A pandemia do coronavírus ocasionou um toque de recolher no Brasil e no mundo. Uma parte da população mantém-se confinada em suas residências, evitando ao máximo as aglomerações, enquanto uma grande parte, empregadas domésticas, trabalhadores de aplicativos, motoristas, entre outros, continua exposta e trabalhando normalmente.
A necessidade de isolamento coletivo e a suspensão das atividades em escolas, universidades e empresas, disseminada pelos meios de comunicação, parece ter alcançado o consenso unânime no Brasil e no mundo.
Ainda é cedo para se afirmar se essas medidas preventivas e as restrições de liberdades serão realmente eficazes ou não contra a propagação da Covid-19.
É inquietante essa difusão do estado de medo nas consciências dos indivíduos e que se manifesta em uma necessidade real de estados de pânico coletivos, a qual a epidemia volta a oferecer o pretexto ideal. Assim, cria-se um perverso círculo vicioso, a limitação da liberdade imposta pelos governos é aceita em nome de um desejo de segurança que se introduziu pelos mesmos governos que ora intervêm para satisfazê-lo . Outro fato não menos inquietante é que a epidemia revela notadamente que o estado de exceção, ao qual os governos nos acostumaram há muito tempo, tornou-se verdadeiramente a condição normal.
Não se trata aqui de pregar contra as medidas preventivas ora impostas contra a epidemia. Trata-se apenas de trazer à reflexão para que não sejam aceitas cegamente todas as radicais restrições de liberdade, sem qualquer reflexão sobre a pertinência das medidas impostas e o prolongamento destas no tempo.
Trata-se, não apenas de proteger a saúde pública, mas de reflexionar sobre as liberdades essenciais de ir e vir, de associação ou reunião. Trata-se da preservação dos mais caros direitos e garantias fundamentais em um futuro próximo.
Saberemos distinguir entre a proteção da saúde pública e a opressão velada?
Saberemos distinguir entre uma necessidade momentânea e um perene estado de exceção?
Fonte: Redação