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Michelle Moraes cria ecojóias de pet

Dados do 11º Censo da Reciclagem do Pet no Brasil mostram que o país reciclou 55% das embalagens de pet descartadas pela população em 2019. O volume equivale a 311 mil toneladas do produto, 12% acima do registrado em 2018. O faturamento gerado ultrapassou os R$ 3,6 bilhões, correspondente a 36% do faturamento total do setor do pet no Brasil. As informações são da Abipet (Associação Brasileira da Indústria do Pet), com a participação de 160 empresas de todo o país.

Uma parte desse material que está sendo reciclado, com certeza, passa pelas mãos da produtora e artista visual, e nas horas vagas artesã de ecojóias, Michelle Moraes. No dia de ontem ela encerrou o curso ‘Ecojóias – reutilizando com arte’, que durou três dias e aconteceu na Fundação Almerinda Malaquias, em Novo Airão.

A história de Michelle com as ecojóias começou ainda na adolescência.

“Estava naquela fase da adolescência em que queremos as coisas e nem sempre nossos pais têm dinheiro para comprar, então idealizei uns brincos de clips, desses de prender papel, enfeitados com miçangas, que vendia para minhas amigas. Nenhum brinco era igual ao outro”, recordou.

Em 2008 Michelle fez uma pós-graduação em artes visuais ‘Cultura e Criação’, no Senac. Seu trabalho de pesquisa foi ‘Desenho, materiais, inovação – um caminho da joalheria contemporânea’, sobre as jóias no Brasil e no mundo.

“Naquela época eu já tinha interesse nessa questão do meio ambiente, então fiquei pensando num material de fácil acesso que pudesse ser transformado numa ecojoia. Foi quando veio o insight do pet. A diferença da biojóia pra ecojoia é que aquela é feita com materiais da natureza tipo sementes, madeiras, pedras, enquanto esta é produzida com material descartável”, explicou.

Sonho adormecido

Colar de pet: há todo um trabalho de criação e montagem – Foto: Divulgação

A vontade de realizar um curso relacionando jóias com a temática ambiental teve início há mais de dez anos, em 2010,quando Michelle concluiu a pós graduação no Senac. Pesquisando os aspectos históricos e conceituais das peças, ela chegou a criar uma coleção delas confeccionadas com garrafas pet e resíduos do Polo Industrial de Manaus. O resultado superou tanto as expectativas que Michelle vislumbrou outras possibilidades. A coleção foi denominada PetInox, inclusive tendo desfile de lançamento e ficando em exposição na Saraiva MegaStore, no Manauara Shopping. O próximo passo seria comercializar as ecojóias.

“Mas naquela época eu já tinha a minha produtora de vídeos, que era a minha profissão. As ecojóias eu havia começado como um hobby, só que elas ganharam uma dimensão que eu não imaginei, porém, não pensava em abandonar a minha produtora para me dedicar a elas, então o ímpeto inicial cessou, mas a idéia de trabalhar com esse material, não”, contou.

Michelle inclusive deu aulas na Uninorte ensinando a como produzir ecojóias. Foi quando ela percebeu que as criações, além do teor artístico e com possibilidades comerciais, também poderiam representar um caminho para a realização de um trabalho sócio-educativo, de caráter ambiental, no âmbito do ecodesign, e que possibilitasse às pessoas de baixo poder aquisitivo uma alternativa para o aumento de renda. Mas esse seu sonho permaneceu aguardando a realização por dez anos.

Este ano, aproveitando o lançamento do Edital Cultura Criativa – Prêmio Encontro das Artes, pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa e voltado para o interior do Estado, através da Lei Aldir Blanc, Michelle teve contemplado o seu projeto ‘Ecojoias – reutilizando com arte’.

“Nesse tempo todinho, as pessoas sempre me cobravam as ecojóias, que eu nunca mais tinha feito, prova que o trabalho era bom”, disse.

Colares, brincos e braceletes           

Pulseira feita de pet – peça ganha desenhos e novos itens – Foto: Divulgação

“Não se trata de apenas pegar uma garrafa pet, cortá-la e pronto. Há todo um trabalho de criação e montagem. No começo eu trabalhava só com as garrafas brancas e verdes, mas depois comecei a pintá-las, para dar outro visual. Num primeiro momento as pessoas podem até não dar muito valor por se tratar de pet, mas quando vêem o resultado final, mudam de opinião. Tem aquelas que ficam surpresas ao ver as ecojóias, e as que não se espantam porque já têm ligações com as causas ambientais”, falou.

Michelle: “Não se trata de apenas pegar uma garrafa pet, cortá-la e pronto” – Foto: Divulgação

Das habilidosas mãos de Michelle, saem colares, brincos, braceletes e outros acessórios. A proposta vai ao encontro de uma tendência na moda que defende o consumo responsável, reaproveitando peças e materiais que seriam descartados, transformando-os para o reuso, e aumentando o tempo de vida útil das vestimentas e acessórios.

“Do pet passei para outros materiais, de qualquer embalagem plástica, que não tenha tido nenhum contato com produtos tóxicos. Agora, talvez, eu não pare mais de ensinar essa forma de arte. Já tem instituições me procurando para ministrar cursos”, revelou.

Quem tiver interesse em participar dos cursos promovidos por Michelle, ou mesmo adquirir as ecojóias de sua produção, pode pedir informações pelo: 9 8463-5049.

Foto/Destaque: Divulgação

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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