O assessor especial do Pnud, Flávio Comim, explicou que a mortandade dos infectados estava superestimada, o que fez com que a revisão aumentasse a expectativa de vida média da população.
A renda per capita do brasileiro também subiu. Em 2004, o PIB (Produto Interno Bruto) per capita era de US$ 8.325, passando para US$ 8.402 no ano seguinte.
Para o cálculo do IDH de 2005, o Pnud utilizou dados relativos à educação do ano anterior. De acordo com Comim, isso foi feito porque a Unesco, que cede os dados para o cálculo, não havia recebido do governo brasileiro os números atualizados “por motivos burocráticos’’.
A taxa de matrículas –percentual de pessoas de 6 a 22 anos matriculados em escolas ou universidades– brasileira foi de 87,5% enquanto a de alfabetização dos adultos (acima de 15 anos) ficou em 88,6%.
Em 2005, a Albânia e a Arábia Saudita ultrapassaram o Brasil no ranking do IDH, e ocupam agora a 68ª e a 61ª posição, respectivamente. O Brasil, em compensação, ficou à frente da Dominica (71ª posição).
Países vizinhos do Brasil, porém, estão em melhor posição, como a Argentina (38ª), Chile (40ª) e Uruguai (46ª). A Islândia ocupa a primeira posição, com IDH de 0,968, seguida por Noruega, Austrália, Canadá e Irlanda. Em último lugar (177ª posição), com IDH de 0,336, está Serra Leoa.
Resultado comemorado
O presidente Lula comemorou o resultado apontado pelo relatório de Desenvolvimento Humano 2007-2008, divulgado pelo Pnud.
De acordo com o relatório, o Brasil entrou pela primeira vez no grupo de países considerados de alto desenvolvimento humano. “Todo governo que vier vai se sentir na obrigação de fazer o Brasil crescer um ponto no relatório. Todos (no atual governo) têm o compromisso de que o país vive um momento tão especial que nós poderemos nos dar ao luxo de dizer que ‘somos abençoados por Deus’”, disse Lula.
O presidente, entretanto, se queixou da pressão que os países pobres sofrem do FMI (Fundo Monetário Internacional) para que pensem primeiro no ajuste fiscal antes de resolverem problemas como a redução da pobreza.
“Nos países pobres, toda vez que um país pobre tenta colocar dinheiro para cuidar dos pobres, o FMI diz que é preciso cuidar do ajuste fiscal. Aqui nós provamos o contrário [adotando uma política fiscal e distribuição de renda]”, afirmou ele.
Lula reconheceu que o Brasil precisou fazer um forte ajuste fiscal. “Precisamos plantar muito, mas nós já fizemos uma boa semeadura. Nós não precisamos cometer nenhum erro que foi cometido no começo”.
O diretor de Desenvolvi-mento Humano do Pnud, Kevin Watkins, elogiou Lula, mas lembrou que a “dívida social não está plenamente resgatada”. Segundo Watkins, os programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, contribuíram para a melhoria no IDH brasileiro.
O administrador do Pnud, Kemal Davis, afirmou que o “mundo não precisa de recursos financeiros nem da capacidade para desenvolver tecnologia para agir. “O que está faltando é um senso de urgência, de solidariedade humana e interesse coletivo”.
O presidente desafiou os coordenadores do estudo a retornarem ao Brasil em 2012 e verificarem os avanços alcançados pelo país. Segundo ele, a determinação nos próximos anos será a de melhorar ainda mais os dados do IDH.