Pesquisar
Close this search box.

Milho pode inviabilizar produção de ovos

A crise nacional no abastecimento do milho já afeta a avicultura de postura no Amazonas. Segundo a Faea (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas), se em até dois meses o fornecimento da matéria-prima não for equacionado, os preços devem ter aumento expressivo com riscos de inviabilização da produção de ovos no Estado. O problema, segundo os empresários do setor, é decorrente do aumento significativo das exportações do milho brasileiro, o que resulta no desprovimento do grão no mercado interno.
Conforme a Faea, o Estado demanda 60 mil toneladas de milho ao ano, das quais, 33% são produzidas pelos municípios amazonenses, o que corresponde a 21.430 toneladas ao ano. Entre os municípios produtores estão Santa Isabel do Rio Negro, Apuí, Boca do Acre, Manacapuru e Guajará. Os grãos atendem aos segmentos de avicultura (40 mil toneladas) e piscicultura e demais criações (20 mil toneladas). O quantitativo de 40 mil toneladas que chega à capital é proveniente da região Centro-Oeste, dos Estados de Mato Grosso (MT) e Goias (GO).
De acordo com o presidente da Faea, Muni Lourenço, a crise no abastecimento do milho é preocupante, principalmente em questões concernentes ao Amazonas, devido às dificuldades logísticas e à produção local que ainda é incipiente. Ele explica que o milho é o principal insumo da ração animal oferecido aos suínos, às aves, aos bovinos e à piscicultura. Porém, dentre eles, o setor que mais sofre os impactos negativos é o da avicultura de postura.
“Nos últimos 12 meses o preço do milho teve aumento de 130% no Amazonas. Tememos que esse segmento tenha problemas com fechamento de unidades produtivas como aconteceu no primeiro semestre com as granjas localizadas em Santa Catarina (SC). Temos um polo consolidado e representativo de produção de ovos no Amazonas, formado por quase 40 granjas de escala comercial, modernizadas com grandes investimentos e que geram aproximadamente 1,8 mil empregos diretos”, disse.
Na avaliação de Lourenço, o problema do desabastecimento é resultado do aumento significativo das exportações do milho brasileiro. Ele explica que a comercialização da matéria-prima cotada em dólar se tornou mais atrativa aos produtores nacionais frente à desvalorização da moeda nacional. “O aumento das exportações de milho e soja geraram o desabastecimento do mercado interno. O Ministério da Agricultura já estuda a redução de tarifas para a importação do milho. Apresentamos um conjunto de pleitos ao ministro na tentativa de atenuar essa crise, com foco no polo local de produção de ovos”, informou.
Dentre as solicitações apresentadas ao Ministério da Agricultura estão: o aumento dos volumes de milho transferidos para o programa viabilizado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento); o estabelecimento de critérios mais favoráveis à participação dos avicultores amazonenses nos próximos leilões de milho realizados pela Conab; e o aumento do limite de compra de milho disponibilizado pela Companhia Nacional.
“Não nos preocupamos somente com a produção de ovos, mas também com os empregos e com o consumidor amazonense. O ovo é o alimento mais barato. Porém, corre o risco de sofrer acréscimo no custo do preço final do produto. Se em até dois meses o problema do abastecimento não for equacionado os preços tendem a subir, agravando o risco de inviabilização da produção de ovos no Amazonas. A avicultura de postura é uma atividade que tem forte presença da colônia japonesa”, conclui.
Segundo o superintendente regional da Conab, Antonio Batista, o fornecimento de milho ao Amazonas está regular. Ele informou que nesta semana está prevista a entrega de 1,8mil toneladas da matéria-prima, volume que deve durar até outubro deste ano. Batista contou que as comercializações que acontecem por meio do Programa de Vendas em Balcão acontecem em ritmo lento.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar