Pesquisar
Close this search box.

Maestro Adelson Santos volta a reger a Orquestra de Violões do Amazonas

‘Um certo tempo depois’ foi uma das músicas de Adelson Santos lançada, em 1980, no seu primeiro LP (Long Play) e bem define seu retorno à regência da Ovam (Orquestra de Violões do Amazonas), no próximo dia 9, terça-feira, no Teatro Amazonas, às 20h, no evento ‘Homenagem ao maestro Adelson Santos’, 21 anos depois.

“Suspense total. Não sei o que dizer. 21 anos não são 21 dias, é óbvio. Embora o tempo do mundo tenha girado 21 vezes, eu me sinto estranho nisso tudo. Acho que plantei uma semente, mas sinto que não completei a obra. Estava só começando quando fui forçado a sair da regência por divergências. Fui embora para cuidar da vida, porque era necessário, sob pena de ficar regendo uma orquestra sem firmeza moral pra isso. Agora volto, nessa homenagem”, falou.

Orquestra de Violões, 21 anos de existência – Foto: Divulgação

A Orquestra de Violões surgiu a partir de pequenos grupos de violões que Adelson formava com seus alunos do Caua (Centro de Artes da Ufam). Os grupos contavam com sete ou oito violonistas, que se apresentavam com o maestro em vários eventos, em Manaus, inclusive no Teatro Amazonas.

“Tudo indica que alguém viu uma dessas apresentações e teve a ideia de ampliar para mais violonistas. Não houve nenhuma mágica nisso. O passo seguinte foi promover um concurso para 16 violonistas, o que foi feito já com a atuação da SEC (Secretaria de Cultura). Realizado o concurso, começamos a melhorar a técnica de cada músico como posição das mãos e dos dedos, toques com apoio e sem apoio, tocar falando o nome das notas, tocar contando os tempos do compasso e assim, depois de três meses de ensaios,  a orquestra estava pronta para estrear”, recordou.

A estreia da Ovam se deu no salão nobre do Ideal Clube.

Hora de recolher as mágoas 

“Achei que estava na hora de recolher as mágoas” – Foto: Divulgação

Adelson Santos já é um nome consagrado e respeitado no meio musical amazonense. Ele foi um dos integrantes da primeira banda de rock de Manaus, a ‘The Rock’s’, em 1967, porém, foi a partir de 1980 que o músico e compositor marcou seu nome no cenário musical baré quando lançou seu primeiro disco, cujas músicas, entre elas, ‘Um certo tempo depois’, não paravam de tocar nas rádios. Em 1982, novo LP, ‘Sonhos de voar’ e, em 1990, o terceiro trabalho com a amazônica ‘Não mate a mata’, quase um hino, que se tornou a cara de Adelson Santos.

“O convite para esta homenagem surgiu do violonista Neil Armstrong e do atual maestro da Ovam, Davi Nunes, quando me convidaram para fazer um programa de TV por conta do aniversário de 20 anos da orquestra. Nessa ocasião me formalizaram o convite. E como já se passaram 21 anos, achei que estava na hora de recolher as mágoas. Depois de 21 anos, estava até passando do tempo. É que em Manaus as homenagens demoram a chegar, não é mesmo?”, indagou. 

A Orquestra de Violões do Amazonas é formada por 16 violonistas e duas solistas femininas. Esse número segue uma proposta de dividir a sonoridade em quatro naipes: sopranos, contraltos, tenor e baixo.

“É a mesma estrutura de um grupo de vozes. Só que em vez de vozes, se ouve cordas de violões. Fica bonito e agradável para os ouvidos. Isto quando há uma boa aparelhagem de som para amplificar o som dos violões”, explicou.

No espetáculo do dia 9, o público poderá acompanhar as primeiras obras executadas pela orquestra e outras que marcaram a sua trajetória sobre a regência do maestro Adelson Santos.

Delírios sonoros

“Fiz a seleção de algumas músicas que tiveram boa aceitação no meu tempo de arranjador, quando eu administrava a orquestra”, adiantou. 

O programa será assim: seis músicas sob a regência de Adelson, ‘Tico tico no fubá’, de Zequinha de Abreu; ‘Lamentos’, de Pixinguinha; ‘Brasileirinho’, de Waldir Azevedo; ‘Baião fluvial’, ‘Carminhando’ e ‘Nordestinas’, de Adelson. 

Em seguida segue a programação com o maestro Davi regendo as duas solistas cantando ‘Sonhos de voar’ e ‘Dessana’, também de Adelson. Depois o maestro volta à regência para apresentar a mezzo soprano Lilian Oliveira, que vai cantar três músicas da sua atual safra de composições. Essas peças foram gravadas em estúdio para serem colocadas no Spotify tendo por acompanhantes, Bianca (contrabaixo), Noval Mello (percussão), e Walmir Safatli (flauta).

Para os interessados em serem futuros músicos na Ovam, Adelson Santos dá algumas dicas.

“É preciso ter talento nato, dedicação, e estudo permanente. Tudo isso e mais coragem, muita coragem para enfrentar a vida de músico. Nesse país não se vive de música e sim de delírios sonoros. Para atingir o status de estrela, tem que sair de Manaus e ir pros Estados Unidos tentar colocar seu nome na calçada da fama. Fora disso, só sobram delírios sonoros e muita fé”, finalizou.

O show ‘Homenagem ao maestro Adelson Santos’ terá 60 minutos de duração e é livre para todos os públicos.

Foto/Destaque: Divulgação

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar