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Mais perto da calmaria

No final de outubro do ano passado, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou uma taxa de desemprego de 9% nas seis principais regiões metropolitanas, o menor patamar registrado desde 1997. Mesmo sendo animadora, a notícia pede uma cautelosa reflexão e, mais, recomenda a adoção imediata de algumas medidas para assegurar a sustentabilidade do crescimento da economia, no que ser refere ao capital humano. Basta lembrar que, mesmo nos períodos mais cinzentos dos últimos onze anos quando a taxa de desemprego rondava os 20%, as agências de colocação não raro enfrentavam dificuldades para preencher vagas que exigiam profissionais mais qualificados – situação que não é difícil de entender, dadas as graves deficiências do ensino brasileiro. As empresas já estão se ressentindo dessa situação, com vários casos pipocando na imprensa. Um exemplo é o caso da Companhia Vale do Rio Doce, que teve de “importar” engenheiros para atender suas necessidades de produção – aliás, em entrevista à revista Agitação, editada pelo CIEE, Lino Gilberto da Silva, coordenador da Comissão de Educação e Atribuições Profissionais do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), afirmou que em cinco anos os profissionais dessa área serão ainda mais escassos.
O descompasso entre a formação oferecida pelas universidades e as exigências do mercado de trabalho nunca se fez sentir tão agudamente, a ponto de levar algumas poderosas empresas de ponta a se antecipar e adotar soluções inventivas para formar uma massa crítica de talentos aptos a fazer frente aos profissionais de países como Canadá, França e Índia. A Embraer e a Petrobrás se aproximaram do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e das Universidades Federal e Estadual do Rio de Janeiro, para criar cursos de especialização, voltados a recém-formados e que duram de sete meses a dois anos, com aulas sempre ministradas a quatro mãos por professores e técnicos. Os alunos recebem bolsas de estudo para se manter até a conclusão, quando são efetivados.
Essa solução só é parcialmente inovadora, pois tem ponto de semelhança com o estágio, prática que possibilita ao aluno complementar sua formação teórica com a prática em ambiente real de trabalho, prática essa remunerada com uma bolsa-auxílio que o ajuda a pagar as despesas escolares. O jovem que, antes da sua graduação, souber superar as deficiências do aprendizado acadêmico sairá na frente pela disputa de um bom lugar no mercado de trabalho, graças aos novos conhecimentos que adquiriu e às habilidades e posturas profissionais que desenvolveu no estágio. É bom ficar alerta, pois sinais da calmaria já aparecem no horizonte, mas só valerão para quem se preparou.

LUIZ GONZAGA BERTELLI é presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE, da Academia Paulista de História – APH e diretor da Fiesp.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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