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Materiais puxam alta do custo de construção civil no Amazonas

O custo da construção civil no Amazonas voltou a crescer na virada do ano, mas desacelerou na variação mensal e, desta vez, perdeu de longe da média nacional. O indicador pontuou 0,86% de expansão na variação mensal, abaixo do patamar de dezembro (+1,23%) e representou menos do que a metade do dado brasileiro (+1,99%). Com isso, o valor do metro quadrado local passou de R$ 1.269,09 (dezembro de 2020) para R$ 1.279,97 (janeiro de 2021). 

A decolagem do custo da atividade foi puxada novamente pelos dispêndios com materiais, que subiram 2,14%, que passou de R$ 756,82 para R$ 767,06, entre dezembro e janeiro. O passivo com a mão de obra (R$ 512,91), por outro lado, mal se mexeu ante o mês anterior (R$ 512,27). Os dados estão na pesquisa do Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil), do IBGE.

Diferente do ocorrido no mês anterior, o incremento mensal do custo da atividade no Amazonas (+0,86%) bateu a inflação oficial com folga, conforme o mesmo IBGE. Pressionado novamente por alimentos e bebidas, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) subiu 0,25% em janeiro, mas desacelerou em relação a dezembro (+1,35%), sendo o menor índice desde agosto de 2020 (+0,24%). A diferença foi ainda maior no aglutinado dos últimos 12 meses –com +11,72% para o Sinapi do Amazonas e +4,56% para o IPCA.

Segundo o órgão de pesquisa federal, a variação acumulada de 12 meses registrada em janeiro de 2021 foi a maior desde o início da série da pesquisa. “Considerando os últimos 12 meses, o custo da construção no Amazonas subiu em 11, havendo queda apenas no mês de fevereiro. Já o ápice da alta no custo ocorreu no mês de outubro, quando o índice registrou 2,73% de variação percentual”, assinalou o IBGE-AM, no texto de divulgação da pesquisa à imprensa.

A desaceleração no aumento detectado entre dezembro e janeiro fez o Estado se manter no 23º lugar do ranking nacional de maiores percentuais, além de ficar novamente abaixo da média nacional (+1,99%). O pódio foi ocupado por Piauí (+4,33%), Minas Gerais (+4,01%) e Sergipe (+3,30%). Em sentido inverso, Rondônia (+0,30%), Rio de Janeiro (+0,48%) e Santa Catarina (+0,53%) ficaram no fim de uma lista sem deflações.

Abaixo da média

Apesar da nova alta, o custo por metro quadrado no Amazonas segue abaixo da média nacional (R$ 1.301,84) e fez o Estado segurar a 13ª colocação entre os maiores valores do país. Santa Catarina (R$ 1.447,04) segue na primeira posição, sendo seguida pelo Acre (R$ 1.413,47) e pelo Rio de Janeiro (R$ 1.409,56). Os custos mais baixos se situaram em Sergipe (R$ 1.157,35), Rio Grande do Norte (R$ 1.159,41) e Pernambuco (R$ 1.179,59).

O custo de mão de obra local também permanece inferior à média nacional (R$ 570,47), levando o Amazonas a cair da 20ª para a 21ª posição do ranking brasileiro. Santa Catarina (R$ 706,83) ocupou o primeiro lugar, seguida por Rio de Janeiro (R$ 699) e São Paulo (R$ 646,94). Em contraste, Sergipe (R$ 464,36), Rio Grande do Norte (R$ 473,69) e Alagoas (R$ 480,96) ficaram no fim da fila.

Apesar da alta comparativamente menor, o custo de material de construção civil no Amazonas ainda está acima da média nacional (R$ 731,37), mas o Estado acabou caindo da quinta para sexta posição entre os valores mais elevados do Brasil. Acre (R$ 839,12), Tocantins (R$ 785,79) e Distrito Federal (R$ 784,73) lideraram o ranking. Na outra ponta, os menores valores ficaram em Espírito Santo (R$ 670,70), Rio Grande do Norte (R$ 685,72) e Sergipe (R$ 692,99).

“Os preços da construção começam o ano da mesma forma como terminaram 2020: em alta. Essa elevação no início do ano é exclusivamente dos insumos, uma vez que os salários da mão de obra praticamente não se alteraram em relação ao mês anterior. Nos próximos meses, a pesquisa vai indicar os caminhos que os preços vão seguir em 2021”, declarou o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques.

Insumo e dólar

O presidente do Sinduscon-AM (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Amazonas), Frank Souza, chama a atenção para o fato de que, embora o custo operacional no Amazonas tenha avançado com menos força do que na média do país, o peso da alta dos preços dos insumos ainda se faz sentir na composição do valor do metro quadrado dos imóveis construídos no Estado. Segundo o dirigente, os preços dos materiais se mantêm em alta desde 2017 e ganharam maior fôlego na pandemia, mas já sinalizam alguma estabilização.

“Os preços tiveram seu pico em outubro e novembro e continuam aumentando, mas agora em menor intensidade. Vamos depender é dessa matéria-prima internacional, no caso do PVC e dos produtos químicos, e alguns itens ainda vão ficar oscilando. Há também a influência do dólar. Mas, já têm muitos materiais acomodando os valores. Acho que a tendência é de acomodação desse índice. Os preços não tem mais ambiente para subir muito”, finalizou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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