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Materiais puxam custo de construção civil do Amazonas em maio

O custo da construção civil no Amazonas voltou a subir na passagem de abril para maio, mas desacelerou e ficou bem abaixo da média nacional. O indicador pontuou 0,85% de expansão na variação mensal, bem abaixo do patamar do levantamento anterior (+1,16%) e correspondeu a menos da metade do dado brasileiro (+1,78%). Com isso, o valor do metro quadrado passou de R$ 1.317,45 (abril) para R$ 1.328,71 (maio).

Assim como ocorrido nos meses anteriores, o aumento no Estado foi puxado pelos dispêndios com materiais, que passaram de R$ 798,48 para R$ 812,30, entre abril e maio, aumentando 1,73% e superando a marca anterior (+1,17%). O passivo com a mão de obra, que nas sondagens dos meses passados havia ficado praticamente estável, caiu de R$ 518,97 para R$ 516,41, uma diferença de 0,49%. Os dados estão na mais recente pesquisa do Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil), divulgada pelo IBGE nesta semana.

O incremento mensal do custo da atividade no Amazonas manteve a dianteira em relação à inflação oficial, na variação mensal, conforme o mesmo IBGE. Pressionado pelo aumento do preço da energia elétrica, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo subiu 0,83%, em maio, acelerando em relação a abril (+0,31%). A diferença entre o Sinapi do Amazonas (+4,69% e +15,72%) e o IPCA (+3,22% e +8,06%) segue maior nos aglutinados do ano e dos últimos 12 meses, respectivamente.

Apesar do aumento na variação entre abril e maio, o Estado caiu do 18º para o 23º lugar do ranking nacional de maiores altas percentuais, além de se manter novamente abaixo da média nacional (+1,78%). O pódio foi ocupado por Rio de Janeiro (+3,73%), Bahia (+2,95%) e Mato Grosso do Sukl (+2,66%). Em sentido inverso, Amapá (+0,31%), Piauí, Santa Catarina (ambos com +0,51%) e Roraima (+0,82%) ficaram no fim de uma lista sem deflações.

Abaixo da média

O custo por metro quadrado no Amazonas (R$ 1.328,71), no entanto, segue abaixo da média nacional (R$ 1.387,73). A diferença fez o Estado se segurar na 19ª colocação entre os maiores valores do país. Rio de Janeiro (R$ 1.529,58) ultrapassou Santa Catarina (R$ 1.521,70), que foi seguida por São Paulo (R$ 1.460,18). Os custos mais baixos, por outro lado, se situaram em Rio Grande do Norte (R$ 1.226,81), Sergipe (R$ 1.238,56), e Pernambuco (R$ 1.268,45).

O cadente custo de mão-de-obra local (R$ 516,41) também permaneceu inferior à média nacional (R$ 577,65) – que subiu em relação a abril. Mesmo assim, o Amazonas avançou da 19ª para a 21ª posição do ranking brasileiro. Rio de Janeiro (R$ 737,14) passou para o primeiro lugar, sendo seguido por Santa Catarina (R$ 720,80) e São Paulo (R$ 647,14). Em contraste, Sergipe (R$ 464,36), Rio Grande do Norte (R$ 474,99) e Alagoas (R$ 482,76) seguem no fim da fila – e com os mesmos valores do mês anterior.

Situação inversa ainda ocorre no custo de material de construção civil. Apesar da alta comparativamente menor, o Amazonas (R$ 812,30) ainda está acima do número brasileiro (R$ 810,08). O Estado permaneceu na décima posição entre os valores mais elevados do Brasil. Os maiores valores se situaram todos na região Norte do Brasil: Acre (R$ 874,61), Tocantins (R$ 861,50) e Pará (R$ 852,68). Na outra ponta, Espírito Santo (R$ 746,34), Rio Grande do Norte (R$ 751,82) e Mato Grosso do Sul (R$ 758,27) figuraram no rodapé.

Aço e cimento

Em texto postado na Agência de Notícias IBGE, o gerente do Sinapi, Augusto Oliveira, informa que houve alta generalizada nos preços dos materiais em todo o país, sobretudo na Bahia (+4,94%). Em âmbito nacional, os insumos também apresentam o maior índice acumulado dos últimos 12 meses de toda a série histórica (+31,58%). “Dentre eles, aqueles que têm aço como matéria prima de produção continuaram com forte influência, já evidenciada em meses anteriores. Estamos trocando meses com variações baixas no ano passado por variações altas em 2021”, exemplificou.

Estudo fornecido pelo Sinduscon-AM (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Amazonas) confirma que o aço (de R$ 9,50 a R$ 11,22, o quilo) foi um dos materiais que mais pesaram nas planilhas de custos das construtoras amazonenses, assim como o cimento (de R$ 33 a R$ 36, o saco de 42,4 quilos), a tábua de 3 metros de azimbre (entre R$ 230 e R$ 260, a dúzia), o tijolo (entre R$ 650 e R$ 700, o milheiro), a argamassa (de R$ 26 a R$ 40,48, o saco de 20 quilos) e os tubos de PVC (entre R$ 77,50 e R$ 88,21, o metro).

Já a parcela de mão de obra no indicador nacional (+0,58%) foi influenciada por dissídios coletivos homologados no Rio de Janeiro e Distrito Federal, além de reajustes no Mato Grosso do Sul. Isso ocorreu porque, segundo o gerente do Sinapi, os três ainda não finalizaram, o acordo trabalhista para o biênio de 2021/2022.

Em sintonia, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques reforçou que, o Amazonas é um dos Estados com menor índice de reajuste no mês e no acumulado, uma vez que outras praças também estão praticando reajustes mensais nos materiais de construção. “Os preços dos insumos da construção continuaram sua escalada, em maio, já ultrapassando com folga a inflação do período. Por outro lado, esses aumentos, são praticados exclusivamente nos insumos, já que a mão-de-obra ainda não teve qualquer aumento”, concluiu.

Descolamento e juros

No entendimento do presidente do Sinduscon-AM, Frank Souza, o que se percebe nas variações detectadas na pesquisa mensal do IBGE é um descolamento progressivo dos preços dos materiais em relação ao custo da mão de obra. Segundo o dirigente, historicamente, o trabalho sempre representou em torno de 49% do valor das construções, enquanto o material entrava com os 51% restantes, mas as fatias já mudaram para 38% e 62%, respectivamente.

“Os preços dos insumos subiram além da conta e isso tem sido um empecilho. E a diferença favorável no Amazonas é que a maioria de nossas obras ainda é de padrão econômico, embora os materiais sofram influência de problemas logísticos. A verdade é que há uma inflação que impacta no preço final do metro quadrado. As taxas de juros subiram também e isso está influenciando no conjunto. Mas, a gente acha que isso deve equilibrar no segundo semestre. Não dá para continuar subindo a vida inteira”, arrematou.  

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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