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Metalúrgicos do PIM concluem a convenção coletiva do trabalho

Depois de dois meses de idas e vindas, os sindicatos laboral e patronal das indústrias metalúrgica e mecânica do PIM bateram o martelo e concluíram a convenção coletiva do trabalho deste ano. O acordo ainda não foi firmado pelas partes, mas já está certo que haverá ganho real de 1,5% para os trabalhadores, em cima do repasse do INPC anualizado de julho, já que a data-base da categoria é em agosto. Os ganhos, contudo, não serão os mesmos para todos e, assim como ocorrido em 2020, as empresas estarão livres para formalizar o aumento real até fevereiro.

Era esperado que as negociações fossem mais fáceis do que as dos anos anteriores e que o acordo saísse já na primeira metade de agosto. Isso porque já havia um consenso entre patrões e trabalhadores em torno dos efeitos da pandemia e da crise de abastecimento para ambos os lados. Os trabalhadores queriam inicialmente, obter um ganho real de 3%, mas entenderam, logo nas primeiras rodadas de conversação, ser necessário reduzir o percentual pela metade para adapta-lo aos balanços empresariais. 

Mas, o ajuste acabou demorando para sair, porque o Sindmetal (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas do Amazonas) não abria mão de reajuste para todos, independentemente de faixa salarial, para evitar perdas para quem tinha contracheque maior. Já o SIMMMEM (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Manaus) queria uma correção proporcional ao tamanho do salário para não alargar a distância entre os que ganham mais e os que recebem menos.

A posição patronal acabou prevalecendo. Pelo acordo, os reajustes terão o ganho de 1,5% até a faixa salarial de sete salários mínimos, conforme o SIMMMEM. A partir desse patamar, as correções se darão de forma escalonada para as demais faixas, com acréscimos decrescentes sobre a inflação do período precedente à data-base da categoria. O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) encerrado em julho, que acumulou 9,85% em 12 meses, conforme o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Há também diferenças para componentistas e fabricantes de bens finais.

O novo acordo também replicou a dinâmica geral do estipulado na convenção coletiva do ano passado, ao conceder reajustes sem elevar encargos trabalhistas que sobrepesem nos combalidos caixas das empresas, em um primeiro momento. A alternativa, dentro dessa lógica, é conceder o aumento pelo INPC e facultar às indústrias a concessão do ganho real pedido pelos trabalhadores por meio de abono salarial, até fevereiro de 2022. A partir dessa data, o reajuste deverá ser efetivamente incorporado às folhas de pagamento. 

“Tranquilidade para todos”

Para o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Manaus e, Nelson Azevedo, os 60 dias de negociações da Convenção Coletiva de Trabalho 2021/2022, com o sindicato laboral do segmento foram de “intensas reuniões” entre ambas as partes. Mas, apesar das idas e vindas nas negociações, o dirigente, que também é vice-presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), considera que acerto traz tranquilidade a todos, permitindo que o segmento siga adiante.

“Com muito esforço e compreensão de ambas as partes, conseguimos chegar a bom termo. Alguns reajustes serão aplicados a partir de agosto de 2021 e outros em abril de 2022, conjugados com abono salarial compensatório durante esse período. Esse acordo traz tranquilidade aos empresários, que já podem calcular suas folhas de pagamento para os próximos meses, bem como aos trabalhadores, que podem programar seu orçamento familiar e seus projetos pessoais”, celebrou.

Azevedo lembra que seria difícil aceitar alguma proposta que pesasse mais para as empresas, já que o cenário econômico ainda é de recuperação para o PIM, com as indústrias enfrentando dificuldades significativas para conseguir componentes para manter suas linhas de produção funcionando e evitar que seus balancetes sejam tingidos de vermelho. De acordo com o dirigente, o problema se reflete por toda a cadeia produtiva e implica em aumento da ociosidade. Inclusive entre os componentistas, onde o uso da capacidade instalada e da mão de obra girou entre 30% e 60%, em agosto.

Fora da curva

Embora atípico, o acordo firmado pelos metalúrgicos do Polo Industrial de Manaus foi um ponto fora da curva em favor da categoria. Segundo o boletim Salariômetro, da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), 50,5% dos acordos e convenções coletivas realizadas no país, entre janeiro e julho, resultaram em reajustes abaixo do INPC acumulado até a data-base. Apenas 22,9% das negociais resultaram em ganhos reais, enquanto 26,6% se restringiram à reposição da inflação.

Em entrevista anterior à reportagem do Jornal do Commercio, o presidente do Sindmetal e da CUT-AM, Valdemir Santana, disse que esperava conseguir elevar o valor das contribuições empresariais para o Clube dos Trabalhadores do Sindicato dos Metalúrgicos – situado na rodovia AM-010. Segundo o sindicalista, a legislação prevê que as indústrias têm de dispor de uma área de lazer para trabalhadores, e as que não contam com isso pagam taxa anual de R$ 21, por trabalhador, para manter a estrutura. Conforme o SIMMMEM, o reajuste para R$ 30 acabou ficando entre os “itens opcionais” do acordo. 

Mas, o presidente do Sindmetal também se mostrou irredutível em relação à posição patronal de “colocar um valor fixo de reajuste para quem ganha mais”, porque “a inflação afeta todo mundo” e isso seria “colocar a conta nas costas do trabalhador”. Procurado pelo Jornal do Commercio para falar sobre o acordo, Valdemir Santana não pode ser localizado até o encerramento desta reportagem.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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