Como diz o velho ditado, em gestão nada é tão constante quanto as mudanças.Estas podem acontecer pelas mais diversas razões, desde a cultura de aperfeiçoamento tecnológico e ou administrativo da empresa até a tentativa de copiar um modelo vencedor .
Quando vemos uma organização inovadora e bem sucedida temos a impressão de que foram os novos produtos e as novas tecnologias que a levaram às mudanças , na verdade foram as mudanças que a levaram a esse desenvolvimento.
Foram a resistência à acomodação e o movimento constante , gerando uma cultura favorável às mudanças , que provocaram as mentes criativas e projetaram essa luz produzindo inovações . Há uma tendência nessas organizações dos processos precederem o produto.
Desenvolve-se uma técnica ou tecnologia e como resultado surgem os produtos.
O domínio de uma matéria, nesse caso, cria um incômodo pela necessidade de aplicação , visto que o equilíbrio encontra-se com o seu uso . A mente ou organização incansável busca entender e desenvolver o estudo sobre uma questão , quando bem sucedida agita-se para ver o resultado da aplicação .Ajustes de procedimentos e processos fazem-se no caminho, uma vez que a base está firmada.
O esforço é para mudar o incômodo, da descoberta à aplicação final e ter a satisfação do trabalho concluído . Lógico, até a próxima descoberta . Na outra ponta temos as empresas que procuram acompanhar as inovações para poderem concorrer no mercado em pé de igualdade , mas não tem a mesma cultura criativa . O fato de mudanças serem necessárias cria uma situação incômoda .
Nesse caso a empresa parte do produto a copiar para as mudanças de processo e finalmente de procedimentos e comportamentos .Em muitos casos o impacto é considerável e o incômodo gerado é de difícil assimilação , levando a empresa a fracassar no projeto.
Agindo na contramão a mudança provoca incômodo e como a tendência é de buscar acomodação muitas tarefas acabam sendo executadas de forma inadequada. Isso me faz lembrar o projeto de crescimento de uma organização, com constante atualização tecnológica, onde um dos empresários sempre nos perguntava: “ Quando vou ter um pouco de sossego, parar de investir , comprar máquinas e poder desfrutar mais da vida ? “.
O segmento em constante mudança gerava um tremendo incômodo para esse empreendedor , ao passo que para outros era uma necessidade básica e tinha efeito motivacional.
Um Chef de cozinha poderia fazer cada dia melhor seu arroz com feijão, bife e batatas , apenas melhorando o processo, contudo à medida que testa novos temperos, sabores, cria novos pratos.Assim é em qualquer segmento de negócios.
Alguns com impactos não tão contundentes , outros com brutais transformações . Os fabricantes de mídia para gravação de dados na área de computação se deparam com novidades a cada dia , o fabricante de pregos vai encontrar algumas novidades em processo e material e o fabricante de galochas praticamente nenhuma.
O título deste texto não é apenas um jogo de palavras, pois o entendimento do que provoca a maior insatisfação e não satisfação é que determina o sucesso ou fracasso de um projeto. Lembrem-se, de modo geral as pessoas não desistem dos projetos depois de tê-lo concluído, por não gostarem. Eles desistem no caminho.
Por essa razão um volume significativo de empresas não consegue levar em frente um projeto de organização ou reorganização. Muitas iniciam , mas dado os incômodos gerados desistem .
Outras avançam no processo , mas assim que o mentor , o incentivador ou a consultoria deixa a empresa tentam voltar a se acomodar na situação em que viviam.
Mesmo a água que gosta de calmaria e procura se acomodar no ponto mais baixo da montanha, onde não assola o vento, acaba nas turbulências dos oceanos.
Ivan Postigo é economista, bacharel em Contabilidade , pós-graduado em controladoria pela USP. e diretor da Postigo Consultoria de Gestão Empresarial. E-mail: