segundo o jazzista, seus músicos voltaram a ter dignidade profissional.

“De que adianta um músico com a categoria deles ter o dom para o instrumento, se não tem o palco e a plateia? Agora descobrimos um novo palco, além dos restaurantes, das adegas e das casas de shows. É provável que o ‘Jazz Delivery’ se perpetue”, adiantou.

Outras informações: 9 9177-9381, Instagram: @oldblackeyes      

Foto/Destaque: Divulgação      

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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