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“Meu foco é na definição do andamento das coisas no Amazonas”

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Nome reafirmado recentemente para a sucessão da CNC (Confederação Nacional de Comércio), o presidente da Fecomércio-AM (Federação do Comércio do Estado do Amazonas), José Roberto Tadros, conversou com o Jornal do Commércio sobre a possível indicação ao cargo e refletiu os possíveis impactos para os setores varejista e industrial da região. O empresário também avaliou temas polêmicos como a reforma Trabalhista e Previdenciária. Além disso, Tadros declarou ainda que se mantém otimista em relação ao cenário econômico em 2018.

JC – Em reunião da diretoria da CNC, o seu nome foi confirmado para disputar a presidência da entidade, que tem eleição prevista para setembro deste ano. Reconhecido pelos demais colegas por ter perfil aberto ao diálogo, como o senhor avalia esta possível indicação?

Tadros – Meu nome foi levantado por um grupo expressivo de presidentes de Federações do comércio, mas estamos pensando mais no Amazonas. Em princípio sempre demos apoio a atual presidência, no entanto, não posso negar que fiquei muito feliz, isso é uma demonstração de que o trabalho que desenvolvo aqui, apesar de estar distante é absolutamente convincente e remete que eu estaria capacitado a presidir o órgão máximo da instituição. Mas isso depende de uma série de outros fatores, até as eleições muitas coisas podem acontecer. Reforço que meu foco principal é na definição do andamento das coisas no Amazonas, onde nós temos um trabalho desenvolvido ao longo dos anos e que nos é gratificante.

JC – Apesar de ser o centro da economia amazonense, a ZFM (Zona Franca de Manaus) não recebe o empenho local merecido para seu real desenvolvimento, caso o senhor chegasse ao cargo citado acima, como isso refletiria na indústria do Amazonas?

Tadros – Isso ajudaria porque teríamos voz em termos nacionais e nos grandes fóruns econômicos, além do contato direto com os presidentes da Confederação Nacional da Indústria e da Agricultura, ambos com interesse nisso. Até porque do tripé regional, a que menos foi aquinhoada foi justamente a agricultura. Particularmente, acho indispensável que tenhamos esse formato, já que o Amazonas possui o maior território entre os Estados brasileiros, sendo o quarto maior território da América Latina e o terceiro da América do Sul. Logo, todos esses fatores somados ao contato amiúde com ministros de estados do governo federal e até mesmo com o próprio presidente da República nos dá voz e foro privilegiado para isso.

JC – E no comércio local ?

Tadros – Quando se desenvolve a agricultura, indústria, turismo e se consolida esse processo, só tende a beneficiar o setor comercial que está na ponta do consumo. Se você tem uma indústria que aumenta o número de empregos, gera riqueza, tributos e que irriga os cofres do Estado. Obviamente esses recursos são divididos em benefícios à sociedade, gera renda, empregos e melhor qualidade de vida. Na área da agricultura, o lucro também vai para o consumo que tem o comércio à frente. No turismo não é diferente, mas a nossa realidade sofre com falta de voos para países vizinhos, agora que abriram recentemente um para a Argentina houve um real sucesso, ou seja, existe lucro. O que precisamos é desenvolver a economia e na medida em que isso acontece há circulação da riqueza.

JC – Desde novembro do ano passado está em vigor no país a reforma trabalhista com novas regras e definições. Na sua leitura, a reforma era necessária para impulsionar a recuperação econômica, após enfrentar nos últimos anos uma crise histórica?

Tadros – A reforma foi fundamental para modernizar uma legislação defasada, que correspondia a uma outra realidade, onde boa parte da população vivia no campo e ainda não existiam os grandes centros urbanos. Com a evolução da sociedade de consumo, pós -segunda guerra mundial, é que se lançou bases para uma sociedade industrial sólida e o capitalismo evoluiu também. Então, nós não podíamos ficar às margens da realidade atual com uma norma que datava de 1943, enquanto o resto do mundo evoluiu no processo trabalhista. É bom lembrar que em mais de 70 anos, houve várias Constituições que é a lei maior do país. Assim como é que a regulação entre capital e trabalho tinha que ficar congelada?

JC – Prevista para ser votada na semana que vem na Câmara, outra pauta bastante debatida é a tramitação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que trata da reforma da Previdência. Sobre ela, qual sua avaliação?

Tadros – Tem que se estudar com muito cuidado para preservar certos direitos e garantias de tal maneira, que não prejudique os menos favorecidos, dando uma aposentadoria que atenda às necessidades do cidadão. É preciso ter cautela ainda porque aumentou a expectativa de vida das pessoas e muitos países que alcançaram um nível de bem -estar social como a Suécia, por exemplo, fizeram a reforma. Mas temos que raciocinar de forma cartesiana. Na contramão desse aumento, houve redução na mão de obra, que está sendo substituída por tecnologia. Dessa forma, vamos chegar ao ponto onde teremos mais gente aposentada do que pessoas empregadas.

Acredito que antes de fazer a reforma da Previdência, tinha que ser feito a reforma Tributária e reduzir os gastos dos três poderes constituídos, além de diminuir desperdícios e eliminar os rombos. Se outros países conseguiram, nós também podemos, porque não temos que ainda raciocinar depois de 1822 como um povo colonizado, eu não aceito isso.

JC – Segundo especialistas, 2017 foi considerado um pouco melhor para as atividades econômicas frente a 2016. Seguindo essa linha de recuperação, o fato deste ano possuir bastante feriados prolongados, somando a realização das eleições políticas no país e da Copa do Mundo, na Rússia, poderá causar efeito reverso para economia do Brasil e do Amazonas?

Tadros – Primeiramente, é inegável que houve uma melhoria na economia de modo geral, podem não gostar do presidente Temer, mas o país está sendo administrado com responsabilidade, diferente da gestão anterior. Mas essa melhoria não chegou ao bolso do cidadão, o que chegou foi a expectativa de melhora. O lado positivo para nossa região, é que com a Copa do Mundo serão produzidos mais televisores, o que aumenta o consumo nessa época, ou seja, vamos aumentar a produção ou pelo menos desencalhar.

Em contrapartida, as eleições são uma preocupação já que cada novo governo quer inventar normas econômicas contrárias às praticadas no resto do mundo e por isso vivemos subindo e descendo ladeira, isso cria uma expectativa negativa, o que nos preocupa. Em qualquer outro lugar muda o governo, e o ajuste é pequeno, aqui não. Na verdade assistimos as mudanças radicais que tem o único objetivo de colocar o grupo vencedor para administrar. A partir disso, começam a surgir os grandes esquemas, vazadouros de recursos financeiros e quando se finaliza o mandato, começam a inventar redução da taxa de luz, aumento de bolsas assistenciais, por exemplo, mas depois a nação quebra. Não se pode transformar este país em um laboratório experimental de normas econômicas.

Já os feriados nunca são bons para o comércio porque o setor deixa de vender, isso cria um problema para a economia de modo geral, uma vez que, a roda da riqueza está ligada à indústria que produz, o comércio que vende e o governo que recolhe os impostos. Como a nossa carga tributária é muito alta, em um dia de feriado não se produz e não se fatura. Mas me mantenho otimista e como empresário mais ainda, eu sempre digo que a profissão do brasileiro é ter esperança.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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