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Mais de 40 lojas são fechadas no Centro em razão das cheias

Um balanço divulgado pela CDL-Manaus, dá a real dimensão dos efeitos das cheias na economia, especialmente, no comércio do Centro da cidade. Ao menos 264 lojas na região central de Manaus, sentem os efeitos da enchente, 42 suspenderam o seu funcionamento. Entre os estabelecimentos mais atingidos e que precisaram fechar as portas estão os que atuam na área da feira  da Manaus Moderna. 

A situação coincide, com números do SGB-CPRM (Serviço Geológico do Brasil), divulgados nesta segunda-feira (31), indicando que o rio chegou a marca de 29,97 metros, igualando a cota recorde da cheia no Estado em  2012. 

O Jornal do Commercio conversou com alguns comerciantes sobre os reflexos da subida das águas nas ruas do Centro da capital nas proximidades da Manaus Moderna. Na ocasião, o grande desafio era tentar manter o fluxo dos clientes para compensar as perdas que já vinham sentindo em razão da pandemia de Covid 19. O que foi inevitável, porque a queda no movimento já chega a mais de 40%. 

“Todos os anos é a mesma coisa. Nos surpreendeu porque o comportamento do rio este ano está diferente. A subida está num ritmo bastante acelerado. Alguns colegas precisaram fechar tudo. Dispensar funcionários. Com a queda no movimento é só prejuízo manter aberto”, conta um comerciante que prefere não se identificar.

O comerciante Aluizio Mato Grosso, que atua no ramo de temperos, já demonstrava preocupação no início de maio quando as ruas da área começaram a ser interditadas pela Defesa Civil. “Além do impacto no fluxo dos clientes, ele destaca que a carga e descarga de mercadorias foram afetadas porque não tem condições de estacionar para fazer abastecer. “É bem difícil essa situação ainda mais num ano de pandemia. Não tem como os clientes circularem normalmente pela área alagada”, comentou, informando que os custos para manter a loja aberta foram altos porque precisou investir em marombas. “Muita gente fechou tudo”. 

Um total de 42 estabelecimentos suspenderam o seu funcionamento – Foto: Divulgação

Medidas de contenção 

O presidente da CDL-Manaus Ralph Assayag informou que  tem buscado apoio dos vereadores para minimizar os prejuízos da classe. “Uma das medidas é que os lojistas que tiveram seus estabelecimentos atingidos tenham  isenção no IPTU a fim de minimizar os impactos. Evitando assim demissões”. 

De acordo com Assayag, a proposta é criar uma comissão na CMM (Câmara Municipal de Manaus) para analisar a pauta. Ele reforça ainda que foi feito um pedido grande em relação às construções de passarelas e a prefeitura prontamente atendeu. “Em 2012 não tivemos isso”. Ele informou ainda que os coletivos que acessam a rua Floriano Peixoto vão parar porque estão com problemas no motores devido a altura das águas. 

“Sugerimos ao prefeito que assim que for descendo o nível das águas em milímetros os ônibus retornem a sua totalidade. É uma das medidas realizadas pela prefeitura na contenção de ônibus para amenizar o problema no trânsito daquela região”. 

Tendência de estabilidade

No terceiro e último Alerta de Cheias de Manaus para 2021, o SGB-CPRM as chances do comportamento do rio chegar a atingir a marca de 30 metros é de 80%. Mas ao mesmo tempo, o chamado repiquete deve ocorrer nas próximas semanas.

Segundo Luna Gripp, pesquisadora do SGB-CPRM, o padrão de cheias observado no estado como um todo foi ocasionado por um volume de chuvas muito acima do esperado em janeiro e fevereiro. “Em termos de prognóstico, o pico da cheia em Manaus deve se manter próximo aos 30 metros. O rio Solimões, na cidade de Manacapuru (AM), deve atingir um nível próximo aos 20,78 m, também cheia recorde no município. Já em Itacoatiara (AM), o rio Amazonas tem seu pico previsto em torno de 15,22 metros”. 

As previsões apresentadas consideram um nível de 80% de probabilidade, podendo variar em torno de 2 cm, para cima ou para baixo, ao redor do valor médio previsto. Como o nível dos rios já se encontram próximos a esses valores, as previsões indicam, portanto, a estabilidade das águas. A pesquisadora ressalta que as pequenas variações observadas no nível dos rios ao longo dos últimos dias, da ordem de 1 ou 2 cm, são praticamente irrelevantes se comparadas à magnitude dos rios analisados e não afetam significativamente os impactos associados ao evento de inundação que já estão instalados.

“Há uma grande probabilidade de que o fenômeno de inundação em 2021 esteja chegando ao fim, mas mesmo com os rios estabilizados, a redução dos níveis é lenta e gradual”, afirma a pesquisadora. Ou seja, os impactos associados às inundações atuais devem se estender ainda pelas próximas semanas. Sobre a possibilidade de um repiquete, situação em que o rio começa a descer, e depois volta a subir, a pesquisadora afirma que no cenário atual não há nada que indique grandes possibilidades de ocorrência do fenômeno. “Considerando as previsões de chuvas e as precipitações observadas até agora, além do comportamento dos rios nas cabeceiras, é improvável que venhamos a ter um repiquete como o que ocorreu em 2009”, explica.

O padrão de inundações severas atualmente observado confirma as previsões apresentadas durante os alertas anteriores. O primeiro alerta, realizado ao final do mês de março, já indicava as grandes probabilidades de se observar uma cheia de grandes magnitudes ao longo de 2021. Ainda mais assertivo, o segundo Alerta de Cheias apresentou uma previsão de que as cheias observadas estariam entre as maiores da história de monitoramento, fato que vem se confirmando.

Foto/Destaque: Márcio Melo / Seminf

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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