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Mais nomes “brilhando” fora da inadimplência

A CDL-Manaus (Câmara de Dirigentes Lojistas de Manaus) conseguiu tirar mais consumidores do Amazonas da lista vermelha do SPC Brasil, em 2021. A edição mais recente da campanha “Limpe seu crédito, faça seu nome brilhar” conseguiu positivar 47 mil cadastros, no último bimestre do exercício anterior. O contingente de pessoas aptas novamente a adquirir crédito e comprar no comércio local foi significativamente maior do que os registrados em 2020 (20 mil) e em 2019 (26 mil) –último ano anterior à pandemia. 

Com isso, o número de cadastros de amazonenses inscritos no Serviço de Proteção ao Crédito caiu para 345 mil, no final do ano passado. Mas, a despeito do resultado mais encorpado, os números ainda ficaram aquém da meta estipulada pela entidade classista, divulgada em coletiva de imprensa. A projeção inicial era limpar o nome de 20 mil consumidores, em novembro, e atingir praticamente o dobro desse patamar (38 mil), em dezembro, totalizando 58 mil positivados, no encerramento de 2021.

Para o presidente da CDL-Manaus, Ralph Assayag, a iniciativa foi um sucesso, não apenas pelos seus resultados, mas também pela capacidade de somar esforços. “Em novembro, saíram mais de 19.900 pessoas do SPC. Em dezembro, conseguimos mais 27 mil, dando um total de praticamente 47 mil. Não conseguimos os 58 mil, mas aproximou muito. A campanha trouxe outros órgãos também, e mesmo aqueles que não eram associados, com o poder Judiciário. Todos ficaram imbuídos do mesmo propósito, foram para cima e negociaram”, comemorou. 

Assayag ressalta que a taxa de adesão entre os associados (mais de 1.500 empresas) aumentou significativamente, em relação a 2020 (800) e 2019 (1.150), Os esforços incluíram a extensão da participação da Amazonas Energia no interior, e a entrada da Águas de Manaus nas fileiras da campanha, além do acréscimo de novos parceiros. “Trouxemos a concorrência junto, que fez a mesma coisa. O resultado da onda que nós criamos ajudou muita gente a limpar seu nome. Tenho que agradecer a todos da imprensa que divulgaram a campanha, como também aos clientes que negociaram e aos lojistas que tiraram juros e multas, negociando da melhor maneira possível”, frisou.  

Anos difíceis

O dirigente lembra que o cenário dos dois anos anteriores já se mostrava turbulento para os índices de inadimplência no Amazonas. E lembra que a crise da Covid-19 fez a quantidade de devedores do comércio e serviços do Amazonas explodir, a partir de 2020, período em que a taxa disparou de 3,1% para 4,8%, sendo este o maior número em 15 anos. Com o refluxo da pandemia, o percentual de dívidas atrasadas no comércio reduziu passo, mas seguiu elevado no ano passado (3,9%), situando-se acima da média histórica (3,2%). 

Dados fornecidos pela entidade informam que a parte majoritária das dívidas atrasadas nas empresas de comércio e serviços do Amazonas ainda dizia respeito a cifras menores, embora significativas para um mercado de massa salarial em queda. No corte por valores, metade dos débitos eram de até R$ 1.500. Em torno de 20% dos devedores estão pendurados por compromissos de R$ 1.500,01 a R$ 5.000, enquanto os 30% devem mais do que R$ 5.000,01. 

De acordo com Assayag, a campanha já vinha colhendo frutos antes da pandemia, tendo registrado um resultado “muito bom”, em 2019. O Amazonas encerrou aquele ano com taxa de inadimplência de 3,1%, marca bem próxima à meta da CDL-Manaus (2,9%), e bem abaixo da média brasileira (4,8%). “Começamos o ano com 335 mil inadimplentes e, com a movimentação de pessoas entrando e saindo, chegamos a 5 de novembro com 20 mil a mais, em um ano bom. Com a campanha, tiramos 26 mil pessoas do cadastro negativo. Fechamos 2019 com 329 mil inadimplentes”, lembrou.

Em 2020, no entanto, a pandemia inflou as estatísticas de inadimplência no Estado, em paralelo com a queda nas vendas, especialmente nos períodos de fechamento e de limitações de horários e capacidade de atendimento presencial determinados pelos decretos governamentais. Como resultado, a taxa de inadimplência do Estado foi a 4,8%, na maior marca histórica dos últimos 15 anos –embora ainda abaixo da média brasileira capturada no mesmo período (7,2%). 

A partir de abril de 2021, o indicador perdeu força, em paralelo com o avanço da vacinação e com o refluxo das estatísticas da pandemia e a reabertura das lojas. Mas as dificuldades econômicas impostas por uma inflação galopante, juros em alta e mercado de trabalho reagindo aquém do necessário, mantiveram a inadimplência a uma taxa de 3,9% –acima da média histórica do Estado (3,2%) e ainda aquém do dado nacional (6,8%).

“Começamos 2020 com 329 mil, mas tivemos 51 mil negativados a mais. Muitas pessoas foram demitidas e isso atrapalhou muito, levando o número de cadastros a 380 mil. A campanha conseguiu tirar 20 mil pessoas dessa lista. Mas, foi um número muito pequeno e acabamos chegando aos 360 mil, na virada do ano. Em 2021, a movimentação de entradas e saídas diminuiu, mas mesmo assim foi alta e tivemos mais 45 mil inadimplentes”, resumiu. 

Pandemia e eleições

Durante a coletiva de imprensa realizada para o lançamento da campanha, o presidente da CDL-Manaus argumentou que a redução da taxa de inadimplência possibilita ao setor reduzir seus preços, além de propiciar a melhora na autoestima do consumidor até então em débito com os lojistas e prestadores de serviços do Amazonas. No entendimento do comerciante, o empurrão da campanha seria decisivo em meio à entrada em operação de mais 15 lojas de médio porte no Estado, além da injeção de dinheiro por benefícios diversos –especialmente o 13º salário de várias categorias.

O dirigente admitiu, no entanto, que ainda não seria possível retornar ao cenário pré-pandêmico de 2019, mas seria melhor do que o de 2020, possibilitando ao setor “iniciar o ano”.  Indagado sobre as expectativas em relação ao comportamento da taxa de inadimplência nos próximos meses, em meio a um a cenário econômico adverso e de sazonalidade negativa, e com o consumidor já sem 13º e com volume maior de dívidas a pagar, Ralph Assayag assinalou que o cenário está muito turvo para permitir projeções. Especialmente com o retorno do Estado à fase vermelha de transmissão da pandemia, e da consequente reentrada da crise da Covid-19 no horizonte do varejo amazonense.

“É muito difícil de antecipar o que vai acontecer no futuro. Está uma loucura e, a cada momento, tem uma situação diferente do governo federal, do governo estadual. Então, é muito complicado saber o que vai acontecer, desde a criação de empregos à abertura de novas lojas. Covid, que já deveria ter acabado, começou tudo de novo. Esperamos que isso tudo passe. Não é fácil prever qualquer coisa também em um ano que tem eleição, e uma disputa polarizada. Não deveria ser assim, mas vamos em frente”, encerrou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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