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Manaus, campo fértil para inovação

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Grande cenário que abriga infinitas oportunidades de negócios em novas tecnologias, Manaus tem se mostrado uma grata surpresa em revelar grandes startups que engrenaram no mercado e atuam de forma direta no desenvolvimento da região. Mas, em um mercado competitivo não basta apenas ter uma ideia inovadora para engrenar, é necessário incentivo, suporte e investimento inicial para alavancar o negócio. É nesse contexto que entram as aceleradoras e as incubadoras de empresas. A primeira foca em empresas que têm potencial para crescer muito rápido. A segunda, visa apoiar pequenas empresas de acordo com alguma diretiva governamental ou regional.

Pioneira

A primeira aceleradora a oferecer suporte às startups em Manaus, a FabriQ, completa em 2018, 16 anos de mercado. Nesse período, a empresa entregou mais de 100 soluções ao mercado nas áreas de tecnologia da informação, educação e aceleração de startups, especialmente para indústria e governo. Algumas de suas soluções de software também são utilizadas nas cidades de Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.

Segundo o CEO da FabriQ, Fredson Encarnação, o cenário do mercado que existia em Manaus há alguns anos era apenas ‘uma promessa’. Encarnação ressaltou que hoje o segmento está mais propício para investir, principalmente do ponto de vista de movimentação entre os diversos atores: as universidades, as incubadoras, os investidores e o governo com seus fomentos e principalmente com os incentivos da legislação associada como a lei de informática local e de inovação.

Ele ressaltou ainda, que a mudança de comportamento de muitos estudantes, que já vislumbram desde a academia a visão de abrir o próprio negócio, tem sido fundamental para novos negócio na área de tecnologia. “Também tivemos avanços recentes, tanto na Fapeam (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas) com o programa Sinapse da Inovação, por exemplo, quanto na legislação de P&D (pesquisa e desenvolvimento) com a renovação dos programas prioritários e dos investimentos em empresas de base tecnológica. Para citar um exemplo, temos estudantes de nível superior que pensam em empreender ao invés de ficarem de imediato dentro de alguma empresa específica, o que é uma mudança de cultura”, disse.

O aumento da qualidade da infraestrutura de internet e a viabilidade maior da disponibilidade de soluções em nuvem, cria a tendência de que os trabalhos migrem cada vez mais para o modelo de negócios de serviços por assinatura, tal como no mercado de entretenimento, afirma o CEO.

Com isso, a FabriQ decidiu lançar em 2013 o próprio processo de aceleração de startups, que contou com o apoio da Fapeam em parceria com a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) para acelerar ao menos 10 startups em 2014 e 2015.

“Passados quase quatro anos e meio, aceleramos mais de 40 startups, sendo que ainda mantemos vínculos comerciais com quatro delas: DreamKid, eMercado, GetDelivery e Ganhe Na Tela. Estas startups resumem o que se espera de uma operação com equipe resiliente e capaz tecnicamente, com um modelo de negócios repetível e escalável”, comenta.

Legislação

Encarnação conta também, que a última MP (medida provisória) do setor, a de número 810/2017, que aprimora incentivos fiscais para pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias de informação e comunicação, também tende a deixar o mercado mais ágil e aquecido. “Entretanto, entendemos que estas formas de viabilizar empreendimentos tecnológicos são essenciais, mas não deveriam tirar o apetite dos empresários locais e das indústrias de fazer investimentos de risco também”, ressalta.

Fredson mostrou-se preocupado com o último índice de cidades empreendedoras, divulgados em 2017, pela Endeavor, que a partir de 60 indicadores, deixou Manaus em último lugar no ranking. “Tudo isso nos preocupa, porque esse resultado também serve para levar os empreendedores a entender onde estão as melhores oportunidades e pensar onde desejam realmente fixar suas bases”, disse.

Inovar é preciso

Para Encarnação, a maior ameaça para uma aceleradora é o pensamento ultrapassado, e com o decorrer dos anos ele busca junto com o seus colaboradores diferentes maneiras de modificar e ampliar o negócio. “Se em outras áreas a obsolescência é grande na nossa esta ameaça é maior ainda, pois trabalhamos com tecnologia e inovação, ou seja, temos que estar atentos a este cenário participando ativamente deste contexto”, comenta.

O maior desafio da empresa hoje, é tornar os próprios produtos em negócios à parte, com o conceito de spin-off (quando uma empresa nasce a partir de outra), além de levar o conceito de aceleração de startups para o mercado corporativo com o intuito de aumentar a produtividade, economia e integração de processos, sempre com foco no cliente.

“Nosso setor se caracteriza ainda por uma intensa corrida por quebra de paradigmas e basta ver quem está se estabelecendo como as grandes marcas nos últimos cinco anos. O desafio é grande e precisa receber mais atenção dos empresários, investidores, empreendedores e das políticas públicas”, explicou.

Incubadora

Uma das incubadoras mais antigas de Manaus, a Ayty Incubadora de empresas do Ifam (Instituto Federal do Amazonas), é um espaço que opera desde 2003, e tem oferecido suporte gerencial e tecnológico para muitas startups que almejam ingressar e se consolidar no mundo dos negócios.

De acordo com a gestora sistêmica e coordenadora-geral de empreendedorismo da incubadora, Maria Goretti Falcão de Araújo, desde a sua fundação, foram mais de 20 empresas que receberam suporte e tiveram seus projetos facilitados no meio empresarial, científico, tecnológico e financeiro.

A gestora explicou, que o objetivo em oferecer a estrutura para o trabalho autônomo e criativo, tem alavancado muitas startups que atualmente atuam como empresas de forma significativa no mercado, com geração de emprego e renda a muitos profissionais. “O trabalho que temos realizado tem sido essencial para promover a geração de emprego e renda na Região. Além de apoiar empresas nascentes que precisam desse suporte para seu desenvolvimento, temos presenciado que muitas delas tem dado o retorno à sociedade com projetos inovadores e diferenciado. Muitos estudantes e profissionais da cidade com ideias diferenciadas no meio tecnológico tem surgido”, disse.

Por abrigar empresas de base tecnológica, na criação de soluções inteligentes, a Ayty é a segunda incubadora do Estado a ser credenciada no Capda (Comitê das Atividades de Pesquisa e Desenvolvimento da Amazônia). Suas atividades têm ajudado as empresas incubada, a realizar trabalho de pesquisa e desenvolvimento, que as possibilitam participar de projetos em parceria com as empresas do PIM (Polo Industrial de Manaus). Esses trabalhos ajudam essas startups a receberem os benefícios dos recursos previstos pela Lei da Informática para a ZFM e Lei do Bem que trata de P&D. “Estes resultados ao mesmo tempo em que atestam a viabilidade de se investir em inovação, fazem com que se vislumbre um futuro de oportunidades que devem ser aproveitadas”, concluiu.

Interactive: de startup a Instituto de Tecnologia

Ao longo de sua existência, o papel da Ayty foi mobilizar interessados, promover capacitações, consultorias e outros eventos de inovação, realizar parcerias com outras entidades de apoio ao empreendedorismo e instituições de ensino e cooperar com organismos internacionais, tendo como foco o desenvolvimento de startups.

E um dos cases de sucesso da incubadora, foi a startup Interactive, criada em 2014 pelo desenvolvedor de software, Ronaldo Fonseca da Silva Júnior. A princípio, a ideia era a criação de uma fábrica de software que deu início a toda trajetória de sucesso da companhia.

O crescimento foi tão grande, que a pequena sala localizada no bairro do Dom Pedro, que no início comportava 6 pessoas teve que ser ampliada. Segundo Ronaldo, a capacidade de produção da empresa e o grande número de demanda a ser atendida foi tão grande, que ele teve que contratar mais colaboradores para atuarem no processo. No auge da sua atuação no mercado em 2016, a empresa já comportava 70 funcionários na sua equipe.

“A Ayty foi fundamental na nossa caminhada. Com o tempo começamos a receber várias demandas de empresas tivemos que aumentar o nosso time. A nossa estrutura não conseguiu suportar esse crescimento. Só temos agradecer”, disse.

Para a coordenadora, o crescimento da startup só confirma o potencial que a cidade tem em revelar grande empreendedores com ideias tecnológicas de inovação. “Esse é o objetivo maior da incubadora: empresa graduada com sucesso no mercado. A alegria é imensa. Sentimos o dever cumprido”, afirmou Goretti.

Ano passado, a Interactive passou a atuar como instituto voltado para o ensino, pesquisa e desenvolvimento nas áreas de hardwares, software, treinamento, capacitação tecnológica e biotecnologia. Além de desenvolver diversos produtos, voltados para cidades inteligente (Smart City), para o governo, iniciativa privada e sistema de gestão empresarial ERP (Enterprise Resource Planning, ou Planejamento dos Recursos da Empresa).

Hoje ela opera em um prédio bem localizado no bairro da Praça 14, onde foi planejado e criado cada detalhe para a atuação dos seus 32 colaboradores.

Hoje, o instituto é uma das referências em desenvolvimento de projetos de automação, realidade virtual, produção de jogos e sistematização de processos.

De acordo com Fonseca, o objetivo foi criar um ambiente voltado para a criação de solução em tecnologia e conhecimento.

“Possuímos uma equipe multidisciplinar de especialistas, mestres e doutores que trabalham diretamente para gerar resultados para nossos parceiros. Projetamos uma boa expectativa para o futuro e contribuir com trabalhos para as próximas gerações”, disse.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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