De hoje até sábado, 10, representantes de municípios da Amazônia estarão em Manaus para debater a inclusão da região nas negociações de mudança climática. Promovida pela CNM (Confederação Nacional de Municípios do Brasil), a Cúpula Amazônica de Governos Locais pretende estimular debates em painéis temáticos, grandes plenárias e reuniões setoriais sobre gestão ambiental, tendo como tema central a Inclusão da Amazônica nas Negociações Globais de Mudanças Climáticas.
As soluções ambientais locais serão abordadas em discussões transversais sobre licenciamento ambiental, regularização fundiária, saneamento básico, habitação e mobilidade urbana.
A Cúpula Amazônica visa juntar forças, potencialidades e serviços ambientais para construir uma proposta concreta que não apenas valorize o patrimônio natural do bioma, mas que possa ser inserida também nos mercados internacionais de carbono, dando aos habitantes da floresta caminhos reais para conservação e desenvolvimento.
A programação inclui um painel introdutório, “Mudanças Climáticas, a Amazônia e suas Cidades”, com a participação de Carlos Afonso Nobre, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Klaus Jesper Bondam, da prefeitura de Copenhagen e Niro Higuchi, do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia).
Entre os temas abordados nos painéis estão a pluralidade nas negociações de mudanças climáticas, as redes de governos locais e bens comuns globais dentro do enfoque do clima e da biodiversidade, o olhar da ONU (Organização das Nações Unidas) para Amazônia e as alternativas para a Amazônia dentro das áreas de ciência e tecnologia. Participação da sociedade civil na proteção da Amazônia, gestão da água, regularização fundiária, logística, energia e mercado internacional de carbono também estão na pauta, assim como o contraponto entre iniciativa privada e responsabilidade socioambiental.
Fóruns setoriais
O programa inclui ainda fóruns setoriais com representantes do poder público local, comunidade técnico-científica, iniciativa privada e organizações não governamentais, entre outras atividades. Como resultado da cúpula será elaborada a Carta de Manaus, a ser entregue na COP 15, em Copenhague (Dinamarca).
Durante a cúpula, será lançado o livro “Governos Locais Amazônicos e as Questões Climáticas Globais”. A obra foi elaborada por pesquisadores da região e contém informações sobre a relação intrínseca entre a floresta amazônica e as mudanças climáticas globais.
O evento acontece no Studio 5 Centro de Convenções, na avenida Rodrigo Otávio, Japiim, zona sul. Mais informações podem ser encontrada no site www.cupula.cnm.org.br
Meteorologista alerta para lições do passado
Terremotos na Ásia, tsunami na Oceania e tempestade tropical no Pacífico são notícias diárias dos jornais de todo o mundo. No Brasil, diversos municípios têm sentido os impactos de fenômenos como chuva de granizo, enchentes, seca, baixa unidade do ar e aumento da temperatura e do calor. Diante do quadro, o diretor do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), Antônio Divino Moura, sugere qual a postura que deve ser tomada pelos municípios em relação a desastres ocorridos por mudanças climáticas.
Na avaliação de Moura, hoje, a meteorologia está mais preparada que no passado. “O monitoramento dos fenômenos, a previsão e a tomada de decisões pode diminuir os impactos econômicos, sociais e, principalmente, à vida”, destacou.
Para ele, fazer um levantamento das áreas de risco ocupadas pela população para desenvolver estudo e simulação é fundamental. “Fazendo simulados, a partir das situações que ocorreram ano passado, a Defesa Civil municipal fica muito mais preparada para atuar”, pontificou.
Alguns fatores têm interferido diretamente na mudança climática como, a alta emissão de gases de efeito estufa na atmosfera –gás carbônico, metano e outros. “É como se fosse colocado um cobertor a mais na atmosfera, retendo mais calor na superfície. Isso trás impacto na mudança de vento e distribuição de chuvas”, explicou.
Moura destacou também que os impactos da chuva –como deslizamentos de terras– dependem do local onde ocorrem. Segundo ele, a mesma quantidade de chuva causa efeitos distintos quando cai no oceano, em um vale, ou em um local habitado. Sobre os tsunamis e terremotos, o diretor do Inmet comentou que os fenômenos estão ligados à geofísica e às placas tectônicas de cada local. “É uma ação causada pelo deslocamento de placas” salientou.
País tropical
No caso do Brasil, Moura explicou que as regiões Sul e Sudeste normalmente são regiões chuvosas, por causa de frentes frias que vêm do Sul e têm maior residência na região. A frequência de chuva umedece o solo e causa deslizamentos. Por isso, Moura alerta, principalmente, para o fato de se aprender com o passado recente.
Ele esclarece que a meteorologia não atua na ponta com a população, e por isso é que toda a máquina administrativa deve estar envolvida, desde a Defesa Civil municipal até o governo federal. Para finalizar, o meteorologista citou os EUA como um exemplo a ser seguido, uma vez que se prepara, faz treinamentos e simulados, unindo os diversos componentes do sistema de previsão, alerta e Defesa Civil.
Diante dos aspectos de força e instabilidade dos fenômenos naturais, Moura defende que a melhor ação humana é em relação à orientação da população e o acompanhamento da meteorologia.