Pesquisar
Close this search box.

Manaus lidera desocupação entre as capitais do país, diz IBGE

Fátima Garcia

A taxa de desocupação profissional em Manaus voltou a subir no primeiro trimestre de 2020, mantendo a cidade com o maior número proporcional de desempregados entre as capitais do país. Amazonas e RMM também sofreram alta e sua situação não foi muito melhor. Em paralelo, a informalidade voltou a subir no Estado, atingiu 58,9% dos trabalhadores e é a terceira mais elevada do Brasil. Os dados estão na PNAD Contínua Trimestral, divulgada pelo IBGE, nesta sexta (15).

Em torno de 18,5% da força de trabalho da capital amazonense – ou 216 mil pessoas – estava sem atividade remunerada, em um período que tangencia apenas os dias iniciais da chegada da pandemia do Covid-19 e da implantação da quarentena. A estatística avançou no confronto com o último trimestre de 2019 (16,9% e 194 mil) e ficou abaixo da marca dos três meses iniciais de 2019 (19,4% e 210 mil). Foi suficiente para superar Salvador (17,5%) e Macapá (17,3%).

As taxas de desocupação capturadas pelo IBGE na RMM (17,1% e 229 mil) e no Amazonas (14,5% e 277 mil) também subiram, registrando altas sobre o intervalo de outubro a dezembro de 2019 (15,9% e 12,9%), respectivamente. Assim como ocorrido na capital, contudo, os números da Região Metropolitana e do Estado também se situaram dos apresentados no mesmo período do ano passado (18,3% e 15,9%, na ordem).

O Amazonas teve a décima pior taxa de desocupação em todo o país, perdendo de longe para Bahia (18,7%), Amapá (17,2%) e Alagoas (16,5%), mas ficando bem à frente de Santa Catarina (5,7%), Mato Grosso (7,6%) e Paraná (7,9%). Entre as regiões metropolitanas, a de Manaus (17,1%) ficou em quarto lugar, atrás apenas de Salvador (18,9%), Macapá (18,4%) e São Luís (18%). As menores taxas vieram de Florianópolis (8,3%), Curitiba (9,2%) e Goiânia (9,2%).

Em contrapartida, a fatia de pessoas com algum trabalho remunerado no Amazonas (53,6% e 1,637 milhão de pessoas) ficou abaixo do trimestre anterior (54,8% e 1,657 milhão) e também do mesmo período de 2019 (51,6% e 1,55 milhão). A taxa de participação no mercado de trabalho foi de 62,7%, com queda em relação ao último trimestre de 2019 (62,9%) e incremento sobre os três meses iniciais do ano passado (61,7%).

A perda de fôlego do mercado formal de trabalho veio acompanhada por um novo incremento na taxa global de informalidade no Amazonas, que alcançou 58,9% da população de 14 anos ou mais ocupada, na semana de referência da pesquisa do IBGE: 964 mil trabalhadores. O Estado só ficou atrás do Pará (61,4%) e do Maranhão (61,2%), enquanto os melhores números ficaram situados no Centro-Sul brasileiro: Santa Catarina (26,6%), Distrito Federal (29,8%) e São Paulo (30,5%).

Empreendedorismo informal 

No primeiro trimestre de 2020, o número de pessoas de 14 anos ou mais no Amazonas foi estimado em 3,053 milhões. Dessas 1,913 milhão estavam na força de trabalho. Parte era de ocupadas (1,637 milhão) e a outra, de desocupadas (277 mil pessoas). Dos 3,053 milhões de amazonenses de 14 anos ou mais, 1,139 milhão estavam fora da força de trabalho.

A posição de ocupação classificada como “empregado” representou o maior número de pessoas ocupadas no Amazonas (866 mil) no acumulado de janeiro a março deste ano, representando 52,9% do total. Nesse grupo 550 mil estavam empregadas no setor privado, 248 mil no setor público e 67 mil restantes atuavam como trabalhadores domésticos. 

Por outro lado, 561 mil trabalhavam por conta própria, respondendo por 34,27% do total de profissionais ocupados no período assinalado. Entre os empreendedores contabilizados pelo IBGE, a maioria esmagadora de 94,5% (530 mil) não possuía inscrição de CNPJ, atuando na informalidade. O número de pessoas ocupadas como “empregadores” alcançou 45 mil pessoas, ou 2,62% do total.

“De um modo geral, o número de pessoas ocupadas no primeiroº trimestre de 2020 nessas posições de ocupação se manteve estatisticamente constante em relação ao quarto trimestre de 2019. As exceções foram: empregados no setor privado, com uma redução de 40.000 postos de trabalhos e uma redução de 28.000 postos de trabalho dos empregados com carteira”, assinalou o IBGE-AM, no texto de divulgação da pesquisa.

Mercado enfraquecido

Em sua análise para o Jornal do Commercio, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, ressaltou que o período analisado pela pesquisa sofreu pouca influência da crise do Covid-19, dado que a pandemia ainda estava em seu período inicial no Estado e as medidas de isolamento só foram postas em prática pelo governo estadual e prefeituras na última semana de março. 

Embora ressalve que os números ainda merecem uma análise mais profunda, o pesquisado não deixou de notar que o mercado de trabalho já se mostrava enfraquecido nos três meses iniciais do ano, especialmente quando comparado com o “arranque” apresentado no trimestre final de 2019. Segundo Adjalma Jaques, os números podem ter sofrido corrosão sazonal, mas é certo que a oferta ficou muito aquém da demanda, especialmente no mercado formal.

“Infelizmente, os trabalhadores informais ainda respondem pelo maior grupo dos ocupados no Amazonas, e a proporção continua crescendo a cada trimestre. Esse é reflexo da falta de empregos formais a serem oferecidos. Além do que, há uma tendência da nova economia pela prestação de serviço autônomo. Mesmo assim, o número de trabalhadores que buscam um emprego com carteira assinada ainda é maior”, finalizou.

Fonte: Marco Dassori

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar