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Museu da Amazônia cria curso sobre aracnídeos de Manaus

Acontece na sexta-feira, 25, no Musa (Museu da Amazônia) o ‘Curso teórico prático de aracnídeos’, ministrado por Thiago Gomes de Carvalho, formado em ciências naturais e mestre em zoologia pela Ufam, e quem pensa que aranhas assustam todo mundo, se engana. Tão logo o Musa divulgou a realização do curso em suas redes sociais, as vagas foram preenchidas rapidamente. Em entrevista ao Jornal do Commercio, Thiago explicou que aracnídeos não são apenas aranhas, mas uma série de outros animais, indagou sobre o por que as pessoas têm medo de aranhas e mostrou o caminho para quem desejar ter uma imensa caranguejeira como pet. 

Aracnídeos não são apenas aranhas – Foto: Divulgação

Jornal do Commercio: Explique como será esse seu curso no Musa e qual o objetivo dele? 

Thiago Gomes: O curso de aracnídeos será dividido em duas etapas, uma teórica e outra prática, com noções básicas sobre algumas espécies de aracnídeos existentes na região de Manaus. O objetivo é divulgar informações úteis e interessantes sobre as espécies de aracnídeos que temos em nossa região, aproximar as pessoas deste grupo de animais para que possam entender porque são importantes para a qualidade do ambiente.

JC: Qualquer pessoa pode participar dos próximos cursos? 

TG: Qualquer pessoa, com qualquer nível de conhecimento pode participar. Essa será uma abordagem básica, porém, abrangente sobre o grupo dos aracnídeos. A única restrição é com relação à idade. Apenas maiores de idade podem participar, por motivos de segurança, pois vamos conhecer algumas espécies venenosas.

JC: Desde quando vem esse seu interesse por aracnídeos, um animal pelo qual a maioria das pessoas sente repulsa? 

TG: Desde muito cedo sou fascinado por aracnídeos, passava horas observando as aranhas construírem suas teias, capturando presas, enfim. Quando fiz minha graduação iniciei as pesquisas em bibliografias especializadas e meu fascínio só aumentou. Não entendo o lance da repulsa para com os aracnídeos. Das mais de 100 mil espécies conhecidas, temos raros casos de animais que podem oferecer algum risco à nossa saúde.

JC: Aracnídeos são desde aquelas pequenas aranhas de casa, até caranguejeiras, encontradas nas matas? 

TG: Quando falamos de aracnídeos, estamos nos referindo a diversos grupos de animais. A classe arachnida inclui os escorpiões, os ácaros, os carrapatos, as aranhas, os opiliões, os amblipígeos, os telifonidos, os ricinúleos, os palpigrados, os solífugos, os pseudoescorpiões e os schizomidos, ou seja, muitos animais que a grande maioria das pessoas nunca teve contato. As aranhas, embora sejam os que mais entram em contato com os seres humanos, representam apenas um dos muitos grupos de aracnídeos.

JC: Quantas espécies delas existem na Amazônia? Todas são venenosas? Como saber se são, ou não, venenosas?

TG: Essa é uma pergunta bem difícil de responder. É complicado fazermos uma estimativa de quantas espécies existem porque o conhecimento que temos da diversidade de aracnídeos amazônicos ainda é muito limitado para poder fazer estimativas realista do número real de espécies. Se somarmos os inventários feitos, só na reserva Adolfo Ducke passa das mil espécies, e somente de aranhas. Dos outros grupos de aracnídeos não tem como saber, pois demandaria mais pesquisas.

Reserva Adolfo Ducke abriga mais de mil espécies de aranhas – Foto: Divulgação

JC: Qual a importância dos aracnídeos para a natureza de uma determinada região? 

TG: Quando perguntamos a importância de um organismo, de forma simples queremos saber se a forma que o animal vive ajuda a manter o que chamamos de equilíbrio ecológico. Neste caso todo e qualquer organismo possui um papel fundamental em seu habitat natural. No caso das aranhas, e quase todos os aracnídeos, a forma como eles vivem mantêm em controle populações de diversos outros animais, incluindo insetos, anfíbios, serpentes e até aves. Consideramos grande parte dos aracnídeos, predadores chave, incluindo os próprios aracnídeos, pois diversas espécies são predadoras de seus semelhantes.

JC: Tem algum problema se criar aranhas como animais de estimação?

TG: Essa questão é bem polêmica. Do ponto de vista legal, no Brasil é proibido ter aranhas e vários outros invertebrados como animais de estimação. Para justificar ter animais assim em ambiente de cativeiro é necessário se ter um estudo científico associado a uma instituição de pesquisa credenciada, para só então fazer o processo de emissão de autorização do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Biodiversidade), do contrário seria considerado crime ambiental se ter espécimes silvestres como pets. O negócio, então, é se contentar com aquelas, de menos de um centímetro, que costumam viver em casa.

Foto/Destaque: Divulgação

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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