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Meta de recuperação da BR-319 é prejudicada por estagnação política

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Mesmo com todas as garantias do governo federal, a  recuperação da BR-319 ainda continua um sonho para lideranças empresariais e políticas do Amazonas. Com a instabilidade governamental em Brasília, a  verdade é que os mais céticos não estão convencidos de que as obras na estrada serão realizadas a partir do próximo ano, como prometeu recentemente o presidente Jair Bolsonaro (PSL), hoje  envolto em pendengas com o Congresso Nacional e até com parte da direita.

Em outras palavras, o presidente está com “as mãos amarradas” para dar continuidade a quaisquer projetos. Foram diversas audiências da bancada parlamentar do Amazonas com o Ministério da Infraestrutura. Dos encontros saíram planejamentos para a retomada do projeto, mas mesmo assim não são suficientes para tranquilizar os representantes do Estado.  Um cenário de incertezas paira no ar e causa apreensão a todos. O problema é que a queda de braço travada no mais alto escalão da República em Brasília impacta diretamente em todas os nichos da economia brasileira. E, por tabela, o modelo ZFM (Zona Franca de Manaus), crucial para a sobrevivência econômica do Amazonas e para manter a floresta em pé,  intocável, sente os reflexos da crise política que repercute em todos os Estados do País.

“Já faz pelo menos 30 anos que convivemos com essa expectativa sobre o asfaltamento da BR-319 e até hoje não vimos nenhum solução para o projeto. Os governos se revezam no poder e continua a mesma coisa, apenas promessa e especulações”, avalia o presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Wilson Perico. “Esperamos que o atual governo cumpra a sua promessa”, acrescenta o líder empresarial.

O presidente da comissão especial da reforma da Previdência, o deputado Marcelo Ramos (PR-AM), admite que a análise da matéria pelo Congresso dificulta a viabilidade de projetos nacionais, entre eles,  a BR-319. “Está tudo parado. Hoje o governo está mais focado em administrar a crise e promover as mudanças. Portanto, não há garantias de que as obras na estrada começarão a ser realizadas em 2020”, diz o parlamentar, que participa também da frente que pressiona o Planalto pela recuperação da rodovia.

O vice-presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Nelson Azevedo, também avalia que a reforma da Previdencia e as divergências constantes entre o Legislativo e o Executivo nacionais podem frustrar as expectativas do Amazonas em relação à pavimentação da estrada. “Está difícil para todo mundo. O governo parece estar descapitalizado, não estabelece uma conexão positiva com o Congresso e essa instabilidade repercute em todos os setores”, diz ele. “É muito fácil perceber o impacto na economia e nas finanças – o dólar oscila o tempo todo e nas bolsas é um vaivém constante”, acrescenta.

De acordo com Azevedo, a crise política gera uma insegurança jurídica que afugenta potenciais novos investimentos na ZFM. “Quem irá se atrever em investir seu capital em um país que não dá condições mínimas de garantias para o investidor. É uma atividade de risco. É preciso colocar a administração nos eixos, estabelecer a harmonia entre os poderes, equilibrar as contas, para atrair mais dinheiro. Enquanto isso, os capitais fogem e buscam novos mercados”, afirma ele.

Garantias

No último encontro com políticos e  empresários do Estado, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, confirmou o início  das obras na BR-319 ainda no verão de 2020. Segundo ele, será criada uma secretaria especial que cuidará de todo o processo de licenciamento ambiental para a execução de projetos parados em estradas por questões de impasses ambientais, como no caso da BR-319.  “Sabemos da importância da estrada para o Amazonas e estamos compromisssados com a execução desse projeto, fundamental para o desenvolvimento da Amazônia Ocidental”, afirmou o ministro durante a reunião com as lideranças políticas, em Brasília. O investimento é altíssimo. Cada quilômetro de pavimentação da rodovia BR-319 custará R$ 3 milhões, em média, chegando por volta dos R$ 1,2 bilhão necessários para a conclusão dos 400 quilômetros da rodovia federal.  

Apesar das dificuldades do governo, o deputado federal Sidney Leite (PSD-AM) disse estar ainda esperançoso pela realização das obras após a reunião da bancada e dos governadores dos quatro Estados da Amazônia Ocidental com o ministro Tarcísio Freitas, em Brasília. “O ministro se comprometeu em tirar o projeto de recuperação da estrada do papel. Portanto, vamos esperar”, afirmou.   A BR-319 permite o intercâmbio comercial e cultural entre os quatro Estados da Amazônia Ocidental e com o resto do País, mas é preciso ainda retomar o tráfego na estrada. E é uma boa estratégia econômica para escoar a produção do Polo Industrial de Manaus (PIM). Além das opções da navegação marítima de cabotagem e das vias aéreas, hoje já bastante utilizadas, o Amazonas poderá contar com mais uma alternativa para levar seus produtos a outros mercados com grande potencial de competitividade, segundo avaliam consultores econômicos.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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