Em reunião ontem com a bancada amazonense e o governador Wilson Lima no Congresso Nacional, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, confirmou a retomada das obras na rodovia BR-319 ainda no verão de 2020. O encontro em Brasília demorou mais de três horas e foi motivado pela não inclusão da estrada no pacote de R$ 100 bilhões anunciados pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) para a recuperação de rodovias federais nos próximos quatro anos.
Estiveram presentes na audiência com o ministro todos os parlamentares e governadores dos quatro Estados da Amazônia Ocidental – Amazonas, Acre, Roraima e Rondônia. Segundo o deputado Marcelo Ramos (PR-AM), a BR-319 não foi incluída nos investimentos de R$ 100 bilhões divulgados pelo ministério por ser um projeto de concessões voltado para a iniciativa privada a estradas que têm viabilidade econômica, o que não é o caso da rodovia que liga o Amazonas ao resto do País. “Esse pacote é só para empresas que conseguiram a concessão de estradas que cobram pedágio. E os recursos não são federais, são do próprio empresariado”, explicou o parlamentar.
Os financiamentos para a recuperação da BR-319 virão, porém, todo do Tesouro nacional, acrescentou Ramos. “O ministro assumiu o compromisso pela execução das obras. Ele foi muito assertivo e disse que o projeto está agora na pauta de prioridades do governo Bolsonaro”, afirmou. Segundo o ministro Tarcísio Freitas, será criada uma secretaria especial que cuidará de todo o processo de licenciamento ambiental para a execução de obras paradas em estradas por questões de impasses ambientais, como no caso a BR-319.
“Sabemos da importância da estrada para o Amazonas e estamos compromisssados com a execução desse projeto, fundamental para o desenvolvimento da Amazônia Ocidental”, afirmou o ministro durante a reunião com as lideranças políticas, ontem, em Brasília. Até o primeiro semestre do próximo ano, a secretaria especial a ser criada pelo governo Jair Bolsonaro cuidará das medidas de licenciamento ambiental, ainda de estudos de impactos e também de questões envolvidas com áreas indígenas para, em seguida, dar início à execução das obras na BR-319 já no verão de 2020.
Cada quilômetro de pavimentação da rodovia custará R$ 3 milhões, em média, chegando por volta de R$ 1,2 bilhão necessários para a conclusão dos 400 quilômetros da rodovia federal. Tido como um dos maiores defensores da viabilidade da BR-319, o deputado federal Sidney Leite (PSD-AM) disse que está agora muito otimista após a reunião da bancada e dos governadores dos quatro Estados da Amazônia Ocidental com o ministro Tarcísio Freitas, em Brasília. “Saí do encontro muito esperançoso, principalmente pelo peso político devido à presença em massa de parlamentares e governadores dos quatro Estados da região e, sobretudo, pela fala do ministro que se comprometeu em tirar o projeto de recuperação da estrada do papel”, afirmou o deputado federal.
De acordo com o deputado Marcelo Ramos, agora o próximo passo das lideranças políticas da Amazônia Ocidental após a promessa do ministro da Infraestrutura de recuperar a BR-319 será monitorar constantemente se, realmente, essas medidas anunciadas serão cumpridas – desde as questões que envolvem licenciamentos ambientais e de áreas indígenas, estudos de impactos até a execução das obras a partir do segundo semestre de 2020. “Vamos acompanhar todos os passos dessas ações que só trarão benefícios e promoverão o desenvolvimento dos quatro Estados da região”, afirmou o parlamentar.
O governador Wilson Lima também comemoru o resultado da reunião. "Saio otimista com o que ouvi do ministro Tarcísio, que disse que há um comprometimento, uma vontade política, do Governo Federal de recuperar e tornar trafegável a BR-319", disse o governador do Amazonas após o encontro com o ministro.
Durante a reunião, ao defender a pavimentação da BR-319, que liga Manaus a Porto Velho (RO), Wilson Lima destacou a importância da rodovia para a região Norte. "A BR-319 é fundamental não só para o desenvolvimento econômico, mas também para o desenvolvimento social do Amazonas e de outros estados da região como Rondônia, Acre e Roraima. São anos de discussão e é hora de fazer o que precisa ser feito, respeitando a questão ambiental, mas sem esquecer que a rodovia já existe", ressaltou.
O principal argumento das lideranças políticas durante o encontro com o ministro Tarcísio Freitas, em Brasília, foi de que a rodovia BR-319 é importante para escoar a produção do Polo Industrial de Manaus (PIM), além de permitir um maior intercâmbio comercial da região com outros Estados do Brasil. Além das opções da navegação marítima de cabotagem e das vias aéreas, hoje já bastante utilizadas, o Amazonas poderá contar com mais uma alternativa para levar seus produtos a outros mercados com grande potencial de competitividade.