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Luso Sporting Club irá completar 109 anos de existência

No próximo dia 1º de maio, por conta da pandemia, pelo segundo ano consecutivo, um dos mais tradicionais clubes de Manaus deixa de comemorar seu aniversário, o Luso Sporting Club. E festa portuguesa, já se sabe, é regada a muita comida típica, vinhos e dança.

“Mas em 2022, com certeza, teremos de volta as nossas festas e comemorações”, previu Flávio Grillo, presidente do clube que reúne portugueses, descendentes de portugueses e amantes da pátria-mãe do Brasil.

Flávio Grillo é presidente do clube que reúne portugueses, descendentes de portugueses e amantes da pátria-mãe do Brasil
Foto: Divulgação

A alegria de Flávio, que é filho e neto de portugueses, associado ao Luso desde 1976, foi grande quando, em 2019, recebeu o convite para presidir o clube. Só não imaginava que teria uma tristeza de igual tamanho em pouco tempo. Ele assumiu a presidência do Luso em 13 de março do ano passado e, no dia 16, em função da pandemia, teve que cerrar as portas da instituição para toda e qualquer atividade, pouco mais de um mês antes das comemorações dos 108 anos do clube. Desde então, o espaço permanece fechado e não irá comemorar seus 109 anos de existência.

“Nesses 45 anos em que sou associado, nunca tinha visto um ano sem que comemorássemos o aniversário do Luso, mas acredito que logo toda essa situação passará e voltaremos aos dias de festas e alegria”, disse.

Enquanto isso, agora que o coronavírus já não é mais uma grande ameaça para os manauaras, Flávio convida os lusófilos para irem conhecer a sede do clube e tomar um café bem brasileiro.

“Estou dando o meu expediente aqui na sede e aproveitei para fazer alguns reparos e restaurações necessários”, informou.

Foto clássica do Luso em seus primeiros anos, tirada por Silvino Santos
Foto: Divulgação

400 associados

Os aparelhos de ar-condicionado passaram por uma revisão geral, o salão de festas e os banheiros receberam reparos e um fato inusitado aconteceu durante o conserto do telhado.

“Tinha umas goteiras e o rapaz subiu para consertá-las. Voltou com duas telhas quebradas dizendo que teriam que ser substituídas. Qual não foi minha surpresa ao ver que as telhas tinham nelas gravados os nomes ‘Fábrica Cachetas – 1942’. Essa fábrica foi do meu avô Manoel Grillo. Senti uma emoção muito grande saber que meu avô, que frequentou muito o Luso, tinha deixado um pedaço de sua fábrica no clube”, lembrou.

Ano passado, no dia 1º de maio, com certeza, tristes em não poder comemorar com festa, os associados receberam apenas uma mensagem escrita por Flávio, o que deve se repetir este ano.

“Mas os associados podem ter certeza que seu clube está sendo muito bem tratado e, quando reabrir, como outrora, irá voltar a recebê-los com muito glamour”, assegurou.

Flávio orgulha-se em dizer que o Luso Sporting Club é praticamente o único dos clubes tradicionais de Manaus que consegue se manter graças às contribuições de seus associados. Mesmo com o prédio fechado, estes têm pago suas anuidades o que faz com que se mantenha sempre revigorado. Outro orgulho de Flávio é repetir o feito de seu tio, Américo Grillo, que também presidiu o clube de 1964 a 1968.

Atualmente o Luso possui 400 associados e continua aberto a receber os interessados. Destes 400, 300 são portugueses.

“No Norte, o Amazonas possui o maior Colégio Eleitoral de portugueses fora de Portugal, o que demonstra que nossos irmãos portugueses amaram e amam essa região”, destacou.

De braços abertos

Fundado em 1º de maio de 1912, numa cidade que tinha uma economia combalida devido o fim do comércio da borracha, o Luso resistiu a essa situação. O prédio surgiu em função de um time de futebol criado por um grupo de onze comerciantes portugueses sem muitos recursos, mas amantes desse esporte. A sede era a casa de Francisco Gomes Rodrigues, e lá continua até hoje. Em 1934 o time deixou de existir, mas o clube, enquanto espaço de diversão, se manteve, ampliando suas atividades.

O historiador Abrahim Baze, organizador do Museu do Luso, lembra que nas décadas de 1940, 50, 60 e 70, os bailes de Carnaval ‘Viva o Zé Pereira’, nas dependências do clube, eram dos mais concorridos na cidade.

“O fim dos bailes faz parte de um ciclo da história, caracterizado por uma sociedade de portugueses que imigraram para Manaus e envelheceram”, falou Abrahim.

Mas os novos portugueses que chegam a Manaus, e os descendentes dos mais antigos, têm um porto seguro no local.

“Sempre estaremos aqui para recebê-los de braços abertos, da mesma forma que quem é associado do Luso, recebe uma atenção especial dos portugueses quando viaja para aquele país”, lembrou.

Além da sede, à rua Monsenhor Coutinho, o Luso ainda possui um balneário, na BR 174, km 2, ainda fechado, aguardando autorização do governo estadual para reabrir.Além de 1º de maio, também são comemorados no local o 10 de junho, Dia de Portugal e, em dezembro, ocorre o jantar de confraternização da comunidade portuguesa. Quando o embaixador português visita Manaus, também é recebido com honras no Luso.       

Foto/Destaque: Divulgação

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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