A sardinha enlatada, iguaria muito popular no Brasil pode ganhar em breve um rótulo amazônico. O processo que utiliza matrinxã curumim de até 60g para o processo de envazamento em óleo comestível ganhou interesse comercial de duas grandes indústrias do Centro-Oeste. A informação é do professor Antonio José Inhamuns que orientou o projeto de mestrado em Ciências de Alimentos, da Ufam (Universidade Federal do Amazonas), concluído ano passado pela aluna Joyce Kikushie.
Inhamuns, que prefere não citar o nome das empresas em negociação, disse que a proposta é economicamente viável. “Estamos fechando os dados, desenvolvendo um plano de negócios e de análise de custos”, informou.
O matrinxã (Brycon amazonicus), além de ser um peixe muito apreciado pela culinária regional, foi escolhido por ser uma espécie facilmente reproduzida em cativeiro, sendo o processo mais apropriado com vista à comercialização industrial. O potencial de crescimento dele, o sabor e o seu alto valor nutritivo também foram requisitos para o projeto. Para esta etapa de industrialização, a pesquisa constatou que o ideal é utilizar o peixe com 45 dias de vida, considerado em idade juvenil.
E por que não usar a sardinha de água doce? Inhamuns explica que a espécie, descartada por estar sujeita à pesca predatória, passa por período de defeso (reprodução) e ainda não foi adaptada à reprodução assistida.
O gosto da “sardinha amazônica” em nada lembra a tradicional sardinha do mar comercializada pela indústria, a sardinelas brasilienses, encontrada no litoral brasileiro. “O sabor da nossa sardinha amazônica é menos forte, porque o peixe de água doce tem sabor mais suave”, explica Inhamuns.
Os pesquisadores do projeto desenvolveram três opções de molhos para acompanhar a iguaria enlatada: o primeiro de óleo vegetal; outro de molho de tomate; e um terceiro molho temperado feito com tucupi.
O procedimento de preparação da “sardinha amazônica” passa pela retirada das víceras e limpeza; o pré-cozimento para tirada do oxigênio da carne; e envazamento em latas de flandres; e autoclave durante 15 minutos para retirar as impurezas do alimento.
A pesquisa incluiu testes de esterilização comercial do produto, de acordo com a norma nº 12 da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa); a análise físico-química; e a análise sensorial que se constatou o sabor exótico e atrativo da matrinxã em conserva.
Matrinxã enlatada chega às prateleiras
Redação
Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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