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Modelo Zilda Arns de ser e agir

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Como usar os modelos de empreendedorismo social de sucesso?
Assisti a uma entrevista da Zilda Arns e fiquei impressionado como os entrevistadores estavam encantados com o entusiasmo dela. Como eles a respeitavam e admiravam. Durante a entrevista mesmo questionada sobre tópicos tristes, não perdia o otimismo e a esperança. Não a vi falar mal um segundo sequer de ninguém, ao contrário, teceu vários elogios a diversas pessoas. Sempre muito bem-humorada, esperançosa e irradiante. Muito focada em resultado, sabia exatamente o que queria e onde queria chegar, tinha claro seus objetivos.

Zilda Arns fundou e dirigiu por muitos anos a pastoral da criança, teve uma vida de profunda e intensa dedicação aos mais necessitados, sua tarefa era assistir às crianças carentes de até seis anos de idade. Seu modelo de gestão influenciou ministérios e secretarias de saúde, seus dados estatísticos são considerados mais precisos que os próprios dados oficiais do governo. A pastoral está hoje em mais de 40 países no mundo. Morreu no Haiti onde estava em uma missão de ajuda por conta dos terremotos de janeiro de 2010.

Como então uma instituição do terceiro setor como a Pastoral da Criança que trabalha com voluntariado e com doações pode nos ensinar algo para a gestão de nossas organizações ou para nossos governos?
Primeiramente Zilda Arns tinha claro que sua missão nesta vida era ajudar as crianças, conhecia bem as taxas de mortalidade de nosso país, e definiu que iria diminuir esse número, quando começou seus trabalhos, para cada mil crianças que nasciam 82 morriam até o primeiro ano de vida, na data da entrevista estava em 12.

Sabia que o problema estava nas comunidades carentes de baixa renda e escolaridade. Lugares onde o governo tem pouco acesso e atuação. Tinha pistas e números dos órgãos oficiais que apontavam as causas da mortalidade infantil. Como queria resolver o problema, foi para perto dele, nas comunidades. Lá detectou que seria necessário elencar líderes comunitários, para que conseguissem resolver os problemas. Pessoas que pudessem trabalhar de graça, entusiasmadas e que se predispusessem a aprender como resolver os problemas, resolver e ensinar outros membros da comunidade na solução dos problemas locais.

Percebeu então que quem está no problema é que precisa aprender a sair dele e ajudar na sua solução. Pessoas voluntárias começaram a acompanhar o peso das crianças para acompanhar o desenvolvimento. Com isso sabia se a criança estava dentro dos padrões normais ou não e o que era necessário corrigir. Anotações sistemáticas, para ter estatísticas confiáveis, aliás neste quesito, de acordo com a ONU os dados da Pastoral são mais precisos do que dos órgãos oficiais do governo.

As aferições mostraram o tamanho da desnutrição e saúde. Isso levou ao próximo passo, a alimentação, como alimentar uma criança se os pais são pobres e não tem o que comer? Um novo problema surge, mas devido ao ânimo que lhe era peculiar, Zilda estimula achar a solução. Surgem então as hortas domésticas e o aproveitamento dos alimentos, a famosa multi-mistura que é praticamente o reaproveitamento do que se desperdiça dos alimentos que são jogados fora. Esses detalhes que muitas vezes são ignorados são na verdade a causa dos problemas, eles precisam e devem ser solucionados é o caso da baixa renda, pouco estudo, falta de auxílio e orientação.

O entusiasmo pelo trabalho era outra característica marcante nessa líder. Em nenhum momento da entrevista falou mal de ninguém e nem reclamou de nada. Tinha claro o tamanho do problema, mas sua energia era colocada para a solução e não para se lamentar. Seu discurso e suas ações convencem e contagiam as pessoas para a solução e para a fraternidade e caridade. Com isso conseguiu, voluntários doadores e apoio do governo. Seu discurso era coerente com a prática.

Incansável em elogiar, tanto as pessoas voluntárias como em divulgar as experiências positivas que foram descobertas pelas comunidades para que pudessem ser úteis às demais. Tinha absoluta clareza das regionalidades, sabia que uma boa refeição no Norte era composta por ingredientes diferentes da do Sul.

Uma gestora de mão cheia, parabéns Zilda, parabéns Pastoral da Criança.

Irineu Vitorino

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