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Manaus tem formação social adversa à preservação ambiental

Prefeito da capital por três vezes, sendo uma por eleição indireta e duas por eleição direta, prefeito coadjuvante também por três vezes, nos três períodos que governou o Estado e que foi responsável por grandes obras na cidade, o atual prefeito Amazonino Mendes já governou Manaus por um período de 18 anos e três meses, até maio de 2011, somando o tempo que esteve à frente da prefeitura e do governo estadual, sendo o período mais longo de 9 anos e 4 meses.
Como ele mesmo diz, tem experiência de sobra para falar da cidade que adotou como lar desde que saiu de sua interiorana Eirunepé, no alto rio Juruá, para vir estudar em Manaus nos idos de 1960. Em seu terceiro mandato municipal, depois de 17 anos do último e 7 anos fora do poder, ele revela que encontrou “uma cidade muito complexa, muito complicada, muito difícil de administrar. Me é muito difícil acreditar que exista no Brasil uma cidade mais complicada do que Manaus. Isto é fato”, afirma.
Analisando o período decorrido desde o seu primeiro mandato como prefeito (1983-85), Amazonino lembra que Manaus teve crescimento extremamente vertiginoso, tanto em termos populacionais quanto em expansão urbana.
“Quando eu fui prefeito pela primeira vez a cidade tinha 600 mil habitantes, e hoje, seguramente, apesar do censo dizer que tem 1,8 milhão, mas eu acredito que já tenha 2 milhões. Relativamente, acho que é maior do que a Cidade do México em termos de horizontalização urbana”, compara.
O prefeito é taxativo em afirmar que o fato de Manaus ter sido formada por fluxo migratório de pessoas sem convivência urbana, “pessoas muito simples que aprenderam a viver na floresta” dificulta, e muito, o trabalho de preservação, conservação e educação ambiental na área urbana.
“É preciso reconhecer que Manaus é isolada de outros centros por milhares de quilômetros e isso a torna uma atração natural para todas as correntes migratórias da região”, lembra.

Homem é o responsável pela poluição

E esse fato, segundo ele, torna a cidade com seu pujante polo industrial um atrativo único ao oferecer perspectivas de melhoria de vida, como educação, saúde e evolução econômica. “Daí resulta que a cidade possui um tecido social formado principalmente de pessoas que vêm do interior, dos Estados vizinhos e do Nordeste. Para elas é muito difícil entender o valor-custo da água encanada, da energia elétrica ou de manter os igarapés livres do lixo”.
Para ele, a degradação dos igarapés decorreu da convivência natural do homem com o meio ambiente praticada no interior, só que dentro de um espaço reduzido com uma aglomeração humana exponencial. Com resultados catastróficos para o meio ambiente. “A formação social é extremamente adversa. Quanto mais aculturadas e acostumadas às questões urbanas, menos problemas as pessoas causam à cidade. Em Manaus acontece o inverso”, explica o prefeito.
Se por um lado o fluxo migratório traz levas de pessoas simples em busca de oportunidades, “por outro lado a cidade os recebe sem preparo nenhum, sem um centro de triagem ou locais para encaminhamento”, reconhece Amazonino, o que faz com que elas se integrem ao tecido social da cidade de forma agressiva ao meio ambiente.
Mesmo reconhecendo erros passados e atuais, o prefeito Amazonino Mendes afirma que “tudo é decorrência estrutural”, relativo aos equívocos de um País em desenvolvimento. Por exemplo, esse crescimento enorme transformou Manaus na sétima cidade brasileira em população e a colocou entre as seis capitais com maior renda per capita, “porém, estamos abaixo de 100 outras cidades brasileiras em termos de receita. Existe aí um paradoxo que não é culpa da administração municipal”.

Cadastro vai dar personalidade a Manaus

Mas ele reconhece que essa situação pode ser corrigida a partir da organização administrativa, investimento em infraestrutura tecnológica e um planejamento abrangente, envolvendo todas as áreas e setores da administração municipal. “Somente agora pudemos começar a organizar a casa, e o aparelho fiscal está sendo modernizado a fim de dar as respostas que precisamos”, informa o prefeito.
Ela destaca, por exemplo, que só com a reorganização financeira e alguns programas fiscais, a prefeitura saiu de uma capacidade de investimento de R$ 111 milhões, no início de 2009, para R$ 600 milhões neste ano de 2011.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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