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Manaus 350 anos

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Tempo de festa. Tempo de consultar e abastecer nossa memória. Hora de, antes de mais nada, prestar justa homenagem àquele que “me empresta” suas páginas para tornar públicos os meus sonhos e dons, o nosso “Jornal do Commercio”, em sua secular atividade de melhor informar o povo amazonense e engrandecer o jornalismo na cidade de Manaus, fazendo emergir das pradarias do tempo os Barés e Manaós que, irmanados aos “turistas” que aqui fincaram pé e criaram raízes, construíram a Manaus de hoje, comemorando 350 anos de existência.

Momento de falar de todas as coisas acontecidas em tão prolongado período, utilizando o curto espaço físico destinado para tal é tarefa quase impossível de se cumprir. Pincelar fatos e situações transforma a incumbência em algo relativamente fácil, se abraçarmos o que nos resta de forças, “dando tratos” à nossa memória e aos nossos dons, que insistem em não nos abandonar solitários em nossa jornada.

Que venham das luzes do saber os nomes dos grandes poetas, de Thiago de Mello a Milton Hatoum, passando por Elson Farias, Márcio Souza, Abrahim Baze e Tenório Telles que, dentre tantos outros nomes daqui ausentes, mas de igual importância, representam a literatura e a cultura deste riquíssimo rincão brasileiro. para ousarmos, em tímida homenagem, seguir os seus passos. 

É tempo de falar das nossas riquezas. Fazer emergir das profundezas da terra o ouro, o nióbio, o petróleo, o diamante e o grafeno, representantes da vastidão de preciosidades do nosso subsolo, cobiçados pelas nações ditas desenvolvidas, empobrecidas em suas mazelas e ganância colonialista. 

É hora, porém, de falar do tambaqui, do pirarucu, do tucunaré, do boto vermelho, da onça pintada, dos carapanãs, da cobra grande, das cheias e vazantes, das queimadas, das doenças intertropicais e de todas as outras mazelas do povo ribeirinho, mantido na escravidão do desconhecimento e do descaso, por gerações e gerações, exatamente por aqueles que, hoje, se apresentam como libertadores.

É momento de propalar ao brasileiro menos informado sobre a imensidão dos lençóis d’água escondidos nas raízes da floresta encantada, assim mantida verdejante pela invasão das partículas de água trazidas do Oceano Atlântico pelos ventos Alíseos, confluentes no Equador Verdadeiro, rasgando a terra de Este para Oeste para inundar permanentemente toda a extensão territorial com alto teor de umidade.

É hora de recordar a imensidão dos sessenta e dois Municípios componentes do Estado do Amazonas, cujas águas produtivas desaguam na Capital Manaus, cada um deles com suas particularidades e peculiaridades, subindo o Amazonas ou descendo o Solimões, robustecidos por seus afluentes principais Juruá, Purus, Madeira e Negro, além de outras Estradas de Caboclo, representadas por rios de menor conhecimento geral e dos misteriosos igarapés, rasgando a floresta virgem para desaguar no corpo bíblico da videira mãe, como se braços fossem, trazendo integração e vida comunitária, os sabores da Terra, o folclore nativo e a beleza incomparável de sua biodiversidade.    

Esta é a Terra dos Barés e Manaós, da grandiosidade do imprescindível Polo Industrial, necessário para o desenvolvimento local. Assim é Manaus em 350 anos de vida: da opulência, das obras e peças de arte do Teatro Amazonas, em viva imagem de engenharia e arquitetura, objeto e palco da Cultura e do Turismo. 

Manaus, cujo corpo acolhedor empresta forças aos Municípios de Norte a Sul, Este a Oeste do Estado, particularmente à festa do Padroeiro Santo Antônio de Borba, às Festas do Guaraná, em Maués e do cupuaçu, em Presidente Figueiredo; ao Festival de Música, em Itacoatiara e à Ciranda de Manacapuru, trazida rio abaixo de suas origens, em Tefé, até chegar à Terra da Flor Matizada. Chegando a Parintins, Terra dos Bumbás, Manaus se fez parceira indispensável dos mistérios do Festival Folclórico, permanentemente incansável na arte de promover e fortalecer aquele ente cultural que se transformou no tempo e invadiu os olhares do mundo.

Esta a nossa Manaus: do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, trazendo turistas; da Praça da Polícia, ponto de convergência comercial da Zona Franca de Manaus; dos Museus; dos portos nas escadas barrentas dos rios, acolhendo um mundo de balsas repletas dos mais variados produtos e equipamentos; da Academia Amazonense de Letras; do Calçadão; do Bar do Armando; da Catedral Mater de Nossa Senhora da Conceição e das Paróquias de Nossa Senhora de Nazaré e de São Sebastião; do Encontro das Águas; das Indústrias que acreditaram no potencial do Estado; dos restaurantes, dos bares e das biroscas, oferecendo comidas típicas regionais; dos grandes Supermercados e da Manaus Moderna, transitando do sofisticado ao rudimentar nos caminhos da boa alimentação.

Manaus. Terra dos Barés e Manaós. Lugar que faz surgir, das profundezas dos seus mistérios e lendas, um povo humilde e acolhedor que abraça os visitantes de outros sertões do país com o sorriso da fraternidade, cativando-os e os fazendo aqui permanecer para, na data comemorativa dos seus 350 anos de existência, reverenciá-la e, a um só tempo, reconhecer o papel por ela desempenhado no ontem, no hoje e no sempre do grandioso Estado do Amazonas e do nosso querido e amado Brasil.

Manaus 2019. Parabéns.  

João Suzano

é escritor
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