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Mais de 100 mil desistiram de buscar emprego no Amazonas

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O Amazonas fechou 2019 com 102 mil trabalhadores que simplesmente desistiram de buscar emprego, por falta de esperanças de conseguir. A quantidade de amazonenses desalentados corresponde a 3,37% do 3,025 milhões de habitantes do Estado com 14 anos ou mais e aptos a trabalhar – de um total de mais de 4 milhões. A informação está na mais recente PNAD Contínua Trimestral, divulgada pelo IBGE na semana passada.

Apenas 62,88% do contingente apto estava efetivamente na força de trabalho (1,902 milhão). Desse total, 87,12% respondiam por alguma ocupação (1,657 milhão), sendo que 7,12% (118 mil) estavam subocupados por insuficiência de horas trabalhadas – contra 123 mil no trimestre passado e 96 mil no mesmo período de 2018. Em Manaus, 57 mil trabalhadores estavam nessa situação, mesmo número registrado na sondagem anterior, mas bem superior à subutilização de mão de obra um ano antes (39 mil). 

Entre os 1,122 milhão de amazonenses oficialmente fora do mercado entre outubro e dezembro do ano passado, 15,60% (175 mil) correspondiam à força de trabalho potencial. Os trabalhadores locais que estão na fase de desalento – dadas as dificuldades de obter uma colocação no mercado e os custos para busca-la – correspondem à maioria mais que absoluta (58,28%) desse subgrupo. Em torno de 73 mil pessoas que viviam nessa condição no Amazonas ainda buscavam uma oportunidade profissional.

A taxa de subutilização da mão de obra, por outro lado, se manteve elevada e chegou a 25,9% no Amazonas, no último trimestre do ano anterior. A capital (25,2%) e a Região Metropolitana de Manaus (24,7%) tiveram desempenhos pouco melhores. Os percentuais foram mais baixos do que os do trimestre antecedente – 27,2%, 26,5% e 26,1%, respectivamente – e dos apresentados entre outubro/dezembro de 2018 – 27,6%, 26,3% e 26,1%. Os números locais de desocupação passaram a superar os 20% a partir do primeiro trimestre de 2016 e se situam nessa marca até hoje. 

Primeiro emprego

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, lembra que, em termos técnicos, o grupo dos desalentados está inserido na mão de obra potencial não empregada e que já desistiu de procurar uma colocação no mercado de trabalho local, por vários motivos – incluindo a dificuldade de ser admitido, ou mesmo o fato de alguém da família ter conseguido emprego.

“É normal que o desalento seja significativo em um ambiente de desemprego alto. E o grau de qualificação é um diferencial nesse cenário de um mercado de trabalho mais competitivo e exigente. As empresas sempre vão preferir contratar quem tem nível superior, no lugar de quem apenas terminou o nível médio. Jovens que estavam ou no primeiro emprego, ou que ainda tentam um, são os que mais sofrem, pela falta de experiência. Aqueles que têm mais idade e tempo de trabalho, buscam outras alternativas, inclusive o trabalho informal”, lamentou.

Mercado em transformação

Em relação à subutilização da mão de obra detectada pelo IBGE, a presidente da ABRH-AM (Associação Brasileira de Recursos Humanos do Amazonas), Katia Andrade, lembra que a economia ainda atravessa um ensaio de recuperação e que o mercado de trabalho, assim como sua legislação, passou por mudanças significativas nos últimos anos.

“O mercado está aquecendo e economia ainda está dando apenas sinais de recuperação. Isso se reflete no uso da capacidade instalada das empresas e nas horas trabalhadas. Outro dado relevante vem das mudanças da Reforma Trabalhista. Muita gente está trabalhando em home office, com prestação de serviços e por projetos, a exemplo de técnicos e consultores. Essa é uma tendência, pois nem todos trabalharão necessariamente oito horas por dia em uma mesma empresa”, ponderou.

Sobre o desalento, a presidente da ABRH-AM lamenta que muitos trabalhadores tenham dificuldades de renda até mesmo para o transporte, mas salienta que já há empresas bancando o translado para os processos produtivos. A dirigente ressalta, contudo, que o tempo que o profissional passa fora do mercado e seus esforços para se reciclar e qualificar também fazem diferença. 

“Muita gente com boa qualificação acabou tendo que sair, em função da crise. Aqueles que conseguiram se reciclar são os que têm menos dificuldade de conseguir uma oportunidade. Há ainda o fato de a tecnologia estar substituindo funções tradicionais e deixando espaços apenas para profissionais com diferenciais de criatividade e sensibilidade. E temos que observar também que muitos trabalhadores resolveram empreender em seu próprio negócio”, finalizou. 

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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