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Mercado de trabalho do AM continua jovem e menos instruído

O mercado de trabalho do Amazonas segue jovem, pouco instruído e masculino. Os dados mais recentes do “Novo Caged” (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) apontam que, em maio, o saldo de vagas continuou sendo ocupado prioritariamente por homens que estavam no ensino médio e que tinham até 24 anos. A boa notícia é que, passada segunda onda e seus rescaldos econômicos, as demais faixas etárias, de ensino e de gênero apresentaram ganhos de oportunidades significativos.

Marcado por uma estabilização e queda dos números locais da pandemia, e pela consequente continuidade no processo de degelo das restrições ao atendimento presencial nas empresas, maio se encerrou com um saldo positivo de 3.843 postos de trabalho no Amazonas, graças ao predomínio das contratações (+15.537) sobre as demissões (-11.694), o que resultou em um estoque de 430.083 empregos. 

Em torno de 58,21% dos empregos gerados no Amazonas no quinto mês do ano foram para os homens (2.237), enquanto 41,79% das mulheres (1.606) conseguiam o mesmo feito. Com números mais desiguais, o Estado seguiu tendência da média nacional, que apontou o preenchimento de 55,59% das vagas abertas pelo contingente masculino (156.038), e as 44,41% restantes pelas trabalhadoras do gênero feminino (124.628). 

A despeito dos impactos da segunda onda e da depreciação no mercado de trabalho no primeiro bimestre de 2021, o Estado conseguiu se manter no azul nos saldos dos acumulados do ano (+1,86% e +7.838 ocupações) e dos últimos 12 meses (+8,48% e +33.510). De janeiro a maio deste ano, 4.572 postos celetistas gerados no Amazonas foram ocupados pelos homens, o equivalente a 58,33% do total. As mulheres responderam por 41,67% desse saldo (3.266). Em âmbito nacional as respectivas fatias foram 58,95% (727.095) e 41,05% (506.277).

Jovens e estudantes

A faixa etária que mais contribui para o ingresso de novos trabalhadores locais na variação mensal ainda é a que vai dos 18 aos 24 anos, onde a diferença entre admitidos e demitidos (+1.833 ocupações), respondendo por 47,70% do saldo do Estado. Os que tinham 25 e 29 anos (+800) vieram em um distante segundo lugar, seguidos pelos que contavam entre 30 e 39 anos (+692) – que teve a maior taxa de rotatividade – e os de 40 a 49 anos (+350). No outro extremo figuraram os que estavam com até 17 anos (+159) e de 50 a 64 anos (+33), ao mesmo tempo em que a faixa acima dos 65 anos amargava 24 cortes. 

Quando se leva em conta o desempenho por graus de instrução, 80,30% do saldo positivo de ocupações com carteira assinada veio dos trabalhadores com ensino médio (+3.086 empregos) – que também apresentou os maiores dados de turnover. O ensino superior completo compareceu em uma distante segunda posição (+291), seguido pelo fundamental completo (+172), superior incompleto (+110), médio incompleto (+105), fundamental incompleto (+70) e analfabetos (+9).

O setor que mais empregou no Amazonas, em maio, foi o de serviços, que abriu 1.710 novas vagas celetistas, gerando acréscimo de 0,90% em relação ao estoque anterior. A maior parte veio das atividades administrativas e serviços complementares (+1,06% e +626 ocupações) e transporte, armazenagem e correios (+0,91% e +287), entre outros.

No mês do Dia das Mães, o comércio veio em segundo lugar na criação de vagas (+1.196), embora tenha registrado a maior variação proporcional (+1,18%). A indústria (+0,63% e +678) veio em terceiro lugar – com destaque positivo para as indústrias de transformação (+0,66% e +654), seguida por construção (+1,03% e +231) e agropecuária (+0,84% e +28).

No acumulado do ano, o melhor desempenho também veio do setor de serviços (+1,94% e +3.639). Na sequência vieram indústria (+2,57% e +2.733) e construção (+3,61% e +789), comércio (+0,57% e +575) – depois de amargar quatro meses de eliminação de empregos – e agropecuária (+3,15% e +102).

“Redução de custos”

O conselheiro do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas) e professor universitário, Francisco de Assis Mourão Junior, avalia que a predominância de jovens na entrada do mercado de trabalho – a despeito da dinâmica demográfica – se deve à procura das empresas pela redução de custos, já que se trata de um público com menor tendência a ficar doente. 

“Só me surpreendi com os dados por gênero, porque esperava que a participação das mulheres fosse menor. Talvez isso dê pela participação feminina na indústria eletroeletrônica e de bens de informática do PIM, apesar dos polos de duas rodas, metalúrgico e mecânico, entre outros, ainda serem ocupados em sua maioria pelos homens. O mesmo acontece na construção civil. No caso comércio, vemos uma maioria de trabalhadoras do gênero feminino, mas nem tanto nos cargos de gerencia e operacionais”, explanou.

O conselheiro do Corecon-AM alerta, contudo, que o mercado de trabalho terá de passar por uma atualização no pós pandemia e com o avanço da indústria 4.0. “O Estado, assim com o país, vai precisar de mão de obra mais qualificada, ao mesmo tempo em que o chão de fábrica e as atividades mais operacionais, que hoje respondem pela maior parte desses postos de trabalho de nível médio tendem a ter menor oferta. Essa é a tendência, dada a busca das empresas pela redução de custos com aumento de produção”, justificou.  

Incentivos e datas

Em entrevista anterior à reportagem do Jornal do Commercio, o diretor da ABRH-AM (Associação Brasileira de Recursos Humanos – Seção Amazonas), Francisco de Assis Mendes, já havia apontado que, a despeito das políticas de incentivo à diversidade por parte das empresas de capital aberto e atuação global, há atividades que ainda são reduto masculino, até por serem mais pesadas. O papel de destaque da indústria na criação de vagas também ajudaria a explicar isso, mas o especialista disse que o mercado tende ao equilíbrio, nesse caso.

O dirigente também explicou que comércio e serviços tendem a priorizar mão de obra em “início de carreira” e com faixas salariais e formações educacionais mais baixas. Diante da das oscilações de mercado e da dependência dos setores de datas sazonais, a tendência segue sendo de oferta de vagas temporárias e terceirizadas, dificultando a absorção de ex-trabalhadores do Distrito – que costumam ir para o empreendedorismo ou o mercado informal.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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