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Maioria dos candidatos nas eleições em Manaus não tem diploma

Maioria dos candidatos nas eleições em Manaus não tem diploma

Apenas 605 candidatos que vão disputar as eleições municipais em 15 de novembro em Manaus não têm ensino superior completo. Eles representam 47,3% das candidaturas registradas este ano, segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Já os que concluíram os cursos nesse nível de formação chegam a um total de 611 – são 44% dos registros. De acordo com o TSE, 17 candidatos informaram que leem e escrevem, mas não concluíram nenhuma das três fases do ensino – fundamental, médio e superior.

Em todo o País, 24% dos candidatos que disputarão o novo pleito têm curso superior completo. E  os que possuem só o ensino médio completo são 38%. Os que leem e escrevem são 3,1%, o equivalente a 17 mil candidaturas.

Segundo o TSE, entre as ocupações mais frequentes dos candidatos que concorrerão a uma das vagas nas eleições deste ano estão empresários (147), advogados (58) e policiais militares (43).

O cientista social Luiz Antônio Nascimento, professor da Ufam (Universidade Federal do Amazonas), avalia, porém, que a baixa qualificação não impacta negativamente na qualidade das eleições municipais deste ano.

 “Quando se fala que fulano é doutor, engenheiro, é como se ele recebesse naturalmente um prestígio, uma distinção valorativa. Quando se diz que alguém é analfabeto, você aplica uma distinção negativa”, afirma ele. “Mas veja, esse recorte de formação escolar é elitista, não permite que os trabalhadores pobres e que não tiveram acesso à educação façam política. E como se a política fosse só dos detentores de prestígio”, acrescenta o especialista.

Segundo Nascimento, existe hoje muito preconceito sobre a formação dos candidatos. E que essa discriminação começou muito antes da República, fruto de uma sociedade patriarcal e extremamente elitista.

Para ele, a avaliação dos candidatos deve ser feita por meio de suas propostas de governo e não pelos títulos acadêmicos. E cita o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não fez nenhuma faculdade e governou o Brasil por dois mandatos consecutivos, como a maior prova de que “não precisa ser doutor” para conduzir com eficácia os destinos de um país.

“Devemos procurar outras coisas, que tipo de compromisso e projeto que essas candidaturas representam. Quem está defendendo transporte público de qualidade? Quem está buscando mais espaços de sociabilidade das crianças em Manaus e outras demandas?”, argumenta.

Faixa etária

A maioria do eleitorado amazonense está hoje na faixa etária de 18 a 24 anos. Incluindo Amazonas, Roraima, Acre e Amapá eles representam 24% do total de jovens aptos a votar nas próximas eleições. No Pará, eles são 25%, segundo o TSE.

De acordo com o tribunal, a situação atípica causada pela pandemia de novo coronavírus impactou na emissão de novos títulos. Caso contrário, o total de jovens eleitores poderia alcançar marcas histórias em relação à última década.

Segundo o TSE, um em cada cinco eleitores habilitados para votar nas próximas eleições no Brasil é idoso. Hoje, já são 30 milhões de pessoas com mais de 60 anos, o que representa 20% do eleitorado brasileiro – o maior registrado desde 1992.

Até junho deste ano, o eleitorado do Amazonas chegou à marca de 2.503.211, com uma expansão de pouco mais de 75 mil eleitores comparado ao registrado nas últimas eleições. E houve um aumento de 3,093% nos últimos dois anos.

O cientista social Luiz Antônio Nascimento avalia que esse percentual de jovens eleitores não terá tanto peso no desfecho das eleições municipais no Estado. Fatores como condições econômicas, de extrema pobreza, e ainda o alto desemprego nessa população acabam impedindo um voto mais consciente,

“Para a maioria deles, não importa se um candidato vence ou perde. Sem perspectivas de vida, apenas cumprem o que determina a legislação, que é o voto obrigatório”, afirma Luiz Nascimento. E com os idosos acontece a mesma coisa, segundo ele. “É uma população desesperançada, desiludida, que vem acumulando muitas frustrações com o cenário político no País”, acrescenta.

Mulheres

As mulheres continuam sendo maioria no eleitorado amazonense. São 1.283.646 eleitoras e esse número representa 51,2% do total de eleitores do estado. O eleitorado do sexo masculino é composto por 1.219.524 eleitores – 48,7% do total.

Os eleitores alfabetizados são a maior parcela de eleitores do Amazonas. O grupo de eleitores alfabetizados concentra 94,4% do eleitorado do Estado. Enquanto o grupo de eleitores não alfabetizados tem 5,6% (140.189 eleitores) do eleitorado.

Nestas eleições, os idosos terão horário preferencial no dia da votação (das 7h às 10h), e as seções eleitorais devem adotar uma série de medidas para evitar a disseminação da Covid-19, como o uso do álcool em gel e as recomendações de levar a própria caneta e manter a distância de pelo menos 1 metro do outro eleitor na fila. Também é obrigatório usar máscara facial no local da votação.

A participação dos idosos no eleitorado brasileiro tem crescido nas últimas décadas. Em 1992, por exemplo, esse público representava 10% do eleitorado. Em 2000, era 13%. Em 2010, 15%. Nestas eleições, 20%.

Em números absolutos, a quantidade de eleitores idosos saltou de 9,5 milhões em 1992 para 30,2 milhões em 2020, segundo os dados do TSE, que podem apresentar diferenças em razão dos processos de atualização dos cadastros de eleitores.

E essa tendência observada entre os eleitores reflete o fenômeno da transição demográfica que o Brasil está vivendo, segundo o demógrafo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) Marcio Mitsuo Minamiguchi. E isso deve continuar até 2060, quando o Brasil poderá ter cerca de 30% de pessoas acima de 60 anos, segundo o instituto.

“O tamanho do eleitorado de idosos está intimamente ligado à estrutura da população. Os idosos são uma parcela bastante representativa da sociedade. O envelhecimento da população é reflexo do que chamamos de transição demográfica, que consiste na passagem de níveis mais altos para níveis baixos tanto de fecundidade quanto de mortalidade”, diz o demógrafo.

Marcelo Peres

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