Pesquisar
Close this search box.

Mineração e economia regional em pauta no Visão JCAM

O Visão JCAM realizou mais uma live para avaliar as potencialidades regionais com foco principalmente na rica biodiversidade, uma forma de apontar alternativas que gerem mais empregos e renda à população da região.

Desta vez, o tema sob discussão foi ‘Economia e a mineração artesanal no Amazonas’, um assunto hoje tão controverso que envolve grandes impasses, entraves ambientais, mas que tem sido, aos longos de anos, uma atividade mantenedora de diversos segmentos sociais e econômicos.

E os meios utilizados para a exploração desses recursos naturais continuam praticamente como antes, muitas vezes operando na clandestinidade. As gerações se revezam e lançam mão das mesmas ferramentas rudimentares que impactam negativamente no meio ambiente, afetando enormemente o ecossistema de uma região tão vasta como a Amazônia.

O novo encontro online teve como meta apontar soluções e projetos que possibilitem a extração dessa vasta riqueza mineral com mais responsabilidade, de forma autossustentável, usando novas tecnologias para promover o desenvolvimento já com esse novo viés de ações econômicas.

Com a mediação dos jornalistas Caubi Cerquinho e Fred Novaes, diretor de redação do Jornal do Commercio, as discussões reuniram os especialistas Serafim Taveira, presidente do Conselho da Mineração Sustentável da Amazônia; a geóloga Maria do Carmo, diretora técnica do Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas); Marcelo Veiga, professor emérito do Departamento de Engenharia de Minas da Universidade da Columbia Británica, Vacouver, Canadá. E ainda o geólogo Daniel Nava, coordenador técnico do Visão JCAM.

Participantes do encontro ofereceram um debate de alto nível – Foto: Divulgação

Os debates tiveram um feedback expressivo dos internautas. Os comentários e perguntas motivaram as discussões para um tema tão importante ao Amazonas, um Estado continental que reúne uma riqueza natural sem similar no planeta.  

Segundo o professor Marcelo Veiga, existem hoje pelo menos 3 milhões de pessoas que dependem diretamente da atividade mineradora no Brasil. E, no mundo, são aproximadamente 2 bilhões de habitantes. Ele avalia que há uma visão muito equivocada sobre a extração de minérios.

Veiga contesta afirmações de que a mineração é ilegal. Para o professor, a exploração acontece de forma informal, artesanal, em qualquer país do mundo. “O que interessa é o que se vai explorar e pagar de taxas”, explica Marcelo Veiga. “Sob esse ponto de vista, é um paradoxo afirmar que as atividades minerais são ilegais”, acrescenta.

O professor argumenta que existe, atualmente, todo tipo de tecnologia para explorar essas riquezas. Mas os custos são altíssimos. “Faltam investimentos para disponibilizar essas novas ferramentais e agregar conhecimentos que permitam a exploração sustentável e gere empregos, renda e mais riquezas”, afirma. “Trabalho há mais de 40 anos com mineração e vejo que é possível aplicar projetos autossustentáveis”.

Legal ou ilegal?

Para Veiga, o que contextualiza e configura a ilegalidade é se aproveitar dos garimpeiros para a lavagem de dinheiro – uma situação que pode acontecer em qualquer segmento atividade econômica.

A geóloga Maria do Carmo diz que só a ANM (Agência Nacional de Mineração) pode autorizar a exploração mineral no País. Os projetos são liberados desde que atendam às exigências estabelecidas sobre impactos e a viabilidade econômica.

Ela explica que o papel do Ipaam é fiscalizar possíveis danos ao meio ambiente, preservando áreas importantes para as populações que dependem da biodiversidade. “Projetos de mineração nos rios Madeira e Negro foram suspensas por deixarem de observar essas exigências legais, mas não significa que houve suspensão. Tem que se adequar para ter a concessão da ANM”, afirmou a geóloga.     

De acordo com Daniel Nava, pelo menos 40 projetos de mineração aguardam autorização para serem operacionalizados no Amazonas. A tramitação acontece com lentidão e nem todos têm o desfecho esperado por cooperativas de garimpeiros e outras empresas do setor.      

Serafim Taveira ressaltou ser possível pensar em mineração autossustentável no Amazonas, mas é importante evitar atividades invasivas que só destroem o meio ambiente. Para ele, a melhor solução é dar prioridade a projetos que não só explorem as jazidas, mas também permitam a recuperação das áreas degradadas com o aproveitamento dos rejeitos.

“Temos que mudar esse comportamento, ter mais conscientização, levando em consideração que é fundamental investir na preservação ambiental que nos proporciona todas essas riquezas”, defende.

De acordo com Taveira, o conselho regional da categoria disponibiliza, hoje, conhecimentos, novas tecnologias e a segurança jurídica necessária para viabilizar a exploração mineral devidamente, como exige a ANM. “Devemos mudar a mentalidade para a exploração desse rico potencial, tão vasto”, afirma.

Hoje, a Amazônia representa 40% da América do Sul e 60% do território do Brasil. A mineração artesanal na região está representada por atividades de lavra de ocorrências minerais desprovidas de informações geológicas básicas, executadas artesanalmente ou mecanicamente rudimentar. As expertises querem mudar esse cenário com a preservação do ambiente, gerar empregos e renda, alavancando o desenvolvimento e as atividades econômicas.

O vídeo da nova live do Visão JCAM está disponível no portal do Jornal do Commercio, no Youtube e nas mídias sociais.

Foto/Destaque: Divulgação

Marcelo Peres

Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar